Valorização cambial e desinflação favorecem alta de 2,8% no faturamento das pequenas empresas


Uma receita sob medida, com base na valorização cambial e temperada com menor pressão da inflação, foi o suficiente para alimentar a alta de 2,8% do faturamento das pequenas empresas nacionais no primeiro semestre deste ano (1S23) – no comparativo anual – e, o que, é mais importante, com perspectivas de expansão ainda maior no curto e médio prazos.

Uma vez superado o clima de incertezas, da reta final do ano passado – marcado pela indefinição do horizonte de corte da taxa básica de juros (Selic), nível de desemprego elevado e dúvidas sobre a condução do país, logo após o pleito presidencial – o cenário de negócios no país começa a dar sinais de aquecimento, tendo em vista a combinação positiva de desinflação com ‘resiliência’ de avanço do mercado de trabalho.

A expansão de receita do segmento, inclusive, superou as projeções apresentadas pelos economistas responsáveis pelo Índice Omie de Desempenho Econômico da PMEs (IODE-PMES), que considera a movimentação real de negócios (já descontada a variação inflacionária) com faturamento anual de até R$ 50 milhões, nos quatro principais setores econômicos (comércio, indústria, infraestrutura e serviços).

Na avaliação do economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, Felipe Beraldi, “começamos o ano com um cenário de crescimento muito mais contido, com grandes desafios para as PMEs e projeções macroeconômicas bem mais pessimistas. Passado o primeiro semestre de 2023, vemos uma certa sustentação dos resultados destes negócios, algo semelhante ao que aconteceu com a economia como um todo”.

Termômetro econômico das pequenas e médias empresas, o IODE-PMEs revela desempenhos distintos entre os setores, uma vez que a indústria avançou 1,8%, ante o primeiro semestre de 2022, enquanto que os serviços cresceram 1,4%, no mesmo comparativo.

“Os dados de crescimento formam um condicionante importante, não só do ponto de vista macroeconômico, mas também para as empresas B2B [empresas que vendem soluções para outras empresas] listadas na bolsa de valores, que, por vezes, formam um todo produtivo”, pondera Beraldi.

No caso específico da indústria, o avanço foi ‘puxado’ por segmentos de transformação, como ‘fabricação de autopeças e implementos rodoviários’ e ‘fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos’. Em menor proporção, também tiveram influência os ‘negócios da indústria extrativa’, com destaque para o bom desempenho do segmento ‘extração de minerais não metálicos’.

“Na indústria que depende de matérias-primas cotadas em dólar, o processo de valorização do câmbio melhorou o contexto dos custos. Esse aspecto e a redução das pressões inflacionárias foram parâmetros muito importantes que apresentaram melhora mais rápido do que o esperado,” arremata o economista da Omie.

Fonte: capitalist

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