A quarta geração da Toyota Hilux foi lançada no mercado brasileiro em 2015 com a missão de manter a hegemonia da picape média em seu segmento. Além da renovação visual e de equipamentos, o modelo ganhou melhorias estruturais e mecânicas para honrar a fama de veículo confiável e robusto que a Hilux conquistou mundialmente ao longo de décadas.
O chassi reforçado é responsável por garantir maior rigidez torcional, principalmente em uso severo, mas a grande novidade da atual geração da Hilux foi a substituição do antigo motor 3.0 turbodiesel de 171 cv de potência e 36,7 kgfm de torque pelo 2.8 turbodiesel, mais moderno e potente, de 177 cv e 45,9 kgfm.
A motorização 2.7 flex aspirada de 163 cv e 25 kgfm chegou a ser oferecida durante um período para atender os clientes mais urbanos ou que não estivessem dispostos a pagar cerca de 30% a mais pelo propulsor a diesel.
Em 2020, a Toyota Hilux de quarta geração chegou a ter uma série limitada a 100 unidades equipada com o motor 4.0 V6 aspirado a gasolina de 234 cv e 38,3 kgfm. Com visual exclusivo, a Hilux GR Sport tinha uma proposta mais esportiva inspirada na divisão de alto desempenho Gazoo Racing.
Na linha 2021, a picape sofreu retoques visuais e ganhou novos equipamentos. A versão topo de linha SRX passou a vir com o Toyota Safety Sense, o pacote de assistências de condução formado por controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma, entre outros recursos.
O motor 2.8 turbodiesel, por sua vez, teve um incremento de potência e torque, elevados para 204 cv e 51 kgfm, respectivamente.
Independentemente da configuração da picape, a confiabilidade da Hilux segue inabalável – tanto que o modelo lidera a categoria desde 2016. No acumulado de janeiro a agosto de 2024, a Toyota soma mais de 31 mil emplacamentos, enquanto a Ford Ranger, segunda colocada do segmento, teve 18.231 unidades vendidas no período.
Apesar da fama de ser quase “inquebrável”, a Toyota Hilux também acumula queixas de consumidores no site Reclame Aqui. Os donos da picape relatam problemas diversos, como mau funcionamento da central multimídia, infiltração de poeira na cabine, barulhos na suspensão e falha no sistema anticolisão (PCS), responsável pela detecção de veículos ou obstáculos na estrada.
Porém, as reclamações mais recorrentes envolvem o recall do aerofólio de duas versões e os discos dos freios dianteiros.
Em maio deste ano, a Toyota convocou os proprietários da Hilux SRX Plus e GR-Sport para a remoção do aerofólio, chamado pela marca de “barra esportiva”. Segundo o comunicado da fabricante, em determinadas condições severas de uso, os suportes do acessório podem rachar e se desprender do veículo, podendo causar danos a terceiros.
Os consumidores relatam que após removerem a peça, os concessionários dão três opções: substituir o aerofólio por um santantônio convencional, reembolso de cerca de R$ 1.800 ou simplesmente esperar a Toyota desenvolver um novo acessório.
“Sou proprietário de uma Hilux SRX Plus 2024. Na revisão, foi retirada a barra esportiva, mas a marca não deu nenhuma previsão de colocar outra no lugar. Reclamei no Serviço de Atendimento ao Consumidor no dia 5 de junho, mas a resposta foi só enrolação. Peço que a marca de melhor pós-venda não permita tal vexame (sic) de não saber ou não querer resolver esta situação. Afinal, paguei pela barra esportiva. Está faltando seriedade e compromisso com o cliente”, reclama o consumidor Veroneide, de Guapirama (PR).
A Toyota respondeu à reclamação como faz com a maioria das queixas reportadas no Reclame Aqui. A marca explica que a retirada do acessório “se trata de um cumprimento de recall, que está regulamentado pelo órgão de trânsito, visando a segurança”. A empresa recomenda ao consumidor, que não aceitou as opções disponíveis, aguardar a segunda fase do recall para uma resolução.
Para o mecânico Paulo Vianna, a Toyota tomou a decisão correta ao realizar o recall para a retirada de um componente defeituoso, embora ainda não tenha definido uma solução definitiva para o caso. “Imagino que o consumidor fique aborrecido pelo fato de o acessório não ser substituído por outro semelhante, uma vez que ele comprou o veículo com aquelas características [de estilo]. No entanto, é uma peça que não compromete o funcionamento do carro, portanto, é melhor rodar temporariamente sem esse aerofólio do que correr o risco de quebra e gerar prejuízos materiais e até físicos a terceiros”.
Outro problema bastante relatado pelos donos da Hilux é o empenamento dos discos dos freios dianteiros. Os consumidores contam que a picape apresenta esse defeito mesmo em veículos com baixa quilometragem e com histórico de manutenção preventiva recomendada pelo fabricante.
“Muita vibração no volante ao frear o veículo, principalmente em serra e descidas. Em velocidades de viagem, a 100 km/h até 110 km/h em rodovias, já é previsto a vibração descontrolada do volante. Foi identificado o problema com 32 mil quilômetros rodados. Na revisão seguinte, de 40 mil km, foi detectado e atestado por um técnico, após teste de rodagem juntamente com o proprietário em estrada, que após o aquecimento do disco, o volante vibra demais. Dependendo da situação, pode não ter tempo de frear ou até perder o controle do automóvel (sic)”, relata o consumidor Jefferson, de Itajaí (SC).
Após contato por telefone com o cliente, a Toyota explica que os componentes de desgaste natural dos freios (discos e pastilhas) não são cobertos pela garantia de fábrica, por isso não pode realizar a troca das peças gratuitamente. A marca destaca que tinha o interesse em analisar o veículo, mas o consumidor não demonstrou interesse em retornar à concessionárias para atendimento.
“O empenamento dos discos de freio da Hilux é um problema relatado desde a geração anterior. Por ser um veículo pesado, a picape exige mais do sistema, podendo provocar um desgaste anormal dos discos e pastilhas, que são peças bastante exigidas durante as frenagens. Mas é preciso verificar por que esse problema vem ocorrendo, se há alguma falha na fabricação dos componentes. De qualquer forma, tem de ficar atento para que não comprometa a segurança do veículo durante o seu uso”, destaca o mecânico Paulo Vianna.
Autoesporte entrou em contato com a Toyota, que respondeu aos questionamentos sobre os relatos de consumidores com a seguinte nota:
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Fonte: direitonews