Teste: Omoda 5 faz 21 km/l e será rival mais barato que o Jeep Compass


Quem pretende comprar um SUV híbrido compacto nos próximos meses tem novo motivo para ficar indeciso. Além de todas as opções disponíveis, entre modelos nacionais e importados — quase sempre com motores turbo —, carros inéditos ainda vão estrear ao longo deste ano. É o caso do Omoda 5 HEV, da Omoda Jaecoo.

Autoesporte esteve na China para conhecer o SUV médio híbrido, que estreia no segundo semestre de 2025, conforme antecipado por nossa reportagem em fevereiro deste ano — e também dirigi-lo em um trajeto majoritariamente rodoviário por cerca de 300 km, entre as cidades chinesas de Xangai e Wuhu. Vale dizer que é raro conseguirmos testar um veículo em território chinês em vias públicas e condições reais de uso. Felizmente, foi o caso do Omoda 5.

Diferentemente dos vários modelos chineses à venda no Brasil, que são híbridos plug-in (PHEV), o Omoda 5 terá um conjunto híbrido paralelo (HEV), assim como o Toyota Corolla Cross. Ou seja, não há recarga externa e a autonomia em modo elétrico é pequena, mas a energia elétrica é recuperada pelo trabalho do motor a combustão mais frenagem regenerativa, gerando um consumo combinado sempre muito eficiente.

Sem criar suspense, deixo aqui o resultado de consumo urbano neste primeiro contato: 21,3 km/l em ciclo urbano. Importante ressaltar que as ruas na China são verdadeiros “tapetes” e que a gasolina por lá é mais pura que a nossa, com apenas 10% de etanol, mas ainda assim o número surpreende.

Algumas proporções enganam, mas o Omoda 5 é um SUV médio com carroceria estilo cupê e porte similar ao de um Jeep Compass. Tem 4,42 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,59 m de altura e 2,63 m de entre-eixos.

No Brasil, o modelo já é vendido em configuração elétrica, por R$ 209.990. A versão híbrida vai chegar abaixo dos R$ 200 mil, para brigar com versões de entrada do próprio Compass e as de topo de SUVs compactos, como Volkswagen T-Cross, Honda HR-V e Hyundai Creta.

Antes de falarmos da cabine e do espaço interno, vale ressaltar o forte apelo visual. A nova marca chinesa tem proposta “dois em um”: os veículos da Omoda têm pegada mais jovial, ousada e tecnológica, enquanto os Jaecoo são conservadores e sóbrios.

Fica evidente pelo formato da carroceria que se trata de um SUV cupê, em um nível menos “agudo” que o Fiat Fastback. Os faróis divididos em dois blocos são os mesmos do E5, a versão elétrica, com uma parte mais estreita acima (com a demarcação da DRL) e um lustre protuberante abaixo.

Contudo, diferentemente do elétrico, o Omoda 5 híbrido tem a grade um frontal de verdade, com divisórias internas em formato de pequenos losangos que se entrelaçam em um acabamento preto brilhante. A moldura da peça é do tipo infinito, assim como o GWM Haval H6.

Num período em que as marcas chinesas apostam em roupagens mais originais, fugindo de cópias, as lanternas interligadas do Omoda 5 claramente foram inspiradas no Lexus NX. A coluna C no estilo “flutuante” e o anteparo de aço escovado na região inferior do para-choque conferem ao SUV um estilo moderno que deve agradar.

Só acho que a marca precisaria melhorar o design das rodas, calçadas em pneus nas medidas 215/55 R18. Apesar de mesclarem preto brilhante e aço escovado, parece que faltou ousadia e o conservadorismo do jogo contrasta com o caráter agressivo do restante do veículo.

Partindo para a cabine, é evidente que a Omoda Jaecoo se esforçou para criar um ambiente minimamente aconchegante para os ocupantes traseiros. Saídas de ventilação, tomadas USB (dos tipos A e C), revisteiros no estilo “canguru” e apoio de braço central com porta-copos dão o ar da graça.

Tenho 1,85 m de altura e fiquei confortável na fileira traseira, compartilhando a cabine com outros três ocupantes. O espaço para os joelhos é escasso, mas o túnel central é pouco intrusivo, o que melhora a sensação de amplitude. Cinco pessoas ficariam no aperto, independentemente da estatura. Já o porta-malas de 378 litros é pequeno para um SUV desta categoria. O compartimento do Compass chega a 410 litros, contra 440 litros do Corolla Cross.

Desde as portas traseiras o acabamento é relativamente simples, formado por plástico duro de boa qualidade, com um detalhe diferenciado aqui e ali. Os materiais aparentam ser os mesmos utilizados nos carros da Caoa Chery. Aliás, vale lembrar que o Omoda 5 compartilha plataforma e estrutura de carroceria com o Tiggo 5X. Sua montagem inspira solidez com encaixes que parecem firmes.

O Omoda 5 integra as telas do painel de instrumentos digital e da central multimídia em uma régua única, flutuante no painel. O console central alto tem dois andares, com acabamento que imita a textura de madeira escura com verniz. Toda a região superior do painel é revestida de material emborrachado, enquanto uma generosa porção logo abaixo das saídas de ar-condicionado é de couro sintético.

