O conhecimento popular é de que o mineiro gosta de comer quieto. Isso pode ter sido uma verdade para a Sankhya, empresa mineira criada para oferecer sistema de gestão para empresas, o famoso ERP, por cerca de 30 ano. Agora, não mais.
A empresa fundada pelos irmãos Felipe Calixto e Fábio Túlio, em 1989, em Uberlândia, entrou em um novo ritmo desde 2020, quando foi a mercado e captou 425 milhões de reais com o fundo soberano de Singapura, o GIC, o primeiro investimento externo desde o começo da operação, criada com capital próprio. Desde então, anunciou quatro aquisições.
A mais recente é da catarinense Meetime, uma plataforma de sales engajament – no popular, uma ferramenta que estrutura dados como e-mail, telefone e LinkedIn de pessoas que podem se tornar potenciais clientes para um contato mais personalizado.
Fundada em 2016 pelos sócios Diego Wagner, Diego Cordovez e Victor Canezin, a startup tem clientes como Loggi, iFood, Senai, Unimed, Linx e Sodexo. Em 2022, a empresa faturou 10 milhões em 2022 e conta com um time em torno de 50 pessoas.
Qual a estratégia que a empresa usa para fazer as aquisições
A aquisição, sem os valores revelados, foi de 60% do negócio e seguiu um padrão que a Sankhya tem adotado como estratégia: assume o controle da empresa, com a compra de participação entre 51% e 70%.
O modelo é visto como uma forma de manter os sócios-fundadores à frente das empresas e engajados. “Nós entendemos que são negócios novos para nós e que a empresa dos fundadores é essencial”, afirma André Britto, CFO da Sankhya.
O executivo faz referência ao posicionamento da companhia para as negociações. O foco é em incluir novas tecnologias e agregar serviços complementares ao sistema construído dentro de casa.
Das outras três operações compradas, cada uma é especialista em uma área de mercado:
- A Ploomes é uma empresa de CRM, com a proposta de oferecer canais mais fluídos para o relacionamento com cliente
- A Neppo Tecnologia oferece soluções de ommincanalidade
- A PontoTel é uma plataforma para gestão e controle de ponto
Uma vez que os novos negócios estão dentro de casa e conectados, a empesa dá início à estratégia para impulsionar a venda cruzada e aumentar o tíquete que os clientes gastam na casa.
Concorrente de empresas como a alemã SAP e a brasileira Totvs, a Sankhya atua no chamado middle market, atendendo, principalmente, empresas com faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 500 milhões. No portfólio de mais de 20 mil clientes, estão empreendimentos de setores industrial, atacado e distribuição e serviços como Flormel, Cepêra, NatuHair, Rommanel e Algar Telecom.
Como a Sankhya entende o futuro do negócio
“A sociedade está passando por uma mudança tecnológica muito grande e estamos tendo uma demanda para ter tudo automatizado, tudo digitalizado. E os clientes estão entrando e sentindo a necessidade de ter uma jornada única e o mais fácil possível”, diz Britto.
Até por isso, a empresa quer intensificar o processo de incorporação de novas soluções a partir do movimento inorgânico. Ainda este ano, a previsão é de que outros dois ou três negócios sejam adquiridos pela companhia mineira.
A velocidade na prospecção e transações faz parte de um plano desenhado lá em 2020, quando os irmãos Calixto, CEO da empresa, e Túlio, diretor de Desenvolvimento de Negócios, e os sócios Manoel Prudêncio Menezes, diretor da área de indústria, e Claudio Gualberto, diretor de tecnologia, recorreram ao GIC.
A Sankhya tem como meta registrar o primeiro bilhão de reais em faturamento em 2025, valor considerado como um balizador pelos sócios para posicionar o negócio para a abertura de capital – a depender dos ventos do mercado.
Desde 2021, a operação cresce o ano a ano em torno de 40% e fechou 2022 com R$ 294 milhões. Além das aquisições e integrações, parte desta expansão vem da mudança na forma de oferta dos serviços.
De um modelo baseado em cobrança de um valor alto pela licença de uso do software e um menor desembolso mensal, a Sankhya migrou para um custo menor de implementação e focou na assinatura, apostando na fidelização. Hoje, 80% do negócio vem como receita recorrente.
Outra frente neste processo de transformação é o lançamento de inovações orgânicas, como plataforma para gerenciamento de cadeia produtiva, inteligência artificial e, em breve, integração com ChatGPT.
Neste ano, a empresa projeta faturar mais de R$ 400 milhões, já contabilizando o resultado de todas as unidades. Ou seja, para chegar em 1 bilhão em 2025, terá que correr para capturar cerca de R$ 600 milhões a mais em 24 meses.
Fonte: exame