Teste: Suzuki Jimny Sierra é carismático, mas é bom de dirigir no dia a dia?


A palavra “jipe” tem sua origem na sigla americana “GP”, que significa “General Purpose” (uso geral em português). A pronúncia foi adaptada pela Willys como “Jeep” — e se tornou o nome da fabricante de veículos 4×4 durante a 2ª Guerra Mundial. Mas, por que falar da origem desta palavra na avaliação do Suzuki Jimny Sierra?

Justamente para entendermos que, em alguns casos, este “uso” não é tão “geral” assim. O pequeno jipe japonês com sotaque goiano, com todo o seu charme e simplicidade, é a prova disso. Dirigi-lo na cidade é uma tarefa árdua, mas isso não o torna nem 1% menos legal.

Este suposto “uso geral” da proposta dos jipes nem sempre é verdadeiro, mas o Jimny ainda é bastante versátil. Com apenas 3,64 m de comprimento e 1,64 de largura, o jipe cabe em qualquer vaga de prédio e até nos espaços mais apertados na rua.

Mesmo ao estacionar de um jeito torto, o Jimny ocupa facilmente o espaço de uma vaga. Sua manobrabilidade é muito boa por conta das proporções compactas e do ótimo grau de esterçamento das rodas — mérito dos 9,8 m de raio de giro.

O volante do Sierra é pesado e não para de girar (relação desmultiplicada). Manobrá-lo é como dirigir uma carreta, pois exige bastante esforço do motorista. Coloque isso na conta dos grandes pneus nas medidas 215/75, que calçam as rodas de 15 polegadas.

Encontramos pneus Scorpion, da Pirelli, anunciados nesta medida por R$ 1.255. Ou seja, para trocar os quatro, você terá de gastar mais de R$ 5.000, considerando instalação, balanceamento e alinhamento. Vale lembrar que o desgaste deste tipo de pneu é mais rápido, ainda mais se você dirigir diariamente.

Rodar com o Jimny também exige atenção extra. A 90 km/h, o jipinho balança e o motorista precisa ajustar a rota o tempo todo. Este comportamento é compartilhado com o Jeep Wrangler, que custa quase três vezes mais.

Ademais, o Suzukinho passa longe de ser um carro ergonômico e confortável. O único ajuste para o volante é o de altura e os bancos não abraçam totalmente as costas do motorista. Em poucas horas, sua condução começa a ficar um tanto quanto cansativa, mesmo sem o esforço para trocar as marchas.

A central multimídia assinada pela JBL tem Android Auto e Apple CarPlay, mas sua interface nativa é genérica e a resolução não é boa. O ar-condicionado com mostradores digitais é uma surpresa em um carro tão rústico.

O porta-malas de 85 litros é inexistente. Mas considerando que é impossível ficar confortável no banco traseiro, ele acaba se tornando o compartimento de carga dos donos do Sierra.

Mesmo com os empecilhos que mencionei até aqui, o Jimny Sierra ainda está entre os meus carros favoritos. Primeiro, porque ele é um “kei car” – e o nosso mercado sempre foi carente deste tipo de veículo.

Kei cars são pequenos carrinhos japoneses que têm benefícios de isenções de impostos por conta do tamanho. Antes do Jimny, modelos compactos como Daihatsu Charade e Subaru Vivio também eram considerados kei cars aqui no Brasil.

Falo com a experiência de quem já teve um: poucas coisas são mais descoladas do que dirigir um kei car. Mesmo quando um carro mais luxuoso parava ao meu lado no semáforo, o Jimny roubava a cena. O jipinho é absurdamente carismático, chama atenção e desperta a curiosidade por onde passa.

Em segundo lugar, se engana quem pensa que o Jimny é apenas charmoso. Por baixo do rostinho bonito, há um valente motor 1.5 aspirado que desenvolve 108 cv a 6.000 rpm e 14,1 kgfm a 4.000 rpm.

O câmbio automático de apenas quatro marchas remete ao passado. Desde 2021, quando a Renault tirou de linha versões de Captur e Oroch, o Jimny é o único carro vendido no Brasil nesta configuração.

A programação do câmbio é totalmente voltada à proposta do Jimny: o fora de estrada. A primeira marcha é longa e desenvolve bastante torque — e mesmo na quarta marcha, o jipe ainda aparenta estar “amarrado” e faz bastante barulho.

Há uma pequena alavanca atrás do câmbio automático para selecionar a tração, que pode ser 4×4 ou 4×4 reduzida. O ideal é que o Jimny esteja com o volante reto para acioná-la.

Aliás, é melhor acionar o 4×4 apenas se a condição exigir. Mesmo nos carros mais novos, há um desgaste causado pela “briga” entre o motorista e o volante, que quer o tempo todo ficar reto.

Falando sobre desempenho, o Jimny leva 14 longos segundos para atingir 100 km/h e tem velocidade máxima de 150 km/h.

Com certeza, mas como um carro para os finais de semana. Ainda que alguns corajosos se atrevam a dirigir o Jimny no dia a dia, este carro claramente não foi feito para isso. Ter o Suzukinho na garagem é a garantia de que sua folga foi melhor que a do seu vizinho — ainda mais se ele estiver sujo de terra.

O preço da versão 4Style é um empecilho. Pagar R$ 183.990 por um carro tão rústico, com câmbio de quatro marchas e que rende apenas 108 cv, vai doer em qualquer bolso. Mas é bom lembrar que o Jimny é um “toy car” e mira um cliente que não faz contas para viver.

Desde junho de 2022, quando S-Cross e Vitara foram descontinuados, o Jimny Sierra é o único carro da Suzuki em linha no Brasil. A marca japonesa controlada pela HPE Automotores confirmou que novos SUVs estão nos planos, mas não divulgou qualquer data de lançamento.

Até lá, o Jimny segue solitário nas concessionárias.

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Fonte: direitonews

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