Você pisa no acelerador e o carro demora a obedecer ao comando. É disso que muitos proprietários de Volkswagen Nivus e de outros carros da marca têm reclamado em grupos sobre os modelos nas redes sociais. Autoesporte conversou com especialista e entrou em contato com a fabricante para entender o que acontecendo.
Alguns proprietários na internet ensinam maneiras para isso não acontecer, como desligar o controle de tração, o que cria um risco para a segurança, ou colocar em modo Sport para diminuir o atraso, mas a prática pode aumentar o consumo de combustível.
“Pessoal, comprei o Nivus e o delay do acelerador me dá agonia. Já li vários aqui perguntando, mas não vi uma resposta com certeza”, diz em um fórum do Nivus na internet um dos proprietários que enfrenta o problema e pede uma dica de solução. Em resposta, recebeu sugestões como instalar aparelhos que prometem reduzir este intervalo entre o acelerador e a resposta do motor, porém, que podem anular a garantia do veículo.
A explicação para este atraso no acelerador que incomoda tantos donos — e que notamos durante nossos testes—, está ligado a lei de emissões. Com uma mudança no mapa eletrônico do carro, o SUV emite menos poluentes durante as arrancadas. Isso foi feito para atender as normas do Proconve L8, que entra em vigor, em fases, a partir do ano que vem.
O especialista afirma que isso ajuda a diminuir poluentes porque em toda aceleração rápida, você acaba aumentando demais a mistura de ar e combustível. Uma aceleração mais lenta é uma aceleração mais progressiva, economiza combustível e diminuindo a emissão de poluentes.
A Volkswagen admite a mudança para atender às necessidades exigidas pela fase atual do programa de emissões, o Proconve L7, e do Rota 2030. “O Volkswagen Nivus passou por recentes atualizações para otimização de emissões e consumo de combustível. O sistema de aceleração do veículo foi calibrado para atender às necessidades exigidas pelos programas”, diz em nota à Autoepsorte.
Essas mudanças alcançaram o objetivo, segundo medição no Programa Brasileiro de Etiquetavem Veicular (PBEV), do Inmetro. Comparando os números do ano passado com os deste, as emissões de poluentes do Nivus caíram de 252 mg/km para 207 mg/km.
O consumo de combustível, no entanto, ficou ligeiramente maior. Antes das mudanças o Nivus fazia 8,3 km/l na cidade e 10,1 km/l na estrada com etanol e 12,1 km/l na cidade e 14,2 km/l na estrada com gasolina. Após a nova calibragem, os números foram para 8,3 km/l e 9,9 km/l com etanol, respectivamente, já com gasolina foi par 11,9 km/l (cidade) e 14,1 km/l (rodovia).
O Proconve, sigla para Programa de Controle de Emissões Veiculares, entrará em sua oitava fase. Equivalente ao programa europeu de emissões Euro 6, o Proconve L8 começa a valer no ano que vem e será dividida em três ciclos: o primeiro, mais brando, entre 2025 e 2026; o segundo, mais rígido, entre 2027 e 2028; o terceiro, ainda mais restritivo, a partir de 2029.
Para se ter uma ideia, enquanto a sétima fase do programa exige um máximo de emissões de 80 mg/km de Nmog + Nox (gases orgânicos não metanos + óxidos de nitrogênio) para carros de passeio, a oitava reduzirá o teto para 50 mg/km. A diferença é que, se no L7 a conta é por unidade comercializada, no L8 ela levará em conta a média da frota. Ou seja, carros com índices mais baixos de emissão podem compensar modelos que extrapolam o limite.
A partir de 2027, a regra da média da frota será mantida, mas o teto cairá para 40 mg/km de Nmog + Nox. E, em 2029, a estimativa é que seja reduzida para 30 mg/km. Especialistas na área asseguram que, mesmo com a adoção de uma regra mais flexível, levando em conta a média de toda a gama de produtos (incluindo os volumes de venda) e não as emissões por modelo individualmente, será impossível cumprir essas metas sem eletrificar as frotas.
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Fonte: direitonews