O paulistano Ivan Ballesteros cresceu com o sonho que é o mesmo de muitos meninos e meninas do país: se tornar atleta de futebol. E ele até conseguiu. Entre 2005 e 2012, atuou em alguns clubes no Brasil e na Espanha. Quando estava na Europa, porém, sofreu uma lesão séria e precisou se afastar dos campos. Voltou para o Brasil e entrou para a faculdade. Foi quando percebeu um problema.
“Na mesma época que eu saí do time que atuava na Europa, tinha um amigo que deixou de jogar futebol também”, diz. “Eu tinha uma reserva e consegui ir para a faculdade, mas ele não. Acabou que virou traficante e foi preso. Ele não teve a oportunidade que eu tive”.
Foi dessa percepção que nasceu o embrião do que viria ser a Esporte Educa, uma startup que conecta atletas e esportistas a bolsas de estudo em colégios, cursos de idiomas e faculdades do país. Antes de criá-la, em 2020, Ballesteros atuou, ainda, em uma empresa de análise de performance de jogadores e com educação. “Quando estava na faculdade, notei que tinha muitas cadeiras vazias e criei na própria instituição de ensino um projeto que deu bolsa para 100 atletas”, diz. “Fiquei trabalhando lá por dois anos, até sair, estudar sobre startup e criar a Esporte Educa”.
Agora, a empresa de Ballesteros acaba de receber um aporte de 1,6 milhões de reais para expandir. A ideia é usar o dinheiro para atrair mais instituições de ensino na plataforma e, consequentemente, mais atletas. Também querem lançar novos produtos na linha de educação.
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Como a Esporte Educa funciona
A Esporte Educa é um marketplace que junta as bolsas de educação das instituições de ensino e os atletas que estão procurando por oportunidades de aprenderem novos assuntos. Na prática, o atleta entra na plataforma da Esporte Educa, faz um cadastro, comprova que é esportista e escolhe qual bolsa quer. Depois, o time da startup faz uma análise, em conjunto com a equipe da instituição financeira, e convida o atleta para ingressar no curso.
A maioria das bolsas sociais apresentam descontos de 40% a 60%, mas há casos de escolas que já forneceram bolsas integrais, e outras que oferecem descontos de 10%. Hoje, são 17 instituições de ensino que oferecem bolsas na startup. A maioria de São Paulo, mas também do Rio de Janeiro. Desde que foi fundada, há três anos, a Esporte Educa já avaliou cerca de 3.000 atletas e deu bolsas para 540.
“O sonho de se tornar um atleta profissional parece promissor, mas apenas 1% dos jovens alcançam o esporte de alto rendimento e os outros 99% não vão chegar nem perto de profissionalizar”, diz. “Demonstramos aos atletas que não é necessário renunciar a um sonho para perseguir outro. Estamos comprometidos em preparar jovens para prosperar tanto em suas carreiras esportivas quanto no mercado de trabalho formal”.
Na plataforma, a Esporte Educa fatura cobrando a primeira mensalidade do curso. É o aluno que paga diretamente para a startup, mas depois, ele consegue abater do primeiro pagamento na instituição de ensino. Ou seja, quem paga, mesmo, é a escola ou universidade. A empresa não divulga qual é o seu faturamento.
Como será usado o aporte
O aporte terá duas finalidades principais:
- Desenvolvimento de novos produtos e serviços
- Ampliação de equipe, com contratação nas áreas de tecnologia, vendas, marketing e atendimento ao cliente
Sobre o desenvolvimento dos novos produtos, Ballesteros explica que em outubro, a Esporte Educa vai lançar uma plataforma educacional para oferecer cursos livres a atletas. Entre as matérias, haverá direito básico para jogador de futebol, finanças para atletas, inglês básico e curso de oratória. A ideia é que, no próximo ano, esse braço já represente 60% do faturamento da empresa, apesar de que a aposta, em médio e longo prazo, é que as bolsas para educação básica representem a maior fatia da receita.
Sobre o incremento de time, a ideia é contratar mais gente na área de tecnologia para automatizar o processo de avaliação do atleta e escalar o marketplace mais rapidamente. Também querem aumentar o marketing para ter mais escolas oferecendo bolsas e, consequentemente, mais atletas às procurando. A ideia é ir de oito para 15 funcionários até o final do ano.
“A gente já matriculou 540 atletas e nos próximos 12 meses, queremos chegar à meta de mais de 2.000 atletas matriculados”, diz. “Com o aporte, vamos expandir para fora da região Sudeste e queremos ter 200 instituições de ensino e clubes parceiros”.
A Esporte Educa já recebeu outros dois incentivos financeiros anteriormente. O primeiro aconteceu em meio à pandemia, em 2021, e foi realizado por Marcelo Franco via Verve Capital, que tem foco no early stage e visa ser o primeiro cheque das startups. O segundo foi em 2022 sendo um misto de Family & Friends e investidores anjo.
Qual o futuro da Esporte Educa
Além da plataforma educacional, a Esporte Educa tem o plano de, no longo prazo, ajudar no financiamento de cursos para atletas. Na visão de Ballesteros, mesmo com uma bolsa de 60%, ainda acaba faltando capital para algumas pessoas entrarem em universidades ou escolas privadas. “Então, com essa tríade ‘bolsas de estudo no ensino formal, escola digital e financiamento de atletas, entendemos que existirá um hub importante de educação e esporte”.
Fonte: exame