UFMT promove curso de expressão do raciocínio argumentativo


A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) realiza, entre 04 e 11 de abril, o curso de expressão do raciocínio argumentativo. Ministrada pela professora Beatriz Sorrentino, a atividade acontece no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) do Câmpus de Cuiabá. 

A professora explica que os argumentos são centrais para a filosofia. “Quando filósofas e filósofos refletem sobre certo problema filosófico e propõem uma teoria que apresenta uma solução para o problema, precisam apresentar também as razões pelas quais sua teoria constitui uma boa solução. Isso é feito por meio de argumentos”, exemplifica. 

“Na vida em sociedade, de modo geral, essa busca pelo melhor entendimento de uma questão ou pelo que é verdadeiro sobre uma questão, mesmo que não seja uma questão filosófica, também requer muitas vezes que se entenda por quais razões certa interpretação, ou certa posição sobre a questão é adequada. Novamente é preciso argumentar. Mesmo quando expressamos uma mera opinião, pode ser preciso argumentar, como quando digo, por exemplo, que azul é uma cor que acalma”, prossegue a docente. 

Aberta a todos os interessados, a oficina é desenvolvida em parceria com Daniele Lima, Dayane Ferreira e Adriana Oliveira e terá como metodologia a construção coletiva do conhecimento, valorizando a interação dos participantes com os conteúdos e com o grupo. 

Segundo a docente, todas consideram que uma das propostas imediatas é melhorar a compreensão das dificuldades que podem ser encontradas na argumentação, bem como suas noções básicas. “A longo prazo, e isso inclui a divulgação por meio do perfil de Instagram do projeto, nós pensamos em esclarecer e valorizar alguns pilares da argumentação que ajudam a gerar uma postura argumentativa, por exemplo, num desacordo sobre um tema, a necessidade de conhecer e realmente entender as posições contrárias às que defendemos sem caricaturá-las ou simplificá-las”, explica a docente. 

“Outro desses pilares é a necessidade de não tomar a própria posição como verdade absoluta contra a qual não pode haver boas objeções, pois é improvável que se domine de fato a verdade absoluta. Além disso, o espaço do debate argumentativo é democrático e, por isso, envolve uma diversidade de posições que precisam ser consideradas e que podem contribuir para a discussão. Se a minha posição é absoluta, de que serviria o debate?”, continua.

Redes sociais versus argumentação

Questionada sobre quais os principais motivos para decadência ou quase inexistência de debates atualmente, a professora Beatriz Sorrentino afirma que não iria tão longe. 

“Parece que as redes sociais têm colocado em evidência instâncias em que a argumentação não corre bem, ou simplesmente não existe. Talvez simplesmente porque as pessoas engajadas nessas conversas não estejam realmente querendo debater e apresentar argumentos. É possível que esse não seja o objetivo delas. Porém, isso pode ser problemático já que esse modelo de conversa se tornou amplamente difundido e comumente confundido com um debate argumentativo, o que mostra a urgência de aprendermos, como sociedade, a reconhecer o que são argumentos e a avaliar quais argumentos são adequados”, sinaliza.

Para além das redes sociais, a docente aponta que a vida é permeada pela necessidade de argumentação e que o cenário não é diferente no ambiente acadêmico. “Quando discutimos sobre o valor ou relevância de uma teoria, quando entramos em um debate em sala de aula ou no centro acadêmico, quando defendemos que a universidade precisa aplicar recursos neste ou naquele setor, quando apresentamos as razões para votar numa decisão de colegiado, dentre outras diversas situações, muitas vezes é preciso apresentar argumentos. Quanto compreendemos e nos familiarizamos com o raciocínio argumentativo, torna-se mais fácil lidar com esses debates e discussões e mais fácil torná-los frutíferos”, finaliza.

Fonte: ufmt

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