BRUNO GHETTI
VENEZA, ITÁLIA – O longa “All the Beauty and the Bloodshed”, da americana Laura Poitras, levou o Leão de Ouro e foi o grande vencedor do Festival de Veneza 2022. Foi a premiação menos previsível em anos -o documentário conta a história da fotógrafa americana Nan Goldin, grande nome do underground nova-iorquino nos anos 1970 e 1980.
Mais recentemente, ela tem se dedicado a uma campanha contra a família Sackler, de bilionários que patrocinam museus importantes em todo mundo, mas que são donos de um laboratório que há décadas vende remédios altamente viciantes e que já causaram a morte, segundo o filme, de 400 mil pessoas.
O prêmio de melhor direção foi para Luca Guadagnino, por “Bones and All”, que também levou o troféu Marcello Mastroianni, a melhor ator ou atriz em início de carreira, para a jovem Taylor Russell.
Cate Blanchett foi eleita a melhor atriz, por sua brilhante performance como uma tirânica regente de orquestra, em “Tár”, de Todd Field, enquanto o troféu de melhor ator foi para Colin Farrell, pelo papel de um homem que inicia uma briga contra o melhor amigo, em “The Banshees of Inisherin”, de Martin McDonagh. Ambos já aparecem como nomes fortes para a disputa do Oscar do ano que vem nessas mesmas categorias.
Martin McDonagh, aliás, também levou o prêmio de melhor roteiro por “Banshees”, configurando uma rara ocasião em que um mesmo filme levou mais de um prêmio no festival.
O Grande Prêmio do Júri, o segundo mais importante, foi para “Saint Omer”, da franco-senegalesa Alice Diop. O Prêmio Especial do Júri foi para “No Bears”, do iraniano Jafar Panahi -o cineasta não compareceu a Veneza porque está preso em seu país, cumprindo pena por protestar contra a prisão de colegas de profissão que haviam se pronunciado publicamente contra o governo do Irã.
O Brasil não teve produções em Veneza neste ano, mas o gaúcho Pedro Harres ganhou o Grande Prêmio do Júri na mostra paralela Venice Immersive, pelo curta de animação produzido na Alemanha “From the Main Square”. Em seu discurso, criticou o governo Bolsonaro, dizendo que “não apenas é contra a democracia como também é contra o cinema”.