A Toyota está buscando alternativas para retomar a produção de veículos no Brasil após um forte temporal destruir a fábrica de motores de Porto Feliz (SP). Em nota oficial, a empresa admite que uma das saídas pode ser a importação de propulsores. Como não há sequer previsão de retomada dos trabalhos, toda a produção nacional da marca está atualmente comprometida.
Os motores produzidos em Porto Feliz abastecem as duas principais fábricas de veículos da Toyota no Brasil. Em Sorocaba (SP), por exemplo, são usados pelos modelos Corolla Cross e Yaris (exportação), além das primeiras unidades do Yaris Cross (que teve seu lançamento nacional adiado após a tragédia). Já em Indaiatuba (SP), o powertrain é usado no Corolla sedã.
Os motores em questão são o 2.0 Dynamic Force, usado na linha Corolla, e 1.5 flex, adotado pela família Yaris. Inclusive, a fabricante estava para começar a montar nacionalmente uma variação híbrida flex do motor 1.5, que equipará as versões de topo do SUV compacto Yaris Cross.
No caso do 2.0, a versão usada nacionalmente é identificada pelo codinome M20A-FKB. No exterior, conforme revelado pelo site Automotive Business, a Toyota possui quatro fábricas com condições de abastecer a demanda do Brasil: Tailândia, Polônia, Estados Unidos e Japão.
Há, inclusive, um protocolo de ação que prevê a implementação de uma série de medidas diante de desastres climáticos. Nessas situações, a Toyota cria mecanismos de abastecimento para evitar lapsos de produção e aplica ferramentas logísticas para minimizar os danos. No caso de Porto Feliz, uma avaliação preliminar dos estragos indica avarias estruturais consideradas gravíssimas.
Ao que tudo indica, a ponte rolante que faz o transporte de peças pesadas caiu sobre o maquinário, comprometendo diretamente o funcionamento da linha de montagem. Diante desse cenário, os trabalhos na fábrica devem ser retomados apenas em 2026.
No comunicado, a Toyota afirma que, “em uma primeira análise, a retomada da planta de motores deverá levar meses e, considerando essa situação, a empresa está buscando alternativas de fornecimento de motores junto a unidades da Toyota em outros países, com o objetivo de retomar a produção de veículos nas plantas de Sorocaba (SP) e Indaiatuba (SP)”.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região garantiu que, pelo menos em Sorocaba, a Toyota não fará cortes de funcionários. De acordo com a entidade, o complexo garante 4.500 empregos, além de uma cadeia produtiva que gera cerca de sete empregos indiretos para cada posto direto.
Em seu comunicado, a Toyota complementa que “iniciou tratativas com os sindicatos em busca de alternativas que visem à manutenção dos empregos dos colaboradores das três unidades produtivas. As propostas serão apresentadas a partir de hoje, para votação nos próximos dias e, assim que aprovadas, serão aplicadas de forma emergencial”.
Inaugurada em maio de 2016, a fábrica de Porto Feliz foi, à época, a primeira da Toyota a produzir motores na América Latina. Desde então, já produziu mais de 1 milhão de unidades. Entre outros diferenciais, realiza os processos de fundição, usinagem e montagem dos propulsores no mesmo prédio, tornando a cadeia de produção mais enxuta e competitiva.
Em 2022, a fábrica foi escolhida para abastecer os Estados Unidos com unidades do motor 2.0 Dynamic Force. Na ocasião, superou a concorrência de outras plantas da marca no mundo e ganhou a disputa principalmente por conta da qualidade de seus motores (aprovados e certificados quanto à durabilidade, eficiência e controle de emissões).
Atualmente, a Toyota é a quinta maior fabricante do Brasil, atrás de Stellantis, Volkswagen, General Motors e Hyundai. Em 2024, produziu mais de 200 mil veículos no país. Agora com fábricas paralisadas, a marca poderá não atingir as metas de vendas previstas para 2025.
Confira o comunicado da Toyota na íntegra:
“A Toyota informa que, felizmente, encontram-se bem todos os seus colaboradores e prestadores de serviço afetados pelas fortes chuvas e ventos que danificaram severamente a estrutura da fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz (SP), na última segunda-feira (22/09), e que segue cuidando das pessoas de forma ativa.
Ainda nesse sentido, a companhia aproveita a oportunidade para agradecer as várias manifestações de solidariedade recebidas de fornecedores, concessionários, governo, fabricantes e clientes. Também manifesta sua solidariedade a todas as pessoas que vivenciaram esse episódio sem precedentes.
No que tange à Planta de Porto Feliz em si, o levantamento de danos prossegue com bastante cuidado, a fim de permitir o desenvolvimento dos respectivos planos de reparo, mantendo a segurança das pessoas como a maior prioridade.
Em uma primeira análise, a retomada da planta de motores deverá levar meses e, considerando essa situação, a empresa está buscando alternativas de fornecimento de motores junto a unidades da Toyota em outros países, com o objetivo de retomar a produção de veículos nas plantas de Sorocaba (SP) e Indaiatuba (SP).
Por esse motivo, no dia de ontem a Toyota iniciou tratativas com os sindicatos em busca de alternativas que visem à manutenção dos empregos dos colaboradores das três unidades produtivas. As propostas serão apresentadas a partir de hoje, para votação nos próximos dias e, assim que aprovadas, serão aplicadas de forma emergencial.
Mesmo diante desse cenário desafiador, a Toyota do Brasil segue confiante na superação de todos os obstáculos para uma rápida recuperação de suas atividades de produção de motores e veículos no país.”
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Fonte: direitonews