Toyota, GM e Nissan investem pesado em veículos lunares que vão partir para o espaço em breve


Além de foguetes, a humanidade vai precisar de uma frota de carros para criar uma base na Lua, antes de pensar em partir para Marte. Fabricantes como Toyota, GM e Nissan estão investindo muito em veículos lunares. O desejo de colonizar o planeta vermelho é uma fixação maior do empresário Elon Musk.

A expectativa é que a primeira viagem tripulada a Marte ocorra em meados de 2034. Como diria o cientista e escritor Arthur C. Clarke “The Moon is the first milestone on the road to the stars”, algo como “a Lua é apenas a primeira parada, antes das estrelas”.

A Nasa contratou a SpaceX, empresa de Musk, para o programa Artemis 3, que deverá levar uma tripulação à Lua em 2025, 50 anos após as missões Apollo. O veículo deverá ser o Starship, foguete de 120 metros de altura por 9 m de diâmetro, com 33 motores Raptor 2 de 230 mil kgfm cada um.

É força suficiente para levar até 150 toneladas de carga – peso de 36 jipes Hummer elétricos. Em 29 de abril, o mais poderoso foguete da história explodiu quatro minutos após a decolagem. O lançamento foi considerado um sucesso para obtenção de dados.

Uma vez na Lua, daqui a dois anos, os astronautas vão precisar de carros para explorar longe do local de pouso. Mas esqueça os rudimentares Lunar Roving Vehicle (LRV), fabricados nos anos 1970 pela Boeing para o programa Apollo. Hoje, os projetos têm design moderno, cabines pressurizadas, maior autonomia e mais espaço interno.

Com vida útil de ao menos uma década, os próximos veículos lunares acomodarão astronautas em missões longas por semanas. Bem diferente da sucata abandonada na Lua há 50 anos, que tinha autonomia limitada a pouco mais de 6 km, e bateria para poucas horas.

A Toyota trabalha em parceria com a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) para colocar em operação, até 2024, o “Lunar Cruiser” – veículo tripulado para explorar a Lua. O objetivo da iniciativa é ajudar a humanidade a viver no satélite até 2040 e, depois, em Marte. Feito para acomodar duas pessoas, o SUV tem seis rodas, seis metros de comprimento, cinco de largura e cabine pressurizada com área de 13 metros quadrados. A durabilidade prevista é de até 10 mil km.

Segundo Takao Sato, gerente de projetos do desenvolvimento do rover lunar na Toyota, “vemos o espaço como uma área para nossa transformação que ocorre uma vez a cada século. Ao ir ao espaço, poderemos desenvolver telecomunicações e outras tecnologias que serão valiosas para a vida humana”. O lançamento do Lunar Cruise está previsto para 2029. A JAXA também contratou a Honda como parceira para desenvolver um sistema de célula de combustível para o rover tripulado. Enquanto a Toyota fica responsável pelo design geral do veículo.

A Nissan também trabalha com a JAXA, desde 2020, na criação de um rover lunar não tripulado batizado de Ariya e-4ORCE. E os japoneses querem um modelo energeticamente eficiente e que seja capaz de atravessar o terreno rochoso e ondulado da Lua.

Além de regenerar energia nas desacelerações, o e-4ORCE conta com motores elétricos dianteiros e traseiros. O veículo é remotamente operado e traz tecnologia de controle de motor igual à do carro elétrico Leaf, além de comando individual para as rodas similar ao do crossover Ariya vendido nos EUA.

“Nosso objetivo é melhorar o desempenho de direção através de pesquisa e desenvolvimento. Acreditamos que o know-how obtido nessa pesquisa trará inovações para nossos veículos e benefícios aos clientes”, disse Toshiyuki Nakajima, gerente do Departamento de Engenharia Avançada de Veículos da Nissan, e responsável pelo projeto e-4ORCE.

