Desde que a informação dada pelo site especializado em economia Bloomberg, de que a Arábia Saudita havia feito uma proposta à Liberty Media para comprar os direitos comerciais da Fórmula 1, uma novela deu início em torno da principal categoria do automobilismo mundial.
Relembrando, o fundo de investimento público da Arábia Saudita (PIF, sigla em inglês) teria feito uma oferta à Liberty Media no valor de U$ 20 bilhões [R$ 103,99 bilhões] para comprar a Fórmula 1.
Desta forma, o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, não gostou nada da história, vindo à público dizer que a FIA estava monitorando a situação e ressaltando que seu dever era proteger o esporte – detalhe que antes dos comentários de Ben Sulayem a Liberty Media não havia se manifestado sobre o assunto.
Agora, a empresa norte-americana respondeu os comentários do presidente da FIA através de uma carta, apontando que “isto ultrapassa os limites tanto do mandato da FIA quanto de seus direitos contratuais. A FIA é responsável por quaisquer danos ao valor da Liberty.”
A Liberty Media ressaltou que “tem o direito exclusivo de explorar os direitos comerciais no Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA. A FIA se comprometeu inequivocamente a não fazer nada que prejudique a propriedade, gestão e/ou exploração desses direitos. As publicações na conta oficial do Presidente da FIA na mídia social interferem com nossos direitos de forma inaceitável.”
“As circunstâncias nas quais a FIA teria qualquer papel numa mudança de controle do grupo F1 são muito limitadas. Qualquer sugestão ou implicação ao contrário, ou que qualquer potencial comprador dos negócios da F1 seja obrigado a consultar a FIA, está errada”.
O comunicado da empresa finaliza com os seguintes dizeres: “Esperamos e confiamos que não será necessário abordar esta questão novamente.”
Relacionamento FIA e F1
A Fórmula 1 em si conta com dois administradores, sendo a Liberty Media responsável pelos direitos comerciais, uma vez que é a sócia majoritária da categoria. Enquanto a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) atua na regulamentação do esporte.
Quando a Fórmula 1 iniciou de fato, na década de 50, a FIA era a única responsável pela gestão, mas, em 2001, a entidade acabou vendendo os direitos comerciais para Bernie Ecclestone, que, por sua vez, em 2006, negociou a participação majoritária com a CVC, grupo de investimentos de capital britânico.
A partir de 2017, a Liberty Media entrou na jogada ao adquirir os direitos comerciais da CVC, isto é, 18,7%, pelo valor de U$ 8 bilhões [na cotação atual R$ 41,60 bilhões]. Sendo assim, a empresa americana de fato tem poder para gerir a categoria, contudo, há um limite.
Segundo informações da jornalista Julianne Cerasoli, existe uma cláusula no contrato com a FIA, estipulada ainda nos tempos de Ecclestone, que a venda da Fórmula 1 exige a aprovação da instituição regulatória.