O cantor Gabriel O Pensador foi alvo de ataques por parte de uma mulher ao final de um show em Curitiba, no Paraná. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que a mulher xinga o artista e o chama de “maconheiro”.
De acordo com relatos de pessoas que estavam no local, a apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL) se irritou quando O Pensador cantou a música Tô Feliz (Matei o Presidente).
O show em questão aconteceu em 1º de setembro, no Graciosa Country Club, em Curitiba (PR), mas o vídeo só viralizou nessa terça-feira (6/9). Assista:
O Gabriel Pensador puxou um Lula lá e provocou um ataque histérico na senhora. Ainda bem que não estava armada. pic.twitter.com/LHn0ZxyEsv
— Luiz Carlos da Rocha ADVOGADO (@rocha_lcr) September 6, 2022
Em certo momento do vídeo, a mulher — que não foi identificada — disse: “Esse filho da puta é Lula (Luiz Inácio Lula da Silva)”. Em outro trecho, ela puxa um coro com o nome do atual chefe do Executivo e é apoiada por algumas pessoas que estavam no local.
Em nota, a organização do Graciosa Country Club disse que “está apurando os fatos à luz do Estatuto e do Regimento Interno do clube e repudia qualquer forma de manifestação político-ideológica dentro das suas instalações”.
“O Graciosa Country Club tomou conhecimento do incidente que envolveu uma associada no encerramento do show de Gabriel Pensador e lamenta que tais imagens tenham sido publicadas em redes sociais”, diz a nota.
A música que irritou a mulher foi escrita por Gabriel em 1992 e se refere ao governo de Fernando Collor de Mello. A segunda parte da canção foi lançada em 2017, um ano antes de Bolsonaro assumir o cargo de presidente do país.
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“Pessoas alienadas”
No último dia 2, um dia após a confusão com a mulher em Curitiba, Gabriel O Pensador conversou com o Metrópoles no festival Na Praia e refletiu sobre a atualidade de canções escritas duas décadas atrás, mas que ainda relatam mazelas sociais que assolam o país.
“Alguns temas, como o racismo, mudaram muito. Até porque hoje existem leis, denúncias… tem uma postura mais de combate. As pessoas camuflavam o racismo no Brasil, e por isso eu falava tanto. Era uma coisa de quebrar um tabu, porque diziam que não existia racismo no Brasil. Era uma coisa ridícula, um absurdo de se pensar hoje”, começou o rapper.
Para ele, outros temas abordados em seus sucessos nos anos 1990 mudaram para a pior: “As pessoas estão mais intolerantes. O Retrato de Um Playboy, por exemplo, a gente fez a ‘parte dois’, mas já podemos fazer a ‘parte três’. As pessoas estão mais alienadas… pelo menos boa parte das pessoas. É difícil ficar comparando o ontem e o hoje, mas eu não acho que evoluiu, infelizmente. E isso não só a gente. Achei que após a pandemia a sociedade iria ter uns insights de valorizar mais o respeito ao próximo, a simplicidade… e não vejo isso como uma realidade.”
Veja a entrevista completa: