Como está a tecnologia no Brasil atualmente?
Qual é a posição do Brasil no desenvolvimento tecnológico?
“Essa é uma das primeiras razões por que a tecnologia interna brasileira não é aproveitada. O segundo motivo é que elas [empresas] já querem tecnologias que tenham economia de escala, ou seja, […] produzidas em grande quantidade. E isso impede que elas arrisquem, vamos dizer assim, tecnologias locais que estão começando.”
“Há certo bloqueio. É interessante politicamente que essas tecnologias novas não sejam desenvolvidas nos países concorrentes dos Estados Unidos, como o Brasil. Então há certo bloqueio político em relação à aplicação dessa tecnologia brasileira, é um elemento geopolítico.”
Qual o poder das empresas multinacionais?
“As empresas [estrangeiras] se comprometiam num percentual muito alto a reinvestir os lucros obtidos na China. Então […] esses fatores permitiram a capacidade de reinvestimento de inovação muito alta. Hoje a China é o principal país no registro de patentes. […] essa [escolha] foi central, foi uma escolha política, um processo de controle político dessa capacidade de inovação.”
Qual o papel do Estado brasileiro no tema da inovação?
“Existe uma pesquisadora chamada Mariana Mazzucato, que escreveu [o livro] “O Estado empreendedor”, e mostra que, inclusive nos Estados Unidos, em todas essas tecnologias que nós achamos hoje muito comuns, a presença do Estado foi central em mais de 90% para que elas existissem. Então é uma escolha política pelo desenvolvimento. No Brasil, os processos políticos são dominados a partir dos interesses de fora, e isso determina um processo de dependência e subserviência local.”
“Você vê o caso do jato Gripen que o Brasil compra da Suécia. Como houve um acordo, uma cláusula de repasse da tecnologia, isso acaba criando uma série de empresas que vão oferecer componentes internos do Gripen. Ele tem um grau de nacionalização e de independência da indústria local, inclusive com as encomendas posteriores sendo montadas em fábrica brasileira. Então você cria uma série de empresas associadas a um produto inicial, e essa associação de empresas cria todo um setor em camadas, como se fosse um prédio.”
Universidades e políticas de incentivo à inovação tecnológica no Brasil
Qual o papel das universidades na inovação?
“Já têm sido feitas várias ações para tentar aproximar as empresas das universidades. Por exemplo, existe a Lei do Bem que, na minha opinião, é muito mal explorada. A Lei do Bem é uma lei muito importante do governo […]. é uma lei que dá uma série de isenções fiscais para empresas que se aproximam, que fazem pesquisa e que, de alguma maneira, também trazem para dentro de si algum tipo de entrelaçamento com ICPs, que são os centros de ciência e tecnologia.”
Petrobras e a tecnologia
“Em todas as grandes universidades você vai ver prédios que foram construídos pela Petrobras, centros de pesquisa da Petrobras. A Petrobras é um exemplo legal, que funciona bem. E isso acontece principalmente por causa da lei que exige que as indústrias de energia que têm lucro a partir de determinado valor têm que aportar 1% do lucro em pesquisa”, diz o professor.
A fuga de cérebros do Brasil
Fonte: sputniknewsbrasil