Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
Uma megaoperação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta-feira (28) desvendou um grupo de extermínio que se autodenominava “Comando de Caça aos Comunistas, Criminosos e Corruptos” – ou simplesmente C4. Cinco suspeitos foram presos em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, por envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em Cuiabá, em 5 de dezembro de 2023. A ação, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, revelou planos ainda mais ambiciosos da organização criminosa, que tinha como alvos o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e ministros do STF, além de praticar espionagem e venda de sentenças.
O assassinato de Zampieri e a descoberta do C4
O advogado Roberto Zampieri, 57 anos, foi morto a tiros em frente ao seu escritório. A investigação de sua morte se tornou a “peça central” para desvendar uma complexa rede criminosa. No celular de Zampieri, os investigadores encontraram registros de negociações envolvendo a venda de sentenças judiciais, com menções a juízes de diversos tribunais e até gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que levou à Operação Sisamnes. Em novembro de 2024, três servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) foram afastados por suspeita de participação no esquema, e, em agosto do mesmo ano, mensagens do celular de Zampieri resultaram no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho.

O advogado Roberto Zampieri, morto em 2023, aos 57 anos
Segundo a Polícia Civil de Mato Grosso, o assassinato de Zampieri foi ordenado por Aníbal Manoel Laurindo devido a uma disputa judicial por terras avaliadas em mais de R$ 100 milhões em Paranatinga (MT). Aníbal desconfiava de uma suposta aproximação de Zampieri com o desembargador do caso, apesar de o advogado ser apenas o representante legal do fazendeiro que buscava reaver a propriedade.
Quem são os presos e os alvos do grupo
Entre os detidos estão:
- Antonio Gomes da Silva e Hedilerson Fialho Martins: apontados como os executores do assassinato de Zampieri.
- Coronel Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas: suspeito de financiar as operações ilegais do grupo.
- Aníbal Manoel Laurindo: indicado como o mandante do homicídio de Zampieri.
- Gilberto Louzada da Silva: cujo papel ainda está sob análise.
A Polícia Federal corrobora os indiciamentos feitos pela Polícia Civil em 2024, que atribuíram aos suspeitos as funções de “mandante”, “financiador”, “atirador” e “intermediador”.
Tabela de preços de assassinatos e espionagem de autoridades
A PF revelou que o grupo C4 mantinha tabelas impressas com o “preço” de cada assassinato, variando de acordo com a “função” da vítima:
- “figuras normais”: R$ 50 mil
- deputados: R$ 100 mil
- senadores: R$ 150 mil
- ministros / judiciário: R$ 250 mil
Os documentos da PF indicam que o grupo também cobrava para espionar autoridades, como os ministros do STF, e tinha o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como um de seus alvos. As investigações ainda apuram se alvos desses altos cargos foram de fato espionados ou se a tabela era apenas uma “previsão” de preços.

(Divulgação)
Arsenal e modus operandi
O planejamento do C4 incluía a locação de imóveis, a “utilização de garotas e garotos de programas como iscas”, o uso de perucas e bigodes como disfarce e o acionamento de drones. O grupo listava um arsenal impressionante que poderia ser acionado em suas operações, incluindo:
- 5 fuzis de “snipper” (sic) com silenciador
- 15 pistolas com silenciador
- munição
- lança-rojão tipo AT 34 de ombro
- minas magnéticas e explosivos com detonação remota
- 5 veículos Doblò usados
- 5 carros pequenos/médios
- placas frias
Parte dessas armas foi apreendida nesta quarta-feira em um endereço em Minas Gerais.

Armas apreendidas em MG com alvos da operação Sisamnes — Foto: PF/Reprodução
Além das cinco prisões, a operação também cumpriu ordens de monitoramento eletrônico, seis mandados de busca e apreensão, e medidas cautelares contra outros alvos, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato e ordem para entrega de passaportes.
Fonte: gazetabrasil