Teste: Volvo C40 Plus “perde” motor e fica mais barato para conter chineses


Você já deve ter ouvido falar da “invasão chinesa”, o massivo movimento que principalmente BYD e Great Wall Motors (GWM) estão fazendo no Brasil, “comprando” o mercado com ótimos produtos (híbridos e elétricos) e preços para lá de competitivos. Só que a toda ação há uma reação.

A Volvo, que, aliás, pertence ao grupo chinês Geely, não demorou para reagir. Colocou à venda no mercado brasileiro uma versão mais em conta de um dos seus best-sellers elétricos, o C40. A inédita configuração Plus chega por R$ 314.950 para tentar conter o avanço asiático. Mas como a Volvo conseguiu tirar uma diferença de R$ 100 mil em relação à opção topo de linha, Ultimate?

Antes de responder a essa pergunta, vale dizer que esse preço será praticado até segunda ordem. Inclusive, no site da fabricante o valor já é outro: R$ 354.950 — R$ 40 mil a mais. E é toma lá, dá cá.

Seu concorrente direto é o (chinês) Yuan Plus, que custava R$ 270 mil. Mas a BYD fez uma manobra e também reduziu em R$ 40 mil o valor, chegando à imbatível e promocional quantia de R$ 229.800 pedida pelo SUV elétrico de 204 cv, 31 kgfm e 294 km de autonomia. Outro recente rival é o Renault Megane E-Tech, que tem 220 cv, custa R$ 279.900 e pode rodar até 337 km, segundo o Inmetro.

Bom, para “baratear” o C40, a marca removeu a unidade elétrica da dianteira e deixou apenas a do eixo traseiro. A potência caiu dos 408 cv para 238 cv (e ainda 42,8 kgfm de torque). A tração, em vez de integral, agora é traseira também. Mas não se engane: a potência e o torque são mais do que suficientes para mover o SUV cupê, sair daquela enrascada do trânsito e fazer ultrapassagens com tranquilidade na estrada.

Com a força dirigida exclusivamente às rodas traseiras, o C40 ainda tem uma tocada mais ágil e esportiva — sobretudo com a suspensão de acerto mais rígido para segurar a rolagem da carroceria. Esse ajuste, inclusive, prejudica o convívio diário com buracos e valetas.

A bateria de 69 kWh gera autonomia de 475 km no ciclo WLTP ou bons 385 km no padrão brasileiro. Na vida real, no dia a dia, com uma tocada serena, claramente é possível obter um alcance maior, superando certamente os 400 km. Sem range anxiety por aqui…

Em termos de desempenho, o C40 Plus precisa de 7,4 segundos para ir de zero a 100 km/h — uma boa diferença em relação aos 4,7 s do modelo com dois motores e tração integral. De qualquer forma, a velocidade máxima segue bloqueada em 180 km/h.

Já o XC40 com apenas um motor não é exatamente uma novidade. Há pouco mais de um ano, a Volvo lançou a própria configuração Plus para a carroceria SUV. A diferença é que o propulsor e a tração eram dianteiros e a potência ficava na casa dos 231 cv. Agora, o motor está posicionado na traseira, bem como a tração.

Um ponto que talvez não tenha envelhecido tão bem nos Volvo vendidos no Brasil é o interior. Olhando para a concorrência com grandes telas (tanto para o painel de instrumentos quanto para o multimídia) e para os próprios carros novos da marca sueca, como o EX30 e o EX90, o habitáculo do C40 pode ficar para trás. Mas a tela de 9 polegadas do cluster (com poucas funções e difícil de configurar, diga-se) está lá, assim como o visor vertical de 12,3” da central, que reúne praticamente todas as funções do carro.

A interface continua excelente. Tudo é muito rápido e intuitivo. Um primeiro contato pode ser frustrante pela quantidade de funcionalidades, mas basta uns minutos para entender e encontrar tudo o que deseja. Compatível com Android Auto e Apple CarPlay, a central tem o Google Automotive Service, que disponibiliza uma série de recursos, como Google Maps, Google Assistant e Google Play Store. Tudo nativo e com uso gratuito por quatro anos.

O interior, por sua vez, é completamente minimalista. Nem botão de partida existe mais. Agora é só entrar no carro com a chave no bolso, apertar o freio, colocar o câmbio no “D” e sair…

Os passageiros com mais de 1,80 metro no banco de trás provavelmente rasparão a cabeça no teto. Um incômodo adicional é o túnel central elevado. De forma geral, porém, o entre-eixos de 2,70 m garante bom espaço para as pernas de quatro ocupantes.

Sem o motor dianteiro, o Volvo traz um porta-malas adicional. Só que os 31 litros são muito rasos e também são incumbidos de levar o cabo de carregamento doméstico que acompanha o carro. Fora isso, cabem apenas mochilas no parco espaço.

No entanto, um quesito joga muito a favor do C40: o design. A silhueta de cupê, com o caimento drástico do teto na traseira, e as lanternas que continuam pontilhadas no vidro dão uma personalidade ímpar ao SUV. Para completar, as rodas de 19 polegadas têm desenho exclusivo e acabamento em dois tons, diamantado e preto — uma forma de diferenciar esteticamente da versão mais cara, com rodas maiores.

Entre os equipamentos, o C40 Plus mantém os recursos de segurança, porém deixa de trazer alguns itens, como som premium Harman Kardon, alavanca de câmbio de cristal, câmeras 360º, rodas aro 20 e um acabamento mais colorido.

Mesmo assim, chega como uma boa alternativa para quem não quer aderir aos chineses e quer o status de ter um carro importado de marca premium. Resta saber como a Volvo vai lidar com a nova investida das marcas asiáticas. Só que a fabricante sueca já tem uma carta na manga: é um coringa alfanumérico chamado EX30…

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Fonte: direitonews

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