Adotada recentemente pela Chevrolet com o Spark EUV, a estratégia de lançar com marca própria carros desenvolvidos por outras fabricantes não é novidade no Brasil. Ao longo dos últimos anos, a tática foi repetida por diversas montadoras e rendeu casos curiosos, tanto de sucesso quanto de fracasso. Diversas categorias foram alcançadas, começando pelo segmento de compactos, passando pelo de SUVs e, mais recentemente, o de picapes.
Dentro do rebadge, como é chamada a prática, a montadora economiza custos e tempo de desenvolvimento, já que não precisa gastar milhões para projetar o carro do zero. Como resultado, a estratégia facilita a entrada em novos mercados e ajuda a atender a demanda de nichos específicos, como o caso do Chevrolet Spark no segmento de compactos elétricos.
Autoesporte pesquisou e reuniu 5 exemplos que são ou já foram vendidos no Brasil. A lista inclui modelos da própria Chevrolet, uma das marcas mais adeptas da estratégia, mas também da Stellantis e da Renault. Confira!
O primeiro Chevrolet Cruze foi lançado no Brasil em 2011, como sucessor de Vectra e Astra, mas já existia no mercado internacional há pelo menos três anos. O modelo foi originalmente desenvolvido pela extinta Daewoo (subsidiária da General Motors na Coreia do Sul) e lançado em meados de 2008 como Lacetti Premiere.
Com o projeto já pronto, a Chevrolet adicionou o logotipo da gravata dourada e deu alcance internacional ao modelo, trazendo-o para o Brasil e também o levando para Estados Unidos e até mercados da Europa. As diferenças entre as duas variantes se resumiam basicamente ao desenho da grade. A plataforma era a mesma Delta II, que foi desenvolvida pela Opel.
Bem antes da criação da Stellantis, ainda na época da FCA, a Fiat apostou no Freemont como seu representante no segmento de SUVs. Lançado em 2011, o modelo era gêmeo do Dodge Journey e produzido no México com diferenças visuais mínimas (mudava apenas grade e logotipos). Curiosamente, mesmo sendo semelhantes estética e tecnicamente, os SUVs médios tinham públicos distintos.
O Freemont (descontinuado em 2016) era mais simples no acabamento e na lista de equipamentos, tendo sob o capô um motor 2.4 de 172 cv ligado a um câmbio automático de quatro marchas. Já o Journey (vendido até 2020) era mais refinado, recheado e equipado com motor V6 3.6 de 280 cv (o câmbio mudava para um de seis marchas). Em termos de espaço, os dois ofereciam capacidade para levar até sete passageiros.
Da mesma forma que faz hoje com o Spark, a Chevrolet recorreu a uma montadora oriental para incluir o SUV Tracker em sua gama no final da década de 1980. A parceria foi firmada com a Suzuki, que cedeu para a marca norte-americana o projeto do Grand Vitara. O primeiro Tracker foi originalmente lançado em 1989, nos Estados Unidos, mas a chegada ao Brasil aconteceu somente em 2001, já na segunda geração.
Para o mercado nacional, a produção era concentrada na Argentina e durou até 2006, quando o modelo saiu de linha. No visual, as mudanças em relação ao Grand Vitara se resumiam aos logotipos. Sob o capô, um motor 2.0 turbodiesel chegou a ser oferecido nos primeiros anos, mas logo depois foi substituído por um 2.0 a gasolina. A tração 4×4 era o principal diferencial do modelo na categoria.
Embora tenha sido lançado no Brasil em 2007, o Logan já existia na Europa desde 2004. O modelo foi projetado pela marca romena Dacia, pertencente ao grupo Renault, e fez sucesso por lá ao conciliar atributos como preço acessível e amplo espaço interno. A mesma fórmula foi aplicada por aqui e representou uma virada de chave para a divisão local da empresa, que viveu anos de ouro com vendas crescentes.
O mesmo pode ser dito do Sandero, que chegou ao mercado também em 2007 apostando na mesma estratégia. Rapidamente se tornou um dos carros mais vendidos da Renault no Brasil e acabou por substituir o Clio no portfólio. O desenvolvimento do projeto também foi compartilhado com a Dacia, que até hoje tem sua própria versão à venda na Europa. O modelo, inclusive, é um dos carros mais vendidos do continente.
O sucesso de Logan e Sandero ajudou a pavimentar o caminho para a chegada do Duster, que também nasceu originalmente como Dacia. O lançamento na Europa aconteceu em 2009, enquanto a chegada ao Brasil aconteceu em 2011. O modelo está atualmente na segunda geração no mercado brasileiro e na terceira linhagem no mercado europeu (ainda em estudos para o Brasil).
À venda no Brasil desde o início de 2024, a Fiat Titano é outro exemplo de projeto lançado aqui a partir de um rebadge. Originalmente, a picape média foi desenvolvida pela chinesa Changan em parceria com o extinto grupo francês PSA. A primeira lançou em 2019 a Kaicene F70 (também chamada de Hunter), enquanto a segunda teve como contraparte a Peugeot Landtrek, apresentada em 2020.
A partir do exemplar da Peugeot, já no âmbito do grupo Stellantis, a Fiat lançou por aqui a Titano, apostando forte na tradição que construiu com Strada e Toro. Na comparação com a Landtrek, a novata mudou apenas elementos como grade, logotipos e desenho das rodas. Sob o capô, ganhou recentemente motor 2.2 turbodiesel com 200 cv de potência e câmbio automático de oito marchas.
Lá fora, o projeto original da Changan conta com diversas variações, incluindo versões com caçamba alongada, opção a gasolina e até uma configuração elétrica de autonomia estendida (REEV) capaz de rodar mais de 1.000 km.
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Fonte: direitonews