Toyota Mirai sofre com falta de hidrogênio e donos processam a marca


O carro movido a hidrogênio é uma das soluções encontradas pela indústria automotiva para substituir os motores a combustão. O gás é colocado em tanques dentro do carro, onde um conversor o transforma em energia, que alimenta um motor elétrico e gera apenas água no escapamento. Parece limpo e sustentável, mas a primeira tentativa de emplacar a tecnologia em massa parece não estar indo muito bem nos Estados Unidos.

O Toyota Mirai, um dos carros de maior sucesso com esse tipo de combustível, tem enfrentado diversos problemas. Há reclamações sobre falhas e baixa autonomia, além da dificuldade de abastecimento.

Segundo o site Inside EVs, alguns proprietários chegaram a pedir à Toyota uma recompra e até mesmo entraram com ações judiciais. “Não há mais nenhum combustível de hidrogênio disponível em São Francisco, onde eu moro. A Toyota continua vendendo este veículo. Como isso é aceitável?” disse Shawn Hall, um dos compradores do carro à publicação americana.

Há relatos de que o abastecimento que deveria durar cinco minutos, leva mais de uma hora. Isso porque o hidrogênio é armazenado em baixíssimas temperaturas e o bico acabava congelando no carro. Para soltar, era preciso aguardar um técnico da rede de abastecimento para desligar a bomba e esperar o descongelamento.

Além disso, muitos postos estão fechando ou simplesmente não abastecendo seus estoques com o gás necessário para mover o Mirai.

Ao site, a Toyota dos EUA disse estar ciente dos problemas e que trabalha para solucioná-los. “Continuaremos a trabalhar com os clientes afetados da Mirai para ajudar a identificar maneiras de abordar suas preocupações caso a caso. Continuamos comprometidos em trabalhar com as partes interessadas para dar suporte à infraestrutura de reabastecimento de hidrogênio da Califórnia agora e no futuro”, disse em nota.

Além desses problemas, o Toyota Mirai já começou a ver sua imagem como carro sustentável ruir. Segundo a CNN americana, um grupo de 120 cientistas, engenheiros e acadêmicos escreveu uma carta aberta aos organizadores das Olimpíadas de Paris pedindo que não usem o carro como veículo oficial dos Jogos. Segundo eles, o carro movido a hidrogênio prejudicaria as credenciais verdes do evento.

Para o grupo, carros movidos a hidrogênio emitem zero carbono no escapamento, mas 96% desse combustível ainda é derivado de combustíveis fósseis como gás metano. Isso torna a maioria dos carros movidos a hidrogênio muito mais poluentes do que veículos elétricos a bateria.

Quando a marca anunciou o fornecimento de uma frota de 500 Mirai e 10 ônibus a hidrogênio para os Jogos, porém, afirmou que o combustível seria derivado de água e matéria orgânica. Os cientistas, porém, se opõem à promoção do carro.

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“Estamos escrevendo para expressar nossa preocupação de que a promoção de um carro a hidrogênio pela Toyota esteja cientificamente desalinhada com a emissão zero e prejudique a reputação dos Jogos de 2024”, escreveram os autores.

O sedã tem um motor elétrico de 182 cv de potência e 22 kgfm de torque. A tração é traseira —e como qualquer carro elétrico—, o Mirai não tem transmissão. Segundo a Toyota, o carro elétrico leva em torno de 9,1 segundos para atingir 100 km/h.

A Toyota instalou três tanques na parte inferior do veículo, onde estariam as baterias de um carro elétrico. Ali fica armazenado o combustível do sedã de luxo.

O hidrogênio é pressurizado em um catalisador, onde seus íons e elétrons são separados. Os elétrons formam a corrente elétrica que é enviada ao motor, fazendo as rodas do carro girarem e os sistemas eletrônicos funcionarem. As moléculas de oxigênio se juntam aos íons de hidrogênio residuais, formando água, que sai pelo escapamento.

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Fonte: direitonews

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