Toyota GT86 continua surpreendente, mesmo 10 anos depois; leia o teste


A Toyota trouxe duas unidades do GT86 ao Brasil em 2013, mas o esportivo japonês não chegou a ser vendido por aqui. Porém, para a sorte daqueles que ganham a vida avaliando carros, a marca emprestou o modelo para algumas redações, como a própria Autoesporte, em meados de 2014.

Dez anos depois, um reencontro! Autoesporte teve a oportunidade de acelerar o GT86 uma vez mais, no Autódromo Velo Città, durante o GR Day, um evento em que a fabricante preparou um treinamento especial aos novos donos do GR Corolla. Os “professores” eram ninguém mais, ninguém menos do que pilotos da equipe da Stock Car.

Voltemos ao nosso querido GT86. Por que este carro é tão especial? Para começar, o esportivo traz algumas lembranças afetivas de quando ainda estava iniciando a carreira no jornalismo automotivo. Ele pintava com certa frequência na redação da antiga (e saudosa) Car and Driver Brasil, onde fiz meu primeiro estágio no setor.

Ademais, um antecessor do GT86 fez bastante sucesso na televisão. Me refiro ao Toyota AE86 “Trueno” de Initial-D, um anime sobre drift que passava no canal Animax. A obra foi responsável pela propagação da cultura JDM (“Japanese Domestic Market”) no ocidente, ao lado de filmes e jogos como Velozes & Furiosos, Need For Speed Underground e Midnight Club. O anime também popularizou o nome japonês do esportivo no ocidente: “Hachi Roku”, que significa (pasme) “oitenta e seis”.

Diria que o GT86 é um carro simples, mas não simplório. Talvez, ele pertença à última geração de esportivos japoneses com essa proposta. O visual exterior não é extravagante, mas preserva o seu charme equilibrado até os dias de hoje como um bom JDM.

Por dentro há extenso uso de plástico duro no painel e nas portas, com o acabamento soft-touch restrito a pequenas porções. Central multimídia e volante multifuncional? Esqueça. O Hachi Roku traz apenas um rádio simples com conexão Bluetooth e entrada USB.

Apesar das características rústicas, a Toyota enfeitou seu interior com acabamentos na tonalidade vermelha. Eles aparecem nos bancos, na alavanca de câmbio e no freio de mão. Não sou grande fã do volante do GT86, tanto do formato quanto do acabamento. A peça aparenta ser um brinquedo, mas tem boa empunhadura para acelerar na pista. É justamente para lá que vamos agora!

Gastei minha sorte. Os jornalistas que pilotaram o GT86 antes de mim aceleraram a versão automática. Mas, por questões de segurança e para o resfriamento dos freios, a Toyota substituiu essa variante pela manual de seis marchas.

De capacete, me acomodo nos confortáveis bancos esportivos que abraçam bem as costas do motorista. Pressiono o botão da ignição e o som do motor quase não se propaga em baixas rotações.

O Hachi Roku tem um pequeno motor 2.0 aspirado que desenvolve 200 cv de potência e 20,9 kgfm de torque. Nos dias de hoje, ainda mais após a invasão dos carros turbo, são números modestos. Acelerar forte, porém, nunca foi o objetivo principal do GT86.

Dez anos depois, o esportivo japonês ainda demonstra um equilíbrio fora do normal. Seu ajuste de suspensão é rígido, mas não chega a ser tortuoso como o do antigo Sandero RS. Pilotar o duríssimo hatch francês era como fazer uma aula de crossfit. O Toyotinha, entretanto, é um carro mais maleável e fácil de dirigir.

O volante é leve como o de um carro urbano e ainda transmite uma leitura perfeita da textura do asfalto. A condução é super direta e responsiva aos comandos do motorista.

Todavia, os 200 cv se mostram insuficientes ao encarar as subidas do Velo Città. Sou obrigado a fazer uma redução da terceira para a segunda marcha — seguida por um forte solavanco da transmissão e um tranco na carroceria.

Os esportivos modernos da Gazoo Racing, como o GR Corolla, hoje oferecem um sistema que faz punta-taccos automáticos. O recurso incrementa a experiência em pista de pilotos não tão experientes (como este que vos escreve). Contudo, a característica mais legal do GT86 é o confronto entre homem e máquina em seu estado mais puro.

Infelizmente, o GT86 nunca foi vendido no Brasil. Desde que as duas unidades foram importadas ao Brasil em 2013, nosso mercado perdeu seus esportivos mais acessíveis, como Citroën DS3, Renault Sandero RS e Fiat 500 Abarth.

Essa pode ter sido minha última experiência a bordo do Toyota GT86. Tomara que não. Quem sabe no próximo GR Day?

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Fonte: direitonews

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