É de conhecimento geral que parcelas e juros fazem parte da realidade econômica do cidadão brasileiro, e em relação à compra de carros essa situação não é diferente. Para se ter como base, dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) revelam que, em 2024, quase metade das compras totais de veículos leves foram feitas por meio de financiamento – o equivalente a 46% do total.
O balanço anual ainda revela que, neste mesmo ano, o total de recursos liberados para a realização dos financiamentos registrados foi de R$ 272,7 bilhões. Em outras palavras, esse valor representa o crédito fornecido pelas instituições financeiras para aqueles que optaram pela compra financiada ; ou seja, o dinheiro “emprestado” com juros.
Paula Bazzo, consultora pessoal de finanças, apresenta duas principais razões para o aumento de compras de veículos através do financiamento.
A primeira se deve ao aumento da concorrência no setor. Nesse cenário, muitas montadoras, por serem integradas às próprias concessionárias, tornam a concessão de créditos menos burocrática e oferecem recursos como entrada reduzida, aumento dos prazos de pagamento, prestações mais flexíveis, programas de recompra ou até mesmo juros zerados para alguns modelos. “Dessa forma, o movimento beneficia o consumidor, que recorre ao financiamento como a alternativa mais atrativa do mercado”, afirma.
O segundo fator dialoga diretamente com a preferência do transporte individual ao público, especialmente nos casos em que o condutor não possui renda suficiente para a compra do veículo à vista. Nesses casos, há a possibilidade de construção de uma dívida que, ainda que seja para a compra de um patrimônio, muitas vezes tem peso no orçamento doméstico.
No entanto, enquanto a modalidade apresenta crescimento gradativo entre o público comprador da categoria, tendo em vista que em 2023 a porcentagem registrada foi de 40%, as vendas à vista registram considerável queda. Nos respectivos anos, a taxa de compras imediatas caiu de 56% para 50%.
A queda na compra de veículos à vista traduz a crescente busca do condutor brasileiro pelo financiamento . Levando em consideração as condições agradáveis da modalidade, o levantamento da Anef registrou queda na inadimplência, sendo de 0,3 pontos percentuais para pessoas físicas e 0,7 p.p. para pessoas jurídicas.
Além da flexibilidade por parte das empresas, existem outros fatores que contribuem para esse resultado:
Por fim, o estudo revela que o saldo total das carteiras também deu um salto, chegando a R$ 483,8 bilhões, o que significa um aumento de 15,7% em relação a 2023.
No caso de caminhões e ônibus, as vendas financiadas tiveram um pequeno decréscimo. Na comparação entre 2023 e 2024, houve queda de 41% para 40%. Já as vendas à vista aumentaram de 23% para 25%.
Em relação às motos, as vendas financiadas permaneceram em 37%, resultado também apresentado em 2023 e 2021. Nesse caso, a comercialização à vista aumentou de 28% para 31%.
Paulo Noman, presidente da Anef, diz que será um ano desafiador, devido à alta de juros. “Teremos que trabalhar com criatividade: oferecer soluções cada vez mais personalizadas, prazos mais flexíveis e pagamentos residuais no final do contrato, a chamada parcela “balão”, como já temos feito”, comentou.
Para este ano, a ANEF projeta um aumento de 8,5% no total de recursos liberados, alcançando os R$ 297 bilhões.
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Fonte: direitonews