Com estimativa de produzir trigo em 1.312.488 hectares no Rio Grande do Sul, nos últimos dias o plantio avançou e atinge 69% da área projetara para o Estado nesta Safra. Progredindo de forma mais lenta em regiões com maior umidade relativa do ar e no solo e com mais intensidade onde não ocorreram chuvas, o plantio do trigo está atrasado, mas, de acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (04/07) pela Emater/RS-Ascar, há perspectiva de conclusão dentro do período definido no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc).
As baixas temperaturas nessa fase são favoráveis para a expressão de alto potencial produtivo do trigo, cujas últimas lavouras implantadas apresentam melhor emergência e estande de plantas. As geadas favorecem a sanidade da cultura, diminuindo a incidência de insetos e de doenças. Em relação ao controle de doenças foliares, iniciou a realização de aplicações preventivas. Houve necessidade de segundo manejo químico para controle de plantas nas áreas em que a dessecação foi realizada no início de junho.
Com estimativa de cultivo em 365.590 hectares na Safra 2024, a implantação da aveia branca foi finalizada, com atraso em relação ao planejado pelos produtores, devido à recorrência de chuvas no período e à falta de sol. Por outro lado, essa situação, de maneira geral, não deve impactar os tetos produtivos da cultura. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, a semeadura da aveia branca foi encerrada, estando cerca de 70% estão nos estádios de germinação e desenvolvimento vegetativo, 20% em florescimento, e 10%, em enchimento de grãos. Em relação ao manejo fitossanitário, as baixas temperaturas, nos últimos dias do período, reduziram a infestação de pulgão, que já não é mais um problema. Contudo, em muitas lavouras, em especial as que apresentam desenvolvimento mais adiantado, é bastante preocupante a incidência de ferrugem.
Canola – A estimativa de safra para canola no RS é de 134.975 hectares. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, é de 17.040 hectares. Em Itacurubi, apenas 25% da área total prevista de 1.980 hectares foi implantada, em razão dos 220 mm de chuvas registradas em junho. Muitos produtores estão desistindo da cultura para implantarem trigo, cujo período de plantio, conforme o Zarc, finaliza em aproximadamente três semanas.
Já na região de Santa Maria, a estimativa de plantio da canola é de 29.326 hectares. O crescimento significativo na área está atribuído ao incentivo das cooperativas para o plantio de canola, aliado ao preço favorável no mercado e ao menor custo de implantação em comparação ao trigo. Em Tupanciretã, está a maior área plantada na região, totalizando 13.253 hectares; em segundo lugar, está Capão do Cipó, com 7 mil hectares. Todas as lavouras nesses municípios foram plantadas, porém enfrentam desafios em razão do excesso de chuva e solos erodidos. Estima-se que mais de 90% da área destinada à canola tenha sido implantada na região.
Cevada – A projeção inicial de cultivo da cultura é de 34.429 hectares. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, da área prevista de 12.460 hectares, 80% estão plantados e nas fases de emergência e início de crescimento vegetativo. A expectativa de preço contratado pela indústria cervejeira é de 15% acima do valor do trigo, que está em torno de R$ 75,00/sc. de 60 kg.
Na região de Frederico Westphalen, os 1.460 hectares destinados à cultura nesta safra estão em fase vegetativa e apresentam desenvolvimento satisfatório. Os elevados índices de umidade do solo favoreceram a realização da adubação nitrogenada em cobertura com eficiência, uma operação importante, já que aplicações mais tardias tendem a aumentar o teor de proteína nos grãos, o que é indesejado pelas maltarias.
CULTURAS DE VERÃO
Na região de Pelotas, os produtores seguem colocando bovinos de corte e ovinos para pastoreio nas áreas com plantas forrageiras estabelecidas – principalmente azevém –, onde havia cultivos de soja. Há muitos relatos de produtores que decidiram entregar as áreas arrendadas sem o pagamento dos valores acordados. Os produtores que tiveram perdas expressivas em função das adversidades climáticas acionaram o seguro agrícola. Aqueles que não possuem lavouras asseguradas estão repactuando as dívidas com as cerealistas, com agentes financeiros e demais financiadores da safra e postergando para as safras futuras a quitação dos débitos.
