Trigo: Demanda chinesa deve seguir suportando preços do trigo; confira análises da hEDGEpoint


  • O trigo Chicago atingiu as máximas dos últimos 4 meses no começo da semana passada, e essa alta foi muito influenciada por grandes compras de Trigo Mole Vermelho (SRW) dos EUA por parte da China. Com esses movimentos relevantes, surgem novos questionamentos. Essa demanda deve seguir ao longo do ano comercial? Ela pode seguir impactando os preços?
     
  • A combinação de uma safra menor com baixa qualidade no gigante asiático com safras menores em seus ofertantes mais “comuns” (Austrália e Canadá) devem manter a demanda chinesa pelo trigo dos EUA forte. Contudo, a seca no Canal do Panamá oferece um importante risco para esse cenário.
     
  • Adicionalmente, outros fundamentos podem impulsionar os especuladores a seguirem reduzindo suas posições vendidas, como o atraso do plantio na França e a estimativa de estoques globais mais apertados divulgados no último WASDE.
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As últimas duas semanas trouxeram alguns novos fundamentos interessantes para os mercados de trigo, a maioria deles com um viés altista. Dentre esses novos fundamentos, a demanda chinesa com certeza é a que mais se destaca.

“O trigo Chicago atingiu as máximas dos últimos 4 meses no começo da semana passada, e essa alta foi muito influenciada por grandes compras de Trigo Mole Vermelho (SRW) dos EUA por parte da China. O USDA confirmou reservas de mais de 1M mt para a China no começo da semana passada, o maior volume de vendas em uma semana para o país asiático desde julho de 2014 e próximo da maior quantidade semanal já registrada. Com esses movimentos relevantes, surgem novos questionamentos. Essa demanda deve seguir ao longo do ano comercial? Ela pode seguir impactando os preços? Esse relatório visa trazer um direcionamento para essas questões”, diz Alef Dias, analista de Grãos & Oleaginosas da companhia.

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Tudo indica que demanda chinesa deve seguir forte

A China está a caminho de importar volumes quase recordes de trigo este ano, após uma colheita ruim e um aumento nos preços internos. A safra de trigo do país caiu para 137M mt em 2023/24, um pouco abaixo do ano passado e a primeira queda em cinco anos.

“A abundância de chuvas nas principais regiões produtoras de trigo do país antes da colheita reduziu substancialmente a qualidade da safra, levando uma porcentagem anormalmente grande da safra para uso em ração animal. Este ano, os preços internos do trigo na China começaram a subir no final de julho e ultrapassaram os do milho e do arroz em meados de agosto. Como resultado, as importações de trigo do país dispararam em 2023, com os totais dos primeiros nove meses do ano aumentando 64% em comparação com o mesmo período do ano passado. Contudo, olhando para os valores acumulados, ainda há espaço para a manutenção de um forte ritmo de importação”, observa o analista.

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Demanda deve ser direcionada para os EUA

O aumento da demanda chinesa neste ano ocorre em um momento em que a oferta global de trigo foi restringida por condições climáticas extremas. A Austrália, que é a principal fonte de importação de trigo da China, tem enfrentado seus próprios cortes de produção resultantes da seca exacerbada pelo El Niño.

A safra no Canadá, outro dos principais parceiros comerciais de trigo da China, também sofreu este ano com a seca e as temperaturas extremas. Historicamente, França e EUA são os outros países com uma participação relevante no mercado chinês, porém o primeiro teve uma safra menor vs 22/23 e as projeções já pessimistas para a safra 24/25 por conta do atraso no plantio devem prejudicar a competitividade do trigo francês nos próximos meses.

“Com isso, os EUA devem seguir sendo a principal alternativa para as importações chinesas ao longo da safra 23/24, dada a sua boa safra – em especial do SRW, que tem sido o principal tipo comprado pelos chineses”, diz.

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Contudo, é importante ressaltar que a seca no Canal do Panamá – uma das principais rotas de exportação dos grãos americanos para os mercados asiáticos – pode impactar a competitividade do trigo dos EUA.

A Autoridade do Canal do Panamá restringiu o trânsito de embarcações neste outono, pois uma seca severa limitou as reservas de água necessárias para operar seu sistema de eclusas. Atualmente, são permitidos apenas 22 trânsitos diários, em comparação com cerca de 35 em condições normais.

“As restrições provavelmente continuarão a impedir o transporte de grãos até 2024, quando a estação úmida da região poderá começar a recarregar os reservatórios e normalizar o transporte em abril ou maio. Em fevereiro, os trânsitos diminuirão ainda mais, para 18 por dia”, explica.

 

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Se o mercado seguir reagindo à demanda chinesa pelo trigo americano como foi na última semana, o suporte aos preços deve seguir forte ao longo do ano-safra 23/24. A combinação de uma safra menor com baixa qualidade no gigante asiático com safras menores em seus ofertantes mais “comuns” (Austrália e Canadá) devem manter a demanda pelo trigo dos EUA forte.

Contudo, a seca no Canal do Panamá oferece um importante risco para esse cenário. Adicionalmente, outros fundamentos podem impulsionar os especuladores a seguirem reduzindo suas posições vendidas, como aconteceu no último relatório da CFTC. Já é praticamente certo que o atraso no plantio da França levará a uma redução da área plantada e o WASDE da última sexta-feira trouxe mais um corte nos estoques globais.

Fonte: noticiasagricolas

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