Já a parceria entre a General Motors e a Nasa não é nova. Nos anos 1970, a GM trabalhou em parceria com a Boeing para fazer rodar os Lunar Roving Vehicle (LRV) – os buggy elétricos das missões Apollo. Agora, os novos veículos serão fabricados por uma parceria entre a GM e a empresa aeroespacial Lockheed Martin – que também participou da fabricação da frota anterior, comandada pela Boeing.

O novo buggy poderá transmitir dados à Terra, terá autonomia para rodar 1.000 km diários e capacidade de carga útil de 1.500 kg, além de poder ser dirigido remotamente à velocidade de até 8 km/h. “A tecnologia evoluiu muito nas últimas décadas, e agora podemos usar o alcance desses veículos para ajudar a carregar ferramentas, amostras e permitir que as tripulações explorem mais aquela superfície”, diz Kirk Shireman, vice-presidente de Campanhas de Exploração Lunar da Lockheed Martin.

Rovers lunares são projetados para enfrentar terrenos acidentados, escuros e frios. Lembrando que na Lua a temperatura pode oscilar entre -173° e 126° Celsius. Talvez seja por isso que os especialistas dizem que dirigir na Lua não é uma experiência off-road comum.

“A maior diferença de projetar carros para a Lua, ou para aplicações espaciais, é a diferença da força de gravidade que deve ser levada em consideração. As oscilações extremas de temperatura e a radiação no espaço tornam-se desafios em termos de design de sistemas. E nós também projetamos sistemas para resistir ao choque do lançamento”, diz Madhu Raghavan, gerente de pesquisa e desenvolvimento global da GM.

Os cientistas vão até o polo sul lunar em busca de regiões permanentemente sombreadas que podem abrigar gelo e água, e ser um bom recurso para futuras missões. Por isso, a equipe de Estudos de Pesquisa e Tecnologia do Deserto (Desert Rats), da Nasa, também fez parceria com a JAXA para criar um rover pressurizado. O modelo já foi testado no deserto do Arizona (EUA) em ambiente semelhante ao da superfície lunar.

O veículo tem três metros de altura, cinco de comprimento e pode viajar a até 10 km/h. Na cabine, com espaço para dois tripulantes, há duas camas e um banheiro. “A Lua é o que toda a humanidade vê no céu noturno. E a única coisa que existe no espaço com a qual podemos nos relacionar de alguma forma. É um próximo passo apropriado a ser dado para continuarmos aprendendo sobre onde nos encaixamos cosmologicamente, fora deste planeta”, conta Marcum Reagan, gerente da missão Desert Rats.

Viper – com tamanho de um carro de golfe, o Volatiles Investigating Polar Exploration Rover (Viper) é um carrinho não tripulado projetado para percorrer a Lua por 100 dias em busca de água e gelo. É munido de instrumentos científicos, como uma broca de um metro para coletar amostras de vários ambientes de solo. A meta da empreitada é desenvolver os primeiros mapas globais de recursos hídricos da Lua.

Ainda aqui na Terra, a Nasa contratou a Canoo, da Califórnia (EUA), para construir vans ecologicamente corretas que levem a tripulação até a nave no dia do lançamento. Os novos carros vão substituir os antigos Astrovan – icônicos ônibus prateados que levavam os astronautas até a plataforma de lançamento, no Centro Espacial Kennedy, localizado na Flórida, EUA. As vans são 100% elétricas e acomodam até oito pessoas.

O veículo tem chassi integrado à bateria e aos elementos de direção – tipo drive-by-wire – o que elimina a necessidade de conexões mecânicas como um eixo de direção, e permite maior flexibilidade no design da cabine. A bateria de 80 kWh, fabricada pela Panasonic, garante autonomia de cerca de 400 km. A versão LifeStyle, que deve dar vida ao veículo, custa a partir de US$ 39.950, algo como R$ 201 mil em conversão direta. O Lifestyle circula há pelo menos um ano em solo norte-americano fazendo entregas para o Walmart – que recentemente encomendou 500 unidades à montadora.

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Fonte: direitonews

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