Como substituir os agrotóxicos sem perder a produtividade no agronegócio?
“Entretanto, tem havido no Brasil número crescente, embora relativamente pequeno, de produtores de grãos que têm sido capazes de produzir de forma mais racional, com menor quantidade de químicos, priorizando a saúde do solo através de práticas como compostagem, plantio direto, utilização de inoculantes, dentre outras, além da priorização dos produtos biológicos para o manejo de pragas”, comenta ele.
“Pensar que os próprios agrotóxicos são frutos de pesquisa, de inúmeros testes, seria injusto com moléculas biológicas, como os biodefensivos, não terem esse tempo de pesquisa, de experimentação. Temos exemplos históricos. A própria penicilina é um produto biológico que acabou depois sendo sintetizado comercialmente”, lembra ele em entrevista concedida à Sputnik Brasil.
Biodefensores e bioestimulantes
“A Câmara aprovou o projeto de lei PL6299, chamado de Pacote do Veneno, por pressão da bancada ruralista e da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) que buscava manter os benefícios dos insumos para produção de alimentos, já que não existiam até o momento alternativas no mercado de produtos com baixa ou nenhuma toxicidade e sustentáveis”, cita o deputado.
“A questão é que até pouco tempo não existiam incentivos para esse setor industrial. É fundamental que empresas como Bayer, Basf, entre outras, invistam nos parques fabris para realizar essas mudanças positivas e necessárias para a humanidade e o meio ambiente”, opina Otto Filho.
Se é um setor tão promissor, por que grandes indústrias não investem em pesquisa?
“Porque tem a ver também com a questão do patenteamento. O produto biológico é mais difícil de patentear pois é de origem natural. Você só pode patentear o processo de obtenção dele. qualquer mudança nesse processo foge do patenteamento. A empresa não poderia cobrar sobre essa patente”.
Algas calcárias, fungos e bactérias
“Os resultados são sempre muito variáveis e existem poucos produtos registrados no mercado, muitos são comercializados de forma muito artesanal. Existem estudos que mostram a viabilidade de cultivos marinhos com esta alga, mas tudo ainda no campo da pesquisa e especulação”, comenta o integrante da Embrapa.
Agricultura familiar: chave para o sucesso dos bioinsumos
“A agricultura familiar na Bahia, por exemplo, está sendo muito fortalecida e aí tem editais específicos para isso, com pesquisas mais aplicada à produção dessas moléculas descobertas e produção desses produtos naturais com biodefensivo”, exemplifica ele.
“Se houver investimento público em pesquisa e conscientização, a balança pode pesar mais para esses produtos em até uma década. Com o fortalecimento da agricultura familiar, das universidades, que estão se recuperando de um período sem investimento, de cinco a dez anos, podemos ter esse setor ocupando espaços com grande força”, conclui o professor.
Fonte: sputniknewsbrasil