O Volkswagen Nivus GTS acaba de chegar por R$ 174.990. Desde o lançamento do carro, em junho de 2020, essa versão esportiva é especulada. O tempo passou, o SUV cupê foi reestilizado no fim do ano passado e, enfim, foi confirmado! Mas só agora, na linha 2026, a longa espera terminou e finalmente o Nivus GTS chegou para brigar com o Fiat Fastback Abarth, que é um pouco mais barato: R$ 171.990 e tem motor T270 1.3 turbo com 185 cv e 27,6 kgfm.
Essa versão esportivo é a opção mais cara do modelo e a única com o motor 250 TSI (1.4 turbo flex) de 150 cv e 25,5 kgfm. O 200 TSI (1.0 turbo) de até 128 cv e 20,4 kgfm segue nas versões Sense, Comfortline e Highline. Mas será que essa expectativa criada ao longo dos anos foi atendida?
A história da linha GTS (sigla de Gran Turismo Sport) começou lá em 1983, com o Passat GTS. Posteriormente, o Gol também recebeu essa variante, que durou até 1994. Desde então, apenas Virtus e Polo, no início de 2020, tiveram versões GTS, com o mesmo motor 1.4 TSI. Na linha 2023 do sedã, o Virtus GTS foi trocado pelo Exclusive. Já o Polo GTS foi aposentado em março deste ano, justamente para dar lugar ao Nivus GTS, primeiro SUV da marca a carregar a grife.
A carroceria estilo cupê do Nivus permite a ousadia esportiva. Nisso, a Volkswagen acertou em cheio. O design ficou com bem mais personalidade do que os antecessores Polo e Virtus. Na dianteira, a enorme grade estilo colmeia confere uma certa cara de Audi. Assim como na versão Highline, os faróis de LED são interligados por uma barra iluminada. A clássica assinatura GTS em vermelho é posicionada logo abaixo do farol direito. Na base do para-choque há outro contorno nessa mesma cor.
Nas laterais, as rodas esportivas de 17 polegadas vêm de série, e há mais duas assinaturas GTS abaixo dos retrovisores externos. As lanternas traseiras de LED são interligadas, assim como nas demais versões do SUV. A sigla esportiva aparece novamente no centro da tampa do porta-malas e o spoiler é maior. Em dimensões, são os mesmos 4,27 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,49 m de altura e 2,57 m de entre-eixos.
O preço de R$ 175 mil vai dar o que falar, disso eu não tenho dúvidas, mas saiba que a unidade das fotos custa ainda mais caro. Nela, as polêmicas rodas aro 18 são opcionais de R$ 2.050, e a cor Branco Cristal tem um valor extra de R$ 900. Sendo assim, o Nivus GTS do jeito que você vê nas imagens custa R$ 177.940. Caso o cliente queira as cores Azul Titan, Vermelho Sunset ou Cinza Moonstone, terá de pagar R$ 1.750. O único tom sem custo é o Preto Ninja.
Se serve de consolo, mais nenhum equipamento que vou citar no decorrer desta avaliação tem cobrança adicional, inclusive o teto e os retrovisores pretos, que vêm de série independentemente da cor da carroceria. O teto solar, muito esperado, não está presente, porque a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) não consegue montá-lo.
Por dentro, os assentos são sempre escurecidos, de couro sintético com costuras vermelhas. No banco de trás há saídas de ar-condicionado e duas entradas UBS-C. Comodidades à parte, para pessoas altas como eu, que tenho 1,87 m de altura, o espaço para pernas, ombros e cabeça é relativamente limitado — afinal, é a mesma cabine do Polo.
Independentemente da sua altura, será sempre desconfortável o apoio de braço de plástico rígido nas guarnições das portas, sem nenhum material macio. Seu cotovelo vai sofrer em viagens longas. O volante também tem costuras duplas em tom vermelho e base com a assinatura GTS.
