União Europeia recua sobre ajuda à Palestina contradizendo anúncio anterior de comissário do bloco


A União Europeia (UE) não vai suspender os pagamentos de ajuda à Autoridade Palestina, disse o seu chefe de política externa, Josep Borrell, na noite de segunda-feira (9), contradizendo diretamente um anúncio anterior do comissário de Alargamento do bloco, Oliver Varhelyi.

“A revisão da assistência da UE à Palestina anunciada pela Comissão Europeia não suspenderá os pagamentos devidos”, disse Borrell em comunicado, acrescentando que isso equivaleria a “punir todo o povo palestino”, prejudicando os interesses da UE na região, produzindo “apenas terroristas ainda mais encorajados”.

Várias horas antes, Varhelyi anunciou que a “escala de terror e brutalidade contra Israel e o seu povo” por parte do Hamas era um “ponto de virada” para o bloco, e que “não pode haver negócios como de costume” no futuro. Ele disse que a Comissão Europeia alocaria € 691 milhões (cerca de R$ 3,7 bilhões) em ajuda à Autoridade Palestina sob revisão e suspenderia todos os pagamentos imediatamente.
O anúncio de Varhelyi ocorreu dois dias após os confrontos entre o movimento palestino Hamas e os militares israelenses, que ceifaram centenas de vidas em ambos os lados. Pouco depois, porém, Israel ordenou um “cerco total” a Gaza, cortando o fornecimento de água, alimentos e eletricidade a mais de dois milhões de palestinos no território.
O ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, foi alegadamente o primeiro alto funcionário europeu a contestar a proclamação de Varhelyi, dizendo que a decisão deve ser tomada pelos 27 Estados-membros e que os ministros das Relações Exteriores deveriam discutir o assunto nesta terça-feira (10).
Bandeira da União Europeia (à esquerda), hasteada no Parlamento Europeu em Estrasburgo, França, em 18 de abril de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 09.10.2023

O ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, ligou para Varhelyi e transmitiu “seu desacordo com a decisão, da qual os ministros das Relações Exteriores não tinham conhecimento”, informou a emissora ABC, citando funcionários do governo não identificados.

O Ministério das Relações Exteriores irlandês também questionou diretamente a base jurídica da decisão unilateral tomada por Varhelyi.
Janez Lenarcic, o comissário da UE para a ajuda humanitária e gestão de crises, também contradisse o seu colega húngaro, dizendo que, embora condene “mais veementemente” o Hamas, a ajuda da UE “continuará enquanto for necessária”.
Em um comunicado de imprensa “esclarecendo” as observações de Varhelyi, a Comissão Europeia disse que estava “lançando uma revisão urgente da assistência da UE à Palestina“, mas não suspendia quaisquer pagamentos porque “não havia pagamentos previstos”.
“O objetivo desta revisão é garantir que nenhum financiamento da UE permita indiretamente que qualquer organização terrorista leve a cabo ataques contra Israel. A comissão vai igualmente avaliar se, à luz das novas circunstâncias no terreno, os seus programas de apoio à população palestina e à Autoridade Palestina precisam ser ajustados”, acrescenta o comunicado.

Fonte: sputniknewsbrasil

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