Teste: Renault Duster 2024 muda (de novo) para ter sobrevida no Brasil


O Renault Duster não terá uma nova geração tão cedo. A afirmação do presidente da marca francesa no Brasil, Ricardo Gondo, me faz voltar em 2020. Foi neste ano que o SUV compacto passou por sua primeira grande reformulação desde seu lançamento, em 2011. À época escrevi que o modelo trazia um “refinamento que nunca teve”, especialmente na cabine.

Quatro anos depois a Renault volta a promover mudanças no design e interior do Duster, que deve seguir nesta mesma (e primeira) geração por mais tempo. Mas a finesse continua em dia.

A segunda reestilização do SUV faz menção à nova geração, vendida na Europa pela romena Dacia, na dianteira e na traseira. Os faróis e lanternas de LED com novos grafismos — que parece um “Y” deitado — para todas as versões são bem parecidos com o do modelo gringo. Há ainda um novo friso cromado na parte inferior da grade frontal, bem como uma plaqueta laranja com o nome da versão — mas só na topo de linha Iconic Plus.

O sobrenome “Plus” nas versões, inclusive, para se diferenciar do anterior é outra alteração, além da estética. O que também não continua é o preço. Há quatro anos, a opção mais cara do Duster, chamada então somente de Iconic e com motor 1.6 aspirado, custava “apenas” R$ 87.490.

Atualmente a configuração mais cara Iconic Plus — testada por Autoesporte — com o 1.3 turbo de 170 cv e 27,5 kgfm de torque, chega a quase R$ 160 mil — ou R$ 157.990 para ser mais preciso. Se você optar pelo pacote Outsider, que adiciona os estranhos faróis auxiliares na dianteira, adicione mais R$ 1.800 na conta.

Em termos de comparação, seus rivais diretos são Hyundai Creta Platinum Safety (R$ 160.990), Chevrolet Tacker Premier (R$ 173.390) e Jeep Renegade Longitude (R$ 162.990). O novo Duster ainda é vendido nas opções Intense com câmbio manual (R$ 125.890), Intense Plus CVT (R$ 134.790) e Iconic Plus CVT (R$ 143.890) — todas com o motor 1.6 flex aspirado de 120 cv e 16,2 kgfm. Esta última também é oferecida com motorização turbinada. Se você estiver apenas buscando preço, o Caoa Chery Tiggo 5x Sport é imbatível no custo benefício.

O Duster segue como boa opção para quem quer um SUV compacto, porém mais espaçoso e robusto (e acha o inédito Kardian frágil e pequeno demais). Se você puder gastar os R$ 157.990 pela única versão com motor 1.3 turbo, você não irá se arrepender. Ao menos não vai faltar força e agilidade ao SUV compacto. Acelerações e retomadas são bem vigorosas (ainda mais com a totalidade dos 27,5 kgfm de torque disponíveis antes das 2.000 mil rpm). Bom para fazer ultrapassagens sem precisar de dezenas de metros de estrada — ao contrário das versões com o motor 1.6 aspirado.

Apesar disso, o Duster não é feito para andar rápido. Em alguns momentos, como estradas mais sinuosas, dá a impressão que “falta” carro para tanto motor. Ao fazer curvas mais rápidas o SUV mostra logo seu limite e “canta pneu” com certa facilidade.

No dia a dia essa percepção é bem menor e o Duster mostra toda sua robustez e ligeireza — afinal são 9,2 segundos de 0 a 100 km/h, segundo a marca francesa. O consumo de combustível que desagrada: com gasolina faz 8,4 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada. Já com etanol os números caem para 7,7 km/l (cidade) e 8,4 km/l (rodovia). Bebe um pouco…

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É no uso diário que o SUV mostra sua robustez. A suspensão tem ajuste para aguentar as buraqueiras do dia a dia e pode fazer os ocupantes sacolejarem um pouco — se mostra bem “parrudo” neste aspecto, não dá fim de curso de amortecedor e não parece que vai se desmontar como outros SUVs compactos ao passar por irregularidades do asfalto.

A posição de dirigir não é das melhores, porém a Renault avançou nesse tema em relação ao primeiro Duster lá atrás. Dá para se ajeitar, ter uma boa visão e alcançar os comandos vitais, mas você ainda continua alto e sentindo falta de mais superfície para as coxas. E, apesar dos quase R$ 160 mil, o Duster fica devendo em alguns quesitos. O painel de instrumentos, por exemplo, tem uma telinha digital simplória e ladeada por dois mostradores (velocímetro e conta-giros) analógicos.

Sem falar no famigerado comando satélite na coluna de direção para executar comandos da central multimídia. Esta, inclusive, é moderninha, mas está longe de ser referência no segmento. Tem 8″ polegadas e interface básica, sem muitas firulas ou grafismos complexos, e espelha smartphones de forma wireless. Ponto positivo são as entrada USBs do tipo A e C, e carregador de celular por indução.

E o acabamento? Continua de bom gosto. Nesta versão mais cara o couro dos bancos e o belo tecido das portas trazem costuras laranjas que dão um toque mais elegante ao interior. O espaço traseiro é generoso com os 2,67 metros de entre-eixos e o túnel central bem baixo. Dá para viajar com três pessoas sem muitos apertos. Só terão que brigar pelas duas entradas USB-C…

Outra novidade é que todas as versões passam a ter seis airbags (frontais, laterais e cortina). Até a linha 2023, o SUV era oferecido com apenas as duas bolsas de ar, obrigatórias por lei. Ainda há sensor de estacionamento traseiro e sistema de câmera que mostra vários ângulos do carro (o que facilita manobrar e também não ralar a roda no meio-fio).

Talvez o Kardian dificulte as versões de entrada do Duster, já que estão na mesma faixa de preço e o novo carro da Renault chega moderno, turbinado em todas as versões e com ótimos predicados de dirigibilidade e equipamentos. Resta ao veterano SUV se reinventar (como já fez duas vezes) e apostar ainda mais na sua robustez e espaço para levar a família e muitas bagagens. Ah, e o acabamento? Que continue a melhorar.

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Fonte: direitonews

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