A Volkswagen Saveiro G7 estreou no mercado brasileiro em 2016 como uma profunda reestilização da sexta geração, mantendo a base mecânica já conhecida do Gol G5/G6, mas adotando o novo visual da marca inspirado na linha global, com faróis angulados, grade mais larga e linhas mais limpas.
Disponível em configurações de cabine simples, estendida e dupla, a Saveiro G7 ganhou versões com diferentes apelos, desde a Robust voltada para o trabalho até a Cross e a Extreme, com foco no público urbano. Todas compartilham a mesma estrutura e suspensão elevada, combinadas a motores conhecidos da marca, entre eles o 1.6 MSI 16V da família EA211, que equipa também outros modelos da linha VW, como Polo, Virtus, T-Cross e até o Golf.
No mercado de usados, a Saveiro G7 é valorizada pela boa dirigibilidade, posição de dirigir elevada, agilidade no trânsito e capacidade de enfrentar pisos irregulares com mais desenvoltura que carros de passeio. No entanto, acumulam-se relatos de dois problemas crônicos e recorrentes: o consumo excessivo de óleo do motor 1.6 MSI e falhas de vedação que causam entrada de poeira e infiltrações de água na cabine.
O motor 1.6 MSI 16V flex, que entrega até 120 cv com etanol, é reconhecido por sua leveza e eficiência, graças ao bloco de alumínio, duplo comando variável e entrega de torque consistente linear. Ainda assim, ele se tornou foco de reclamações por apresentar consumo de óleo acima do esperado, mesmo em carros com baixa quilometragem e manutenção regular.
A Volkswagen inclusive cita essa característica no manual do carro. Segundo a montadora, “dependendo da forma de condução e das condições de uso, o consumo de óleo pode chegar até 0,5 l em 1.000 km – nos primeiros 5.000 quilômetros em veículos novos. Por isso, o nível do óleo do motor deve ser verificado em intervalos regulares – de preferência a cada abastecimento ou antes de viagens longas”.
Nos fóruns e clubes de proprietários, donos relatam a necessidade de completar o nível de óleo com apenas 1.500 a 2.000 km de uso, o que está muito além do normal para um motor moderno. No entanto, o consumo de óleo continua e em alguns casos até aumenta de acordo que a quilometragem aumenta.
“Comprei uma Saveiro Robust 2020 e com 43 mil km começou a consumir muito óleo. Preciso completar quase 1 litro a cada 2.000 km. A concessionária disse que é normal, mas isso nunca aconteceu com os outros carros que tive”, relatou um usuário no site Reclame Aqui. Esse comportamento se estende para todos os carros equipados com o motor, como o Fox, por exemplo.
Em depoimento à nossa reportagem, o empresário Ricardo Martines Filho deu detalhes dos problemas encontrados com sua Saveiro Trendline 2019. Segundo ele, desde os 40 mil quilômetros “era comum sentir o carro falhando e ficando fraco. Nosso mecânico realizava constantemente a limpeza dos bicos, suspeitando de combustível de má qualidade”.
“Por sorte, em um reabastecimento, checamos o nível de óleo e estava quase já abaixo do limite. Investigamos melhor e em outra oficina nos passaram que esse consumo excessivo de óleo contaminava as velas e dificultava a ignição”, disse.
Ricardo foi recomendado a substituir os anéis de vedação dos cilindros, mas pelo custo alto de reparo, preferiu lidar com o problema com inspeções constantes. “Já nos falaram bastante que isso é característica do motor, então agora redobramos o cuidado como nível de óleo e seguimos sem reparar, pois ia sair muito caro”, relata.
De acordo com especialistas, o desgaste prematuro dos anéis de segmento e a má vedação nos retentores de válvulas estão entre as possíveis causas do problema. Embora o manual da VW mencione que um consumo de óleo seja aceitável, na prática isso gera insegurança para o dono e risco de rodar com o nível abaixo do recomendado, são usados 4 litros de óleo neste motor, nesse ritmo indicado pela montadora, é possível ficar sem óleo antes da revisão periódica de 10 mil km.
Os custos de correção, quando há necessidade de intervenção, podem incluir:
O problema não gera alertas no painel até que o nível fique perigosamente baixo, o que exige atenção extra do proprietário em inspeções visuais constantes.
Outro ponto recorrente de insatisfação entre os proprietários da Saveiro G7, especialmente nas versões com cabine estendida ou dupla, é a vedação deficiente da cabine. Há muitos relatos de entrada de poeira pela região traseira, saídas de ar e frestas das portas, além de casos de infiltração de água durante chuvas fortes.
“Está entrando muita poeira pela ventilação atrás dos bancos. Já troquei as borrachas das portas, mas nada resolveu. Parece que o problema está no projeto mesmo”, relatou um dono de Saveiro Cross 2018 em grupo no Facebook.
No site Reclame Aqui, um consumidor de uma Saveiro Extreme 2023 escreveu: “Com apenas 5 mil km, a parte interna do carro já está toda suja de pó fino, principalmente atrás dos bancos. E a concessionária diz que é ‘normal’.”
Além do desconforto e do esforço extra na limpeza, o acúmulo de sujeira pode provocar mofo no estofado, oxidação de componentes elétricos e desvalorização do veículo. A água acumulada no carpete também pode gerar mau cheiro e danos irreversíveis se não for tratada a tempo.
As soluções mais comuns incluem a troca de borrachas e vedadores de porta, custando de R$ 300 a R$ 800. Muitos proprietários relatam que o problema persiste mesmo após ajustes feitos em concessionárias autorizadas.
A Volkswagen Saveiro G7 segue como uma das picapes mais procuradas do mercado de usados por sua robustez, confiabilidade e manutenção simples. Versões como a Cross e a Robust são especialmente valorizadas por unir essas características com bom custo-benefício nos dois extremos: a Robust mais simples e focada em trabalho, a Cross mais versátil para uso urbano.
No entanto, os problemas crônicos de consumo de óleo no motor e de vedação da cabine afetam diretamente a confiança e o custo de propriedade do modelo. Por isso, ao considerar a compra de uma Saveiro G7 usada, é essencial:
Procurada pela reportagem, a Volkswagen comunicou que “é referência em pós-vendas, recebendo o selo do RA1000 – certificação que confere a excelência e notas acima da média no atendimento ao cliente no Reclame Aqui. Esse reconhecimento reforça o compromisso da marca em colocar o cliente no centro, com atendimento rápido e eficaz na nossa rede de concessionárias e pela Central de Relacionamento com o Cliente.
Para os eventuais casos envolvendo a Volkswagen Saveiro, a marca diz que “a nossa rede de concessionárias está apta para realizar todas as tratativas necessárias para avaliar a origem da falha e como solucionar de maneira rápida e eficaz. Todos os casos no Reclame Aqui foram atendidos e solucionados, de acordo com a avaliação de cada um”.
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Fonte: direitonews