Teste: Toyota RAV4 PHEV repete fórmula que marca já usou com o Prius


Lembro como se fosse ontem quando a Toyota disponibilizou unidades do Prius de antepenúltima geração para rodarem como táxis em São Paulo (SP). À época, ninguém poderia imaginar, mas a fabricante japonesa, precavida como sempre, já estava promovendo um “teste da vida real” com o conjunto 1.8 híbrido pleno (HEV) que, anos mais tarde, viraria flex e passaria a equipar a família Corolla. A mesma lógica se aplica hoje ao Toyota RAV4 PHEV.

À venda por salgados R$ 402.420, o modelo é caro e sofisticado demais para um táxi. Por isso, a Toyota optou por disponibilizá-lo para o consumidor final como uma alternativa à atual versão Hybrid do SUV médio.

A própria marca já confirmou que desenvolve uma variante flexível desse trem de força híbrido plug-in para o mercado brasileiro. Nossa aposta é que ela esteja presente nas futuras gerações de Corolla e Corolla Cross, além de uma inédita picape intermediária que será produzida aqui nos próximos anos.

Enquanto isso não acontece, o RAV4 PHEV surge como uma espécie de laboratório real desse conjunto, mesmo movido apenas a gasolina. Sob o capô está o mesmo motor 2.5 aspirado de ciclo Atkinson, de 185 cv de potência e 22,7 kgfm de torque, da versão híbrida mais simples do RAV4.

O câmbio automático transeixo que emula um CVT (continuamente variável) também está lá. Contudo, em vez de três motores elétricos de menor capacidade (um dianteiro e dois traseiros), a versão traz um motor elétrico dianteiro mais potente, de 182 cv e 27,5 kgfm, e um traseiro de 54 cv e 12,3 kgfm.

A tração continua integral, mas, por ter apenas um e não dois propulsores traseiros, o RAV4 PHEV tem um sistema AWD mais simples, sem o seletor de terreno presente na versão HEV de 222 cv. Esse é só um dos detalhes que a configuração mais cara deixou de lado.

São 306 cv de potência combinada. Porém, como de praxe entre os Toyota, não há um torque combinado divulgado. O 0 a 100 km/h em 6 segundos sugere desempenho esportivo, mas este não chega a ser o seu maior predicado.

Nos kickdowns é até possível sentir todo o vigor do conjunto motriz, o que é ótimo para aquela ultrapassagem na estrada. Entretanto, o RAV4 PHEV parece o tempo todo te induzir a priorizar outra qualidade: muito conforto a bordo.

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Apesar da suspensão traseira por braços triangulares sobrepostos e da presença de barras estabilizadoras nos dois eixos, o RAV4 PHEV tem um rodar macio e um comportamento de “barco”, típico dos SUVs vendidos nos Estados Unidos e na Ásia. Inclusive, vem importado do Japão. Freios e direção possuem respostas diretas, mas igualmente suaves.

Tudo nesse SUV canaliza a um ambiente de típica “tranquilidade japonesa”. Isso inclui o acabamento ainda mais sóbrio que o do RAV4 Hybrid, com todos os revestimentos de painéis e bancos na cor preta.

É claro que o principal atrativo de um SUV híbrido plug-in está no consumo de combustível. Com uma bateria de 18,1 kWh de íons de lítio da Panasonic, o RAV4 PHEV tem 55 km de autonomia oficial em modo elétrico, segundo o Inmetro.

Em nosso teste, rodamos mais de 240 km, quase sempre em modo EV, e nos aproximamos de 70 km de alcance real (rodando sempre no anda-e-para do intenso trânsito de São Paulo, é preciso dizer). O consumo homologado de 14 km/l em ciclo urbano considera a bateria vazia. Com a carga cheia, no modo híbrido, dá para chegar perto de 18 km/l.

Má notícia é que, tal qual os híbridos da BYD, o SUV da Toyota só oferece recarga do tipo lenta, em corrente alternada (AC), a até 6,6 kW. Para levar os 96 módulos de NMC (níquel, manganês e cobalto) à carga máxima são necessárias duas horas e meia.

Curioso é comparar o pacote de equipamentos do RAV4 PHEV com o da versão Hybrid, R$ 50 mil mais barata. Claro que a configuração mais potente e cara possui itens exclusivos, como painel de instrumentos digital de 12,3″ em vez de 7″, central multimídia de 10,5″ e não 8″, Android Auto e Apple CarPlay sem fio, head-up display, câmera de ré com gráficos dinâmicos, leitor de placas, bancos dianteiros e traseiro com aquecimento, banco do motorista com ajuste elétrico também para o encosto lombar, banco do passageiro elétrico e chave presencial com partida remota.

Contudo, só a versão de entrada traz câmera de 360 graus, abertura do porta-malas por sensor de movimento dos pés, carregador de celular por indução, cinco tomadas USB (contra quatro do PHEV) e teto solar. São ausências difíceis de entender ou justificar…

Com menos de 100 emplacamentos mensais, o RAV4 PHEV conquista pela discrição. Paga R$ 400 mil por ele quem quer conforto sem ostentar. Para a Toyota, seu maior trunfo é mesmo ser um laboratório sobre rodas.

Ponto positivo: Desempenho, conforto, espaço interno e nível de segurança
Ponto negativo: Preço elevado e impossibilidade de recarga rápida

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Fonte: direitonews

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