Da Redação
A Bronca Popular
Em São José dos Quatro Marcos, a política desceu mais um degrau ao abismo moral. O vereador Luciano Cristóvão, conhecido como “Seu Polícia”, protagonizou um episódio vergonhoso e inaceitável ao recorrer à retórica religiosa para justificar o injustificável: sua condenação por assédio sexual e lesão corporal contra uma colega portadora de lúpus – uma doença cruel, autoimune, que causa dores profundas e debilitantes.
A denúncia é grave. E não se trata de boato. Os fatos foram apurados por inquérito policial, acolhidos pelo Ministério Público e sentenciados pela Justiça. A condenação do vereador foi mantida tanto pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso quanto pelo Superior Tribunal de Justiça. Ainda assim, diante da opinião pública, o vereador manteve um silêncio covarde e estratégico. Incapaz de negar os crimes que cometeu, resolveu vestir a fantasia do mártir.
Em um vídeo grotesco, postado nas redes sociais, “Seu Polícia” tentou nivelar sua condição à de figuras sagradas do cristianismo: Jesus, João Batista, Paulo, Pedro, Estevão. Uma afronta escancarada à fé cristã, que jamais compactuou com agressores, assediadores e covardes.
Diferente do que tenta vender, nenhum desses profetas ou apóstolos foi condenado por atacar mulheres. Nenhum deles se aproveitou da dor de alguém indefeso para satisfazer sua soberba ou instintos mesquinhos. O discurso do vereador é uma perversão dos valores cristãos e uma tentativa patética de manipular o sentimento religioso da população para encobrir seus atos abjetos.
O fato é simples e irrefutável: o vereador foi julgado e condenado, e a vítima — uma mulher adoecida, frágil e vulnerável — foi seviciada por alguém que, além de tudo, tinha poder e influência dentro do espaço de trabalho.
Ao invés de pedir perdão, buscar reparação e afastar-se da vida pública, “Seu Polícia” tripudia da fé alheia e desrespeita a dor da vítima ao posar como perseguido político-religioso. É o cúmulo da dissimulação.
A população de Quatro Marcos não merece esse teatro indecoroso. O Parlamento precisa ser casa da ética, da empatia, da luta pelo bem comum — não palco de criminosos convictos travestidos de heróis religiosos.
Se ainda houver um pingo de decência, a Câmara Municipal deve abrir um processo de cassação contra o vereador. Se ainda houver justiça, a sociedade quatro-marquense dará a resposta nas urnas. E se ainda houver fé, que ela sirva para proteger os inocentes e não para blindar os culpados.
Ver essa foto no Instagram
Fonte: abroncapopular