SÃO PAULO, SP – Uma vacina inalável contra a Covid-19 passou a ser utilizada na China como dose de reforço. As primeiras aplicações ocorreram na cidade de Xangai nesta quarta (26), segundo a Cansino, farmacêutica que fabrica o imunizante. A empresa também disse que essa é a primeira vacina inalada utilizada contra a doença.
O imunizante, chamado de Convidecia Air, recebeu autorização de uso emergencial na China em setembro deste ano. Além dela, já existia uma versão injetável da mesma vacina com autorização da agência regulatória chinesa desde fevereiro de 2021.
A farmacêutica disse, em nota, que uma pessoa só terá acesso a vacina em formato inalável se for maior de 18 anos. O interessado pelo imunizante também precisa ter tomado pelo menos uma dose da versão injetável ou ter sido imunizado com duas aplicações de uma vacina inativada.
Tanto a versão inalada quanto a injetada são baseadas na tecnologia de um adenovírus modificado geneticamente para ser inofensivo e também para carregar o código genético do Sars-CoV-2, vírus que causa a Covid-19. Assim, o sistema imune tem acesso a partes do vírus, o que permite o desenvolvimento da resposta e da memória imunológicas.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera a vacina injetável da Cansino como segura para ser utilizada em adultos. A entidade também afirma que estudos clínicos observaram uma eficácia de 58% para reduzir casos sintomáticos de Covid-19 e 92% para quadros graves.
A organização não cita informações sobre a versão inalável da vacina, mas pesquisas já foram realizadas sobre o imunizante. Na revista Lancet, foi publicado um estudo clínico de fase um com 130 participantes. Os pesquisadores concluíram que houve eventos adversos, porém com boa tolerância dos participantes. Além disso, duas doses da vacina inalável tinham efeito comparativo com a versão injetável.
Mesmo assim, não era possível concluir sobre a eficácia do imunizante por ser uma pesquisa pequena e de fase um. “A eficácia e o custo efetividade da vacinação em aerosol deverá ser avaliada em estudos futuros”, escreveram os autores.
Outro estudo também foi publicado na Lancet sobre o fármaco. Dessa vez, a finalidade foi medir o efeito que o imunizante, ao ser inalado por via oral, teve como reforço em pessoas que já tinham sido vacinadas com duas doses da Coronavac. Os pesquisadores observaram boa tolerância ao fármaco e capacidade dele de gerar imunogenecidade mesmo com as doses prévias da Coronavac.
Vacinas nasais contra a Covid-19 são objeto de investigações por outras farmacêuticas e centros de pesquisa. No Brasil, um laboratório do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da USP trabalha no desenvolvimento de uma vacina nasal que poderia induzir a uma melhor resposta imune.