A pegada esportiva pode representar o auge da beleza do Nivus até agora, mas o protagonista aqui é o conjunto mecânico. Aperto o botão de ignição ao lado da alavanca de câmbio e desperto o motor 1.4 turbo flex da família EA211 (250 TSI) para iniciar o teste no Rota 127 Campo de Provas. São quatro cilindros, 16 válvulas e injeção direta, que geram 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque com qualquer combustível. O câmbio é o AQ250 automático de seis marchas da Aisin e a tração, dianteira.
Logo na primeira acelerada, sou obrigado a acionar o limpador de para-brisa porque uma garoa fina começa a cair. Na arrancada, o Nivus GTS demora um pouco para ganhar fôlego. O delay no acelerador está ligado à lei de emissões, para que o SUV cupê cumpra as normas do Proconve L8, que entrou em vigor no começo do ano.
Quando o esportivo ganha fôlego, entre 2.000 rpm e 3.000 rpm, o desempenho fica mais instigante do que o das demais versões do SUV cupê, mas não tanto quanto esperávamos. O 0 a 100 km/h feito em 9,6 segundos em nosso teste, 0,9 s acima dos 8,7 s declarados oficialmente, não chega a empolgar — talvez por causa do clima mais úmido e frio no dia do teste —, e fica só 0,8 s abaixo dos Nivus Highline 200 TSI que testamos em dezembro.
Na prova de 0 a 1.000 m, o GTS chega a 175,7 km/h; já o Highline 1.0 turbo alcançou 166 km/h. Lembrando que esses números foram aferidos com gasolina no tanque.
Isso quer dizer que o Nivus GTS é uma decepção? Definitivamente não. Nas retomadas, sem tanto delay e com o motor mais cheio, o Nivus GTS vai melhor. Além disso, a dinâmica da Volkswagen é diferente das rivais na mesma faixa de preço. O banco do motorista é mais duro, deixando uma postura ereta, e a suspensão é mais rígida. Nessa versão, tais características ficam mais evidentes, pois o Nivus GTS é mais baixo do que as outras versões: o vão livre em relação ao solo foi reduzido em 0,2 cm, para 17,1 cm, e o ângulo de ataque caiu 0,2°, para 18,3°. O de saída segue em 26,4°.
Em comparação com as versões “civis”, o Nivus GTS tem novos amortecedores dianteiros e traseiros, além de nova barra estabilizadora e calibração especial do controle de estabilidade (ESC). Os freios não mudam. Nosso teste foi em um circuito fechado, com ótimo asfalto e curvas de traçado oval.
Em certos momentos, a chuva apertou, mas a estabilidade do Nivus GTS a velocidades mais altas se manteve firme e forte, como em um piso seco. Pode ser que a suspensão mais rígida comprometa o conforto no uso do dia a dia, com um solo mais irregular.
Ainda assim, a suspensão do Nivus GTS parece mais macia que a de seu rival direto, o Fiat Fastback Abarth, que tem preço um pouco mais em conta: R$ 171.990. O consumo com gasolina, segundo o Inmetro, é de 11,6 km/l na cidade e 14,2 km/l na rodovia. Nada mau para um esportivo. Até o fechamento desta edição, a fabricante não havia informado os números oficiais de consumo com etanol.
Boa notícia é que o Nivus GTS inclui itens de série e até opcionais das versões Comfortline e Highline. Assim, vem de fábrica com carregador de celular por indução, câmera de ré (cuja qualidade não é tão boa), controle de cruzeiro adaptativo (ACC), indicador de pressão dos pneus, seis airbags, assistente de permanência em faixa, sensor de ponto cego, frenagem autônoma de emergência, assistentes de tráfego cruzado traseiro e de estacionamento e o chamado travel assist, que combina ACC com assitente de faixa. Ou seja, bem equipado o Nivus GTS é.
Pela construção do carro e dinâmica, os anos de espera valeram a pena. O desempenho não surpreende, mas também não decepciona. O ponto fraco é mesmo o preço. Quase R$ 180 mil por um Nivus me parece muito, mesmo sendo o GTS. Se você preza por um visual apimentado e boa esportividade, os R$ 15 mil a mais da versão Highline não farão falta e o Nivus GTS não vai decepcionar. Sem dúvida, é a melhor construção Gran Turismo Sport desde o icônico Gol GTS.
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Fonte: direitonews