WEC tem carros com seta e ar-condicionado e usa etanol das sobras de vinho


O Autódromo de Interlagos recebe, neste domingo (14), as 6 Horas de São Paulo, etapa do Mundial de Endurance da FIA (WEC), uma das mais importantes categorias do automobilismo mundial. Se a competição não é tão conhecida do público em geral, podemos afirmar que está bem mais próxima dos carros de rua do que a Fórmula 1, por exemplo.

Autoesporte mostra, a partir de agora, algumas curiosidades dos supercarros que passam de 300 km/h.

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Se você acompanha a categoria, já deve ter visto vídeos virais que mostram os carros saindo dos boxes de forma silenciosa. Isso porque a categoria principal, Hypercar, tem bólidos híbridos. Isso significa que grande parte das movimentações dentro no pitlane é feita com o motor elétrico.

O propulsor é instalado no eixo dianteiro, e, no caso do Peugeot 9X8, por exemplo, tem 271 cv e garante tração nas rodas da frente. Combinado com um motor a combustão, o conjunto pode ter até 670 cv de potência e tração integral. Cabe a cada equipe realizar o balanço entre os diferentes motores.

A capacidade e o peso da bateria não são informados, assim como a autonomia no modo elétrico. Para Jean-Marc Finot, diretor da equipe Peugeot, essa é a questão mais sensível dos carros que disputam a WEC. E também um dos pontos de contato entre a categoria e os veículos de rua.

“Usamos a WEC como laboratório, já que existe uma grande complexidade na eletrificação. A principal questão é ter uma bateria que não seja muito grande, mas que possa ser carregada muito rapidamente”, afirmou.

Uma diferença considerável para a Fórmula 1 é que não há limitação para tipo ou tamanho do motor. Peugeot, Toyota e Alpine, por exemplo, usam motores V6 turbinados. Já Ferrari, Lamborghini, Cadillac e BMW adotam unidades maiores, V8, que podem ou não ter o auxílio de um turbo.

Outra curiosidade é que esses motores são movidos por uma gasolina que usa 10% de bioetanol. A fornecedora para todas as equipes é a francesa TotalEnergies, que usa a biomassa gerada dos resíduos da produção de vinhos no país para a confecção do combustível.

Ou seja, ainda que de forma simplória, os carros da WEC podem ser considerados primos (muito) distantes dos veículos flex que existem há 20 anos no Brasil. Com esse combustível, a TotalEnergies afirma que as emissões de CO2 foram reduzidas em pelo menos 65% na WEC.

E as semelhanças com carros de rua não param por aí. Assim como qualquer veículo, os carros da WEC são equipados com limpador de parabrisa (mas não há lavador) e luzes de seta. Elas são usadas principalmente para “negociar” ultrapassagens sobre veículos das categorias mais lentas, quando a diferença de desempenho é considerável. E quando há uma bandeira amarela, por exemplo, o pisca-alerta é acionado.

Na parte do “conforto”, ainda que a corrida de São Paulo seja disputada no inverno, os carros possuem sistema de ar-condicionado. “As provas exigem muito do físico, mas o carro é muito confortável. Tem ventilação e os bancos são moldados para o nosso corpo. Isso faz a diferença em trechos longos”, disse Stoffel Vandoorne, piloto da Peugeot. Para finalizar, o “espelho” retrovisor é substituído pela imagem de uma câmera.

Já Frederic Makowiecki, piloto da Porsche, acredita que a similaridade também está nos pneus. A categoria principal da WEC tem como única fornecedora a Michelin. “Mais e mais, os carros de rua estão se tornando similares aos carros de corrida. Se você der uma olhada, os elementos dos pneus, pelo menos agora, são parecidos nos carros de rua e de corrida. Definitivamente, o composto é parecido, o que é bem interessante.”

Segundo Finot, durante uma prova de seis horas, como a de Interlagos, os veículos fazem de sete a oito paradas, seja para uma das trocas de piloto, abastecimento e trocas de pneus. Até por isso, foi preciso acelerar também o tempo de possíveis reparos.

As asas dianteiras e traseiras, por exemplo, fazem parte de grandes peças de fibra de carbono. Para facilitar ajustes e eventuais manutenções, são encaixadas e podem ser retiradas e recolocadas em poucos segundos.

Em proporções menores, claro, esse tipo de desenvolvimento também pode chegar às ruas, reduzindo o tempo que um veículo fica parado na oficina, por exemplo. No fim das contas, ainda que a WEC seja uma diversão para o público, as fabricantes aproveitam para aprimorar e criar novos produtos e tecnologias.

“Estamos nessa jornada para a eletrificação, por isso escolhemos disputar o WEC. É muito mais fácil usar essa tecnologia em carros de rua [do que se tivesse entrado na Fórmula 1]. E temos que ter certeza de que o investimento vai gerar um retorno”, resumiu Linda Jackson, presidente mundial da Peugeot.

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Fonte: direitonews

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