A Xiaomi, gigante chinesa de tecnologia, já há algum tempo enveredou para a seara dos automóveis. O primeiro modelo desenvolvido pela marca foi, inclusive, o SU7, que se tornou uma febre no país de origem mesmo enfrentando problemas de qualidade. Não à toa, a companhia pretende expandir as vendas do sedã com linhas que remetem ao Porsche Taycan. E o Brasil é um mercado em potencial.
Autoesporte apurou que a Xiaomi se reuniu com, no mínimo, três importadores de veículos que atuam no Brasil. À época, o objetivo seria firmar parceria para vender unidades do SU7 no país e até mesmo em vizinhos. “As conversas ocorreram no ano passado. Chegaram a evoluir, mas, conforme a Xiaomi foi recebendo feedbacks do modelo passou a focar na contenção de danos”, disse fonte à reportagem.
Vale frisar que em março passado, o SU7 teve quase 90 mil pedidos em 24 horas. Todavia, cerca de 55% das vendas foram canceladas. Muitas por demoras na entrega, outras por acidentes envolvendo o sedã feito sobre a plataforma Modena, da Xiaomi. No quesito dimensões, o três-volumes tem 4,99 metros de comprimento, 1,96 m de largura, 1,45 m de altura e 3 metros cravados de entre-eixos.
Em respeito aos interlocutores, que pediram absoluto sigilo, Autoesporte não irá divulgar com quais empresas a Xiaomi discutiu a importação de seus veículos para o nosso mercado. Uma delas, contudo, teve inúmeras propostas de marcas chinesas à mesa antes de decidir com qual companhia selaria parceria. Optou pela oportunidade mais “robusta”.
A dupla restante, contudo, demonstrou “altíssimo interesse” em trabalhar com a “Apple do oriente”, liderada desde 2010 por Lei Jun.
Mas voltemos, de fato, à Xiaomi. A ideia da empresa era a de trazer num primeiro momento as configurações equipadas com as baterias feitas por subsidiária da BYD. A versão de entrada, por exemplo, tem motor elétrico de 292 cv de potência e 40,8 kgfm. O pacote de 73,6 kWh garante autonomia de 700 km no otimista ciclo chinês.
Já a configuração intermediária vem com mesmo propulsor, mas dispõe bateria de 94,3 kWh e, subsequentemente, maior alcance: 830 km. Esta, porém, já vem com kit fornecido pela CATL.
Vale dizer que BYD e Xiaomi têm relações comerciais estreitas e compartilham tecnologias. Não à toa, Wang Chuanfu, CEO da primeira, visitou as instalações da gigante de eletrônicos na última semana. Nada de anormal, já que tais movimentos ocorrem (embora fora de agenda) com alguma constância.
À exceção de algo que fonte revelou à reportagem. “Embora a BYD e a Xiaomi atuem de modo praticamente independente no mercado chinês, há a possibilidade de que a segunda se aproveite da capilaridade da outra para vender seus carros em outras regiões. A América Latina, inclusive, já foi debatida pela alta cúpula das companhias, mas nada passou do universo da discussão”, salientou.
O plano da Xiaomi, contudo, conforme mencionado anteriormente, é o de resolver questões na China antes de expandir suas operações além-mar. Operações que, inclusive, não descartam o SUV YU7, modelo de mais de 800 km de autonomia e uma fila de espera que pode chegar a 2027.
Também não abdicam do esportivo SU7 Ultra, máquina elétrica de 1.547 cv de potência feita para bater o Porsche Taycan Turbo GT — veículo mais rápido já testado por Autoesporte. Tudo isso, claro, passa por análise minuciosa do nosso mercado e a escolha do parceiro ideal.
Isso porque, além do tópico reputação, a Xiaomi tem de desafogar a fila de espera por SU7 e YU7 na China. Tal passa pela ampliação da fábrica de automóveis da empresa em Pequim, hoje com capacidade anual para 150 mil veículos — insuficiente mesmo para o público doméstico. Numa segunda fase a companhia pretende aumentar o volume a fim de atender ao mercado local e a regiões específicas — tal qual a América Latina.
Já há, inclusive, de acordo com apurações dos colegas do Motor1 Argentina, oito unidades do Xiaomi SU7 Max circulando pelo país. Esta versão, contudo, vem com bateria CATL. Tem pack de 101 kWh que rende 673 cv e 85,4 kgfm.
Pode ser que no Brasil, dizem interlocutores, ainda demoremos a flagrar unidades dos Xiaomi pelas ruas. No entanto, não se espante caso, dentro de alguns meses, fotografar, despretensiosamente, um SU7 de entrada em uma de nossas vias. Tudo depende do plano de expansão da gigante dos eletrônicos.
A reportagem de Autoesporte procurou a assessoria de imprensa da Xiaomi para obter posicionamento oficial acerca da matéria. A empresa não respondeu. Caso a companhia responda atualizaremos o conteúdo.
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Fonte: direitonews