‘Torturado e incomunicável’: morre jornalista preso na Ucrânia por críticas ao regime de Kiev


O jornalista, blogueiro e cineasta Gonzalo Lira, chileno de cidadania americana, morreu nesta sexta-feira (12), após passar meses em uma prisão ucraniana, onde era mantido incomunicável e sob regime de tortura.
A notícia da morte foi dada pela família de Lira. O pai do jornalista enviou uma nota, publicada pelo portal Grayzone, na qual afirmou que o filho foi submetido a uma morte propositalmente lenta. Ele afirmou ainda que a morte se deu com anuência do presidente americano, Joe Biden.

“Não posso aceitar a forma como meu filho morreu. Ele foi torturado, extorquido, [ficou] incomunicável durante 8 meses e 11 dias, e a embaixada dos EUA nada fez para ajudar o meu filho. A responsabilidade desta tragédia é do ditador [Vladimir] Zelensky, com a concordância de um presidente americano senil, Joe Biden”, disse o pai do jornalista, Gonzalo Lira Senior.

Em uma carta escrita à mão, obtida e divulgada pelo jornalista Alex Rubinstein, Lira pede que informem sua irmã de sua condição na prisão, e relata negligência das autoridades prisionais e de Justiça diante da deterioração de seu quadro de saúde.
Carta escrita pelo jornalista Gonzalo Lira, preso pelo regime de Kiev

Carta escrita pelo jornalista Gonzalo Lira, preso pelo regime de Kiev - Sputnik Brasil, 1920, 12.01.2024

Carta escrita pelo jornalista Gonzalo Lira, preso pelo regime de Kiev
“Avisem a minha irmã: Tive pneumonia dupla (ambos os pulmões), além de pneumotórax e um caso muito grave de edema (inchaço). Tudo isso começou em meados de outubro, mas foi ignorado pela prisão, em uma audiência em 22 de dezembro. Estou prestes a passar por um procedimento para reduzir a pressão do edema em meus pulmões, que está me causando extrema falta de ar, a ponto de desmaiar após atividades mínimas, ou mesmo apenas falar por dois minutos.”
Gonzalo Lira morava na Carcóvia junto com a família e usava seu canal no YouTube para divulgar notícias sobre o conflito ucraniano. Ele ganhou notoriedade por suas análises críticas sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e por denunciar a ascensão do neonazismo em Kiev.
Em 5 de maio de 2023, ele foi preso pelo regime de Kiev, acusado de divulgar desinformação, insultar militares ucranianos e fazer propaganda para o governo russo. Ele chegou a ser preso antes, em abril, pelas mesmas acusações, mas na época foi liberado, após repercussão global do caso.
Soldado ucraniano participando de exercício militar em um campo de treinamento no Reino Unido, 24 de março de 2023. - Sputnik Brasil, 1920, 16.12.2023

Fonte: sputniknewsbrasil

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