Um grupo de pesquisadores da Universidade de Alcalá, em Madrid, Espanha, revelou que pessoas com mais de 40 anos que estão em dia com a vacinação anual contra a gripe tiveram 12% menos chances de sofrerem de acidente vascular Cerebral (AVC) comparadas àquelas não imunizadas. O estudo foi publicado na última quarta-feira (7/9), na revista online Neurology.
Para a condução da pesquisa, os cientistas selecionaram 75 mil pessoas com mais de 40 anos em um banco de dados de saúde espanhol. Dos participantes, cerca de 14 mil haviam tido pelo menos um derrame nos últimos 14 anos e 61 mil nunca haviam apresentado o problema. A equipe analisou o status de vacinação contra a gripe dos pacientes e considerou fatores que aumentam o risco de ter o evento cardiovascular, como idade avançada e problemas cardiovasculares crônicos.
“Os resultados são mais um motivo para as pessoas se vacinarem anualmente contra a gripe, especialmente se elas já têm algum risco de ter AVC. Ter a chance de reduzir o episódio tomando uma atitude simples é muito atraente”, disse Francisco de Abajo, um dos pesquisadores, na nota de divulgação sobre o estudo.
Os cientistas focaram a análise no acidente vascular cerebral isquêmico, o AVC mais comum, causado por um bloqueio do fluxo sanguíneo para o cérebro. O grupo verificou se as pessoas que passaram pelo episódio haviam recebido a vacina contra o vírus influenza pelo menos 14 dias antes do derrame cerebral e também analisou como estava a imunização dos participantes sem histórico de AVC.
Idade e fatores de risco
Um total de 41% das pessoas que haviam tido o episódio de AVC isquêmico tinham recebido a vacina comparado a 40,5% que não estavam imunizadas e não apresentaram o problema. Mas, de acordo com os pesquisadores, os imunizados eram pessoas com idade mais avançadas e com problemas de saúde como pressão sanguínea alta e colesterol alto, fatores que os levaram a ter maiores chances de AVC.
Quando as variáveis de idade e fatores de risco foram ajustadas, foi revelado que os imunizados tiveram 12% menos chance de ter um acidente vascular cerebral do que os não imunizados.

O acidente vascular cerebral, também conhecido como AVC ou derrame cerebral, é a interrupção do fluxo de sangue para alguma região do cérebroAgência Brasil

O acidente pode ocorrer por diversos motivos, como acúmulos de placas de gordura ou formação de um coágulo – que dão origem ao AVC isquêmico –, sangramento por pressão alta e até ruptura de um aneurisma – causando o AVC hemorrágicoPixabay

Muitos sintomas são comuns aos acidentes vasculares isquêmicos e hemorrágicos, como: dor de cabeça muito forte, fraqueza ou dormência em alguma parte do corpo, paralisia e perda súbita da falaPixabay

O derrame cerebral não tem cura, entretanto, pode ser prevenido em grande parte dos casos. Quando isso acontece, é possível investir em tratamentos para melhora do quadro e em reabilitação para diminuir o risco de sequelasPixabay

Na maioria das vezes, acontece em pessoas acima dos 50 anos, entretanto, também é possível acometer jovens. A doença pode acontecer devido a cinco principais causasPixabay

Tabagismo e má alimentação: é importante adotar uma dieta mais saudável, rica em vegetais, frutas e carne magra, além de praticar atividade física pelo menos 3 vezes na semana e não fumarPixabay

Pressão alta, colesterol e diabetes: deve-se controlar adequadamente essas doenças, além de adotar hábitos de vida saudáveis para diminuir seus efeitos negativos sobre o corpo, uma vez que podem desencadear o AVCPixabay

Defeitos no coração ou vasos sanguíneos: essas alterações podem ser detectadas em consultas de rotina e, caso sejam identificadas, devem ser acompanhadas. Em algumas pessoas, pode ser necessário o uso de medicamentos, como anticoagulantesPixabay

Drogas ilícitas: o recomendado é buscar ajuda de um centro especializado em drogas para que se possa fazer o processo de desintoxicação e, assim, melhorar a qualidade de vida do paciente, diminuindo as chances de AVCPixabay

Aumento da coagulação do sangue: doenças como o lúpus, anemia falciforme ou trombofilias; doenças que inflamam os vasos sanguíneos, como vasculites; ou espasmos cerebrais, que impedem o fluxo de sangue, devem ser investigados Pixabay
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Novos estudos
Os pesquisadores ressaltam que o estudo foi uma observação sobre a vacinação contra a gripe e o AVC feita a partir de dados dos voluntários, ou seja o trabalho não comprova causa e efeito entre vacina e AVC, mas sugere que novos estudos devem aprofundar essa investigação.
Uma das hipóteses dos cientistas é de que a gripe, em si, aumenta o risco do evento cardiovascular, de forma que reduzir o risco da doença seria uma forma indireta de diminuir a chance de ter um derrame. A segunda hipótese é que, como os derrames são desencadeados pelo acúmulo de colesterol ou pela pressão alta, deixando as artérias enfraquecidas e estreitas, a vacina promova efeitos benéficos nos vasos sanguíneos.
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