Em parceria com o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), pesquisadores da Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) estão investigando a idade de diferentes espécies de árvores dos três biomas presentes no Estado: Cerrado, Pantanal e Amazônia. O objetivo, além de melhor compreender o processo de formação e abastecimento desses sistemas, é subsidiar o MP em ações que visam punir e reparar os danos causados pelo desmatamento ilegal.
De acordo com o coordenador da primeira etapa do projeto, professor Cyro Favalessa, conhecendo a idade e longevidade da vegetação é possível desenvolver modelos de projeção futura e identificar quanto tempo uma floresta desmatada necessitaria para ser devidamente recomposta.
“Com a determinação do ritmo de crescimento e do tempo que as árvores levam para se estabelecer, podemos efetuar estimativas da dinâmica da vegetação e possivelmente estabelecer o horizonte temporal em que a área estará recuperada ou pelo menos fazer uma previsão razoável sobre como a dinâmica ocorrerá”, afirmou.
Além disso, o projeto tem um objetivo de conscientização ecológica da sociedade sobre os reais impactos do desmatamento legal, sobretudo quanto ao tempo necessário para a recuperação da vegetação nativa.
“É importante destacar que as florestas nos proporcionam serviços ecossistêmicos, como a produção de água, alimento, madeira e fibras, também propiciam a dispersão de sementes, decomposição de resíduos, controle biológico de pragas e vetores de doença, entre outros tantos que se perdem quando ocorrem desmatamentos”, completou.
Para verificar a idade das espécies, o grupo de pesquisadores utiliza uma Sonda de Pressler, um equipamento que permite perfurar o centro de uma árvore para a retirada de uma amostra do seu tronco, na qual é possível identificar os anéis de crescimento da planta sem a necessidade de cortar completamente a árvore.
De acordo com o engenheiro florestal José Guilherme Roquette, do Centro de Apoio Técnico à Execução Ambiental do MPMT e membro da Pesquisa, o projeto “Conhecendo as presentes e futuras gerações florestais” irá subsidiar o MPMT com os dados necessários para solicitar indenizações justas, baseadas em Ciência, visando a recomposição das florestas desmatadas considerando o tempo mínimo para a recuperação do Bioma.
“Na esfera cível, pela qual se busca a reparação integral dos danos ambientais, além da necessidade de recuperação da vegetação nativa desmatada, faz-se necessária a indenização pecuniária pelo tempo até o restabelecimento completo das funções ecossistêmicas, ou seja, uma indenização pelos danos interinos”, explicou.
O projeto está em sua primeira etapa, investigando as árvores do Cerrado, e já recebeu recursos de processos ambientais da 15ª promotoria de Justiça Cível de Cuiabá, através da promotora de Justiça Ana Luiza Ávila Peterlini de Souza; da Promotoria de Justiça de Itiquira, através do promotor de Justiça Cláudio Gonzaga; e da promotoria de Justiça de Novo São Joaquim, através do promotor de Justiça Márcio Schimiti Chueire.
Fonte: ufmt