O especialista disse que, embora no mundo prevaleça o posicionamento de aproximação de conflito entre os EUA e a China, não se deve esperar uma Guerra Fria entre estas potências.
“A razão é que as ameaças típicas do século XX não podem eliminar a interdependência dos países do século XXI”, especificou o autor.
Segundo Bremmer, apesar de um espírito de desconfiança entre chineses e norte-americanos, os aliados deles não desejariam participar de um confronto global, por colocar em jogo o próprio bem-estar deles.
“Uma forte desestabilização da China levaria inevitavelmente à destruição econômica mútua”, seguiu Bremmer.
O analista lembrou que China e Estados Unidos são parceiros comerciais e econômicos de relevância principal, o que os mantém “no mesmo barco”. Mas existe também mais uma ameaça – os países do Sul e, antes de mais nada, a Índia.
“Tais países seguem a maré, e na década que vem podem se tornar fonte de milhões de migrantes e refugiados”, alertou o especialista.
O rompimento das cadeias de suprimento, a inflação, a queda do crescimento econômico e a redução de remessas ameaçam fazer com que os países em desenvolvimento mergulhem em uma crise de dívida já na próxima década.
Além disso, os países do Sul estão menos preparados para enfrentar as alterações climáticas. O aquecimento global vai afetar de forma mais forte a África, o Oriente Médio e a América Central.
Nesse contexto, o Ocidente ficará menos entusiasmado nas suas tentativas de resolver os conflitos e crises no Afeganistão, Iêmen e em outros Estados. Além disso, ele limitará a sua ajuda no âmbito do Fundo Monetário Internacional e outras estruturas internacionais. Os países pobres, em resposta, poderão se unir a fim de exigir mais apoio. Em uma alternativa, podem agravar ainda mais a instabilidade política geral, levando a fluxos de migrantes para o Ocidente.
“Nessa conjuntura instável, a Índia assumirá a liderança no Sul global”, escreveu Bremmer.
Ele salientou que o Ocidente deve concentrar os esforços e se unir para resolver estas dificuldades. Segundo o autor, nesse caso seria útil fazer uma aliança com a China. Contudo, por enquanto, “isso é apenas um sonho”, embora a China tenha muito a perder em caso de instabilidade global e caos.