Milho – A colheita está tecnicamente encerrada no Estado. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, os produtores aguardam informações do Plano Safra 2024/2025 para darem encaminhamento aos projetos de custeio das lavouras. Já na região de Santa Rosa, continuam a procura e o encaminhamento de pré-custeios para a Safra 2024/2025, que deverá iniciar na região a partir de final de julho e início de agosto. Os produtores mantêm a cobertura verde para ciclagem de nutrientes e fixação de nitrogênio nas lavouras que receberão a cultura na próxima safra.
OLERÍCOLAS E FRUTÍCOLAS
Batata – Na região de Passo Fundo, a batata está em plena colheita, atingindo 70% de 600 hectares de área cultivada em Ibiraiaras. O produto colhido apresenta baixa qualidade e tamanho reduzido, devido ao excesso de chuvas, resultando em queda aproximada de 40% na produção. O preço pago aos agricultores também sofreu redução em função da intensa colheita no período. A saca de 50 quilos de batata tipo rosa está a R$ 200,00; já a do tipo branca está a R$ 260,00. De acordo com o comércio local, esses produtos estão com baixa aceitação no mercado consumidor.
Beterraba – Na região de Lajeado, em Feliz, a cultura está em plena safra e apresentando boa qualidade. O cultivo é realizado de forma escalonada, assim, muitos produtores conseguem ter produção e colheita por mais tempo. Não houve relatos de problemas fitossanitários significativos na safra. Contudo, algumas áreas foram afetadas pelo excesso de chuva. O preço do produto varia entre R$ 3,50 e R$ 4,00/kg.
Cebola – Na região de Passo Fundo, a cultura está em início do período de cultivo. Mudas apresentam problemas de bacteriose em razão do excesso de chuvas. Porém, os agricultores que utilizam a técnica do plantio direto estão preparando o solo para iniciar o plantio nas próximas semanas. Estima-se um aumento na área de cultivo nesta safra, com expectativa de crescimento entre 5% e 10% em relação ao ano de 2023, totalizando aproximadamente 160 hectares em Ibiraiaras. Na de Pelotas, os produtores seguem preparando e semeando os canteiros (viveiros) para a produção de mudas, cujo transplante será realizado na tentativa de recuperar as perdas, ocorridas durante o período de chuvas. Embora haja alguma iniciativa de ressemeadura, há expectativa de diminuição da área a ser transplantada.
Pêssego – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, os persicultores estão finalizando as áreas para a implantação de novos pomares, visto que se aproxima a época de recebimento de novas mudas. Em relação às práticas culturais, os agricultores estão realizando aplicação de tratamentos na floração em pomares de variedades precoces, adicionando aminoácidos para minimizar danos causados pelo frio. A poda de inverno está em finalização nas variedades intermediárias. Já as variedades PS do cedo, Kampai e Rubimel estão em floração e, em alguns pomares, iniciando a frutificação. Os tratamentos estão sendo realizados preventivamente para podridão-parda nas variedades que já estão em florescimento.
Oliva – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, no município de Bagé e nas proximidades, os olivais apresentam boas condições sanitárias devido aos tratamentos preventivos com fungicidas, realizados no outono, antes do período das fortes chuvas. No momento, está paralisada a aplicação de fertilizantes, em função da redução da atividade fisiológica das plantas. A retomada está prevista para agosto, visando estimular a brotação e a fixação de flores. Em algumas áreas, estão sendo realizadas podas; parte dos produtores opta pela poda bianual, como forma de otimização da mão de obra. O potencial dos pomares é considerado satisfatório, devido à abundante vegetação desenvolvida durante os meses do último verão, à previsão de inverno com baixas temperaturas, que favorecem a indução floral, e à primavera, com volumes de chuva abaixo da média, o que beneficia a fase de floração/polinização. Já na de Pelotas, a cultura está no período de realização de poda de ramos mal posicionados na copa das árvores, bem como de ramos e galhos doentes. Os produtores da região seguem realizando os tratamentos de inverno.
Fonte: noticiasagricolas