Venda de elétricos e híbridos deve crescer 50% no Brasil; setor é contra proibir carros a combustão


A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) reúne diversas empresas específicas desse segmento que atuam no País – como fabricantes de veículos, baterias e carregadores. Mas seu presidente, Ricardo Bastos, disse que a associação é contra proibir a venda de carros exclusivamente a combustão no Brasil, algo deve acontecer em outros mercados, como a Europa a partir da próxima década.

A declaração foi dada durante palestra do dirigente no evento Electric Days, em São Paulo. Segundo ele “a ABVE é contra proibir veículos a combustão [no Brasil], assim como é contra proibir qualquer tipo de tecnologia”. Para ele “o consumidor é quem vai decidir qual delas ele quer, e o nosso trabalho é garantir que todas sejam acessíveis”.

Por isso defendeu na apresentação que os veículos elétricos continuem a ter isenção do imposto de importação para entrar no Brasil. “Queremos ver todos os tipos de eletrificados fabricados aqui, temos condição para isso, mas queremos que esse cenário aconteça dentro de um cronograma e de uma forma viável. Não adianta produzir no Brasil e com isso o preço aumentar. A isenção do imposto é importante porque representa acesso a novas tecnologias”.

Ele reconheceu, porém, que “pode ser que em algum momento no futuro o nível de importação cresça muito e aí será preciso rever essa política. O fundamental é termos previsibilidade”.

O presidente da ABVE ainda apresentou em sua palestra uma previsão de mercado para as vendas de eletrificados (híbridos + elétricos) no Brasil nesse ano: pouco mais de 70 mil unidades, “repetindo o crescimento de 50% ao ano registrado nos últimos exercícios”, calculou Bastos. Ele ainda acrescentou que em 2024 o segmento deve superar, pela primeira vez, 100 mil unidades vendidas no país.

Falando em números, dois dados interessantes foram revelados no evento: as locadoras no Brasil, segundo a ABLA (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis) já têm ao todo em sua frota 5,5 mil carros eletrificados para oferecer aos clientes (dado de 2022, o mais recente disponível), o dobro de 2021. Ao todo, porém, somando os modelos a combustão, a frota dessas empresas supera 1 milhão de veículos.

Já no mercado de seminovos as lojas independentes e multimarcas reunidas na Fenauto (Federação Nacional dos Revendedores de Veículos Usados) venderam neste ano 12 mil carros eletrificados de segunda mão (de janeiro a maio).

Ao todo, porém, as lojas vendem 58 mil carros por dia. “Dá para perceber que ainda há uma distância muito grande a ser percorrida neste segmento de eletrificados, mas é importante lembrar que somos o último elo da cadeia na comercialização de carros”, frisou Enilson Sales, presidente da Fenauto.

Ainda durante o Electric Days, Marcelo Godoy, diretor da Volvo Cars, confirmou que o EX30, SUV compacto elétrico recém-apresentado na Europa, será vendido no Brasil. Para ele o modelo “é um carro que vem para mudar a Volvo de patamar em termos de preço e de posicionamento. Será um divisor de águas”.

A área de veículos comerciais eletrificados também foi debatida durante o Electric Days. Algumas empresas apresentaram suas experiências práticas com caminhões e utilitários 100% elétricos em entregas urbanas.

Nesse contexto Wal Flor, CEO da Flow.Ers, considerou que o processo de eletrificação do transporte envolve uma mudança grande de comportamento tanto dos frotistas quanto dos próprios motoristas. “Temos que aprender e ensinar tudo de novo. A eletrificação traz novas formas de enxergar o mundo, e por isso o treinamento e a educação são muito importantes nessa etapa”.

Isso ficou claro com um dado apresentado por Lilio Rocha, Innovation Evangelist LATAM na DHL Supply Chain. Segundo ele vários motoristas utilizaram um mesmo modelo de utilitário elétrico e a diferença de autonomia no uso real entre eles chegou a 80%. “Essa variação só pode ser eliminada com um treinamento específico para os utilitários elétricos”, opinou.

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Fonte: direitonews

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