The Economist: aliada americana, Índia vai virar dor de cabeça para EUA


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O especialista disse que, embora no mundo prevaleça o posicionamento de aproximação de conflito entre os EUA e a China, não se deve esperar uma Guerra Fria entre estas potências.
“A razão é que as ameaças típicas do século XX não podem eliminar a interdependência dos países do século XXI”, especificou o autor.
Segundo Bremmer, apesar de um espírito de desconfiança entre chineses e norte-americanos, os aliados deles não desejariam participar de um confronto global, por colocar em jogo o próprio bem-estar deles.
Militares russos durante a grande abertura dos exercícios estratégicos anuais Vostok 2022, no campo de treinamento Sergeevsky, na região de Primorie, 31 de agosto de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 01.09.2022

“Uma forte desestabilização da China levaria inevitavelmente à destruição econômica mútua”, seguiu Bremmer.
O analista lembrou que China e Estados Unidos são parceiros comerciais e econômicos de relevância principal, o que os mantém “no mesmo barco”. Mas existe também mais uma ameaça – os países do Sul e, antes de mais nada, a Índia.
“Tais países seguem a maré, e na década que vem podem se tornar fonte de milhões de migrantes e refugiados”, alertou o especialista.
O rompimento das cadeias de suprimento, a inflação, a queda do crescimento econômico e a redução de remessas ameaçam fazer com que os países em desenvolvimento mergulhem em uma crise de dívida já na próxima década.
O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar (Arquivo). - Sputnik Brasil, 1920, 30.08.2022

Além disso, os países do Sul estão menos preparados para enfrentar as alterações climáticas. O aquecimento global vai afetar de forma mais forte a África, o Oriente Médio e a América Central.
Nesse contexto, o Ocidente ficará menos entusiasmado nas suas tentativas de resolver os conflitos e crises no Afeganistão, Iêmen e em outros Estados. Além disso, ele limitará a sua ajuda no âmbito do Fundo Monetário Internacional e outras estruturas internacionais. Os países pobres, em resposta, poderão se unir a fim de exigir mais apoio. Em uma alternativa, podem agravar ainda mais a instabilidade política geral, levando a fluxos de migrantes para o Ocidente.
“Nessa conjuntura instável, a Índia assumirá a liderança no Sul global”, escreveu Bremmer.
Ele salientou que o Ocidente deve concentrar os esforços e se unir para resolver estas dificuldades. Segundo o autor, nesse caso seria útil fazer uma aliança com a China. Contudo, por enquanto, “isso é apenas um sonho”, embora a China tenha muito a perder em caso de instabilidade global e caos.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi (à esquerda), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin - Sputnik Brasil, 1920, 18.08.2022

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