Teste: Volvo EC40 Plus troca nome, mas preserva virtudes (e defeitos)


Por numerologia, por questões religiosas ou por facilidade de pronúncia, não é raro artistas mudarem de nome. Freddie Mercury, Jorge Ben Jor e Kanye West são alguns exemplos. No mundo dos carros, o Volvo C40 acaba de se tornar EC40. Mas não é porque suecos sejam supersticiosos e a inclusão da letra E atraia melhor sorte. O motivo, nesse caso, é trazer coerência para a marca.

Com a chegada dos novos elétricos EX30, EX90 e EM90, a Volvo resolveu adotar a mesma inicial em todos os seus veículos movidos a eletricidade. Assim, o XC40 virou EX40 e o irmão cupê C40 passou a se chamar EC40. Nos híbridos, permanece a nomenclatura antiga: XC para SUVs, S para sedãs e V para peruas. Um pouco confuso, sabemos.

E para não dizer que essa é a única mudança na linha 2025, a belíssima cor do carro das fotos também é nova. Denominada Cinza Sand Dune, não custa um centavo a mais do que os R$ 334.950 cobrados pela versão de entrada, Plus. São consideráveis R$ 50 mil a menos que a opção topo de linha, Ultra.

A diferença entre as duas versões do Volvo EC40 vendidas no Brasil está, principalmente, no conjunto mecânico. A Plus, avaliada por nós, traz apenas um motor elétrico, traseiro, que entrega 238 cv de potência e 42,8 kgfm de torque. É isso mesmo: o EC40 tem carroceria estilo cupê e tração traseira. Mas não é um carro esportivo.

Se é isso que você está buscando, existe a opção mais cara, que adiciona um segundo motor elétrico, este no eixo dianteiro, fazendo com que potência e torque cheguem a 408 cv e 67 kgfm combinados.

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Quer um conselho? A não ser que você faça muita questão dos itens extras da configuração mais cara, vale a pena economizar os R$ 50 mil e ficar com o EC40 de entrada. Mesmo com as mais de duas toneladas de peso em ordem de marcha, a versão básica do modelo não é lenta. Leva 7,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h, menos tempo do que você levaria para soletrar Farrokh Bulsara, nome que Freddie Mercury recebeu ao nascer.

E aí vem uma opinião polêmica. Carros elétricos com fartura de potência são legais, mas você realmente precisa de 400 cv em um SUV médio no uso cotidiano? A resposta provavelmente é não. O desempenho entregue pelo Volvo EC40 Plus está de bom tamanho para superar saídas de farol ou realizar qualquer tipo de ultrapassagem em rodovias. Lembrando que a velocidade máxima é de 180 km/h, como em qualquer modelo da marca sueca vendido mundialmente.

Outra vantagem é o fato de que, mesmo com a bateria menor, de 70 kWh, o EC40 Plus vai quase tão longe quanto a configuração mais cara e pesada, com bateria de 82 kWh. O alcance é de 385 km (Inmetro), só 19 km a menos que o do EC40 Ultra. A recarga rápida em corrente contínua (DC), feita a até 180 kW, demanda 27 minutos para ir de 10% a 80%. Em corrente alternada (AC), a velocidade máxima é de 11 kW.

A última vez que eu havia dirigido o Volvo EC40 foi no próprio lançamento, em 2022, quando seu nome era apenas C40. Bastaram alguns minutos ao volante para que a boa sensação de anos atrás voltasse. É como ouvir “País Tropical”, “Chove, Chuva” ou qualquer outro hit de Jorge Ben. O nome pode ter mudado, mas apreciamos da mesma forma um trabalho bem-feito.

Como disse há pouco, as respostas do motor elétrico são na medida certa. Portanto, não há pneus cantando em qualquer aceleração mais vigorosa. Além disso, os amortecedores têm curso curto, mas suficientes para evitar pancadas secas em buracos. Nesse aspecto, os pneus de perfil 50 ajudam, já que são mais “carnudos” que os 45 do EC40 Ultra.

Também gosto muito da posição de dirigir dos elétricos da Volvo. Mesmo com grandes pacotes de bateria sob o assoalho, o assento é baixo. Ao contrário do EX30, há um quadro de instrumentos digital bem na frente do motorista. Uma pena não ser possível alternar o arranjo dos medidores. O único ajuste permitido é ter ou não o mapa na tela.

À direita fica a central multimídia de 9 polegadas, que roda o sistema nativo do Google. Bom para quem tem aparelhos Android. Ruim para os donos de Apple, uma vez que a conexão para Apple CarPlay só é feita por cabo.

Outra incongruência é ter um gigantesco teto solar panorâmico e não oferecer uma persiana ou controle da entrada de luz, como no Porsche Taycan. Na comparação com o EC40 Ultra, o Plus perde o sistema de som da marca Harman Kardon, os sensores de estacionamento laterais e as câmeras 360 graus.

Contudo, o pacote é bem servido e contempla: ar-condicionado digital de duas zonas; porta-malas com abertura elétrica; bancos dianteiros com ajustes elétricos, extensão para as pernas e memória para o motorista; sete airbags; e um completíssimo pacote de assistências ao condutor, com assistente de permanência em faixa, controle de cruzeiro adaptativo (ACC), frenagem autônoma de emergência e alerta de ponto cego.

O acabamento é caprichado, mas abaixo do de um BMW iX2. Destaca-se a decoração tridimensional nas portas e no painel. A inspiração é a topografia das montanhas de Abisko, no norte da Suécia. Um sensor adapta o efeito às condições de luz durante o dia. Curioso como alguns pedaços de plástico podem dar tanta personalidade a uma cabine conhecida pelo minimalismo.

Não poderia encerrar este texto sem falar do belíssimo estilo do EC40. Afinal, só o gosto pelas linhas sensuais da traseira de queda acentuada justifica pagar mais por ele em vez de comprar um EX40. Em minha opinião, essa é uma das melhores execuções de SUV cupê do mercado. A coluna C que se abre como um delta e acompanha o vidro traseiro faz o modelo não parecer nem grande nem pequeno demais. Tem a medida certa.

As lanternas traseiras que se encontram no centro do porta-malas dão um toque de modernidade, ao mesmo tempo que ratificam a identidade da Volvo. Ali, nessa mesma tampa traseira, não seriam necessárias as inscrições da marca ou do EC40. Afinal, não importa teu nome, mas sim que as pessoas te reconheçam sem esforço.

Pontos positivos: Potência e torque suficientes, sem exageros; ótima posição para dirigir
Pontos negativos: Apple CarPlay só por cabo; painel de instrumentos não é configurável

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Fonte: direitonews

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