A central multimídia de 10,3’’ deve em alguns quesitos, apesar do layout ajeitado e fácil de agradar. Faltou ser mais responsiva aos toques, principalmente em movimentos rápidos do motorista. Sua resolução também é um tanto quanto apagada, mesmo elevando a luminosidade ao máximo.

É uma pena que não seja o mesmo sistema do Jaecoo 7, muito mais rápido, que também já testamos. Contudo, como não poderia ser diferente, o Omoda 5 oferece pareamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio, ou pelas entradas USB no console.

Como já se tornou comum em projetos chineses, os controles do ar-condicionado foram incorporados à central multimídia. Entretanto, a Omoda ainda instalou um botão físico “AC” no console como atalho e, desse modo, é possível acessar o recurso com mais agilidade.

Entrando nas minúcias técnicas, o Omoda 5 tem o mesmo motor 1.5 TCi turbo a gasolina do Tiggo 5X, com injeção indireta de combustível e trabalhando em ciclo Otto — algo incomum para um modelo híbrido —, que entrega 143 cv de potência e 21,9 kgfm de torque.

Há um motor elétrico dianteiro de tração, acionado pelo câmbio automático CVT, mas os dados combinados de potência e torque serão divulgados em outro momento. A bateria de íons de lítio que alimenta o sistema elétrico tem 1,83 kWh — como comparação, a do Corolla Cross tem 1,3 kWh e é de níquel, um composto com menor densidade energética.

Assumi o volante na região metropolitana de Xangai, com semáforos e trânsito moderado. Foi nesta situação em que vi o computador de bordo marcar 21,3 km/l. A propulsão elétrica fica responsável por tirar o SUV da imobilidade, enquanto o motor a combustão é acionado em uma faixa de giro mais confortável. Isso explica a boa reputação dos híbridos paralelos, apesar de parte das marcas chinesas dispensarem a tecnologia.

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Bastou percorrer alguns quilômetros na rodovia para o consumo de combustível aumentar, como é comum em veículos híbridos. Afinal, a regeneração pelas frenagens diminui e o motor 1.5 turbo é acionado por mais tempo para tracionar as rodas. A uma velocidade média de 100 km/h, o número no computador de bordo desceu para 18,2 km/l, o que continua sendo um resultado digno.

O novo SUV médio ainda não foi submetido aos testes de homologação do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, com gasolina E30, mas a eficiência se mostrou um ponto forte.

O asfalto chinês é muito mais bem conservado que o brasileiro, o que dificulta entender o comportamento dinâmico da suspensão, sobretudo em linha reta na estrada. Como todo SUV chinês, no entanto, espera-se que o novo SUV tenha ajuste de curso longo e mais mole, sendo vulnerável aos balanços verticais que as ondulações do asfalto provocam e laterais das curvas.

Tanto que foi possível perceber como a carroceria do Omoda 5 tem a tendência de pender para os lados em movimentos bruscos durante manobras evasivas. Para deixá-lo ao gosto dos motoristas brasileiros, a Omoda precisa aumentar a rigidez do conjunto (McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira, como o Corolla Cross). Aliás, este é um ponto que quase todas as marcas chinesas precisariam rever.

Dinamicamente, o SUV proporciona uma experiência neutra. Seu comportamento é correto e estável, mas falta transmitir melhor ao condutor as percepções. A sensação geral é de um pouco de anestesia, algo aliás ainda muito comum em produtos chineses. O volante é macio e não transmite uma leitura clara da relação entre os pneus e o asfalto. Colocando em modo “Sport”, fica um pouco mais resistente, mas nada que melhore a dirigibilidade.

Por mais que os números combinados do conjunto híbrido pleno não tenham sido divulgados — isso deve acontecer mais próximo de seu lançamento —, o Omoda 5 se destaca pelo desempenho, principalmente em modo “Sport”. As respostas imediatas do acelerador e as reduções de marcha sempre suaves garantem ultrapassagens tranquilas e ágeis. No geral, este conjunto se beneficia do torque em baixa do motor 1.5 turbo, que melhora radicalmente sua reação.

Pelo porte e as tecnologias que oferece, o novo Omoda 5 HEV vai brigar com as versões mais equipadas dos SUVs compactos nacionais. Estamos falando de T-Cross Extreme (R$ 188.990), Creta Ultimate (R$ 196.990) e HR-V Touring (R$ 204.200). Além, é, claro, das versões de entrada do próprio Compass e do BYD Song Pro (R$ 194.800).

Julgando que sua versão elétrica foi lançada por R$ 209.990, pode-se estimar o seu preço entre R$ 185 mil e R$ 200 mil — isso com o pacote de equipamentos que conhecemos na China, com teto solar e abertura elétrica da tampa do porta-malas. Seria um posicionamento muito tentador para o novo Omoda.

Com um conjunto híbrido acertado, muitas tecnologias e bom posicionamento de preço, temos altas expectativas para a chegada do Omoda 5 HEV. Há potencial para se tornar um carro de volume. Porém, a marca ainda precisa trabalhar bastante a sua imagem, pois segue desconhecida para o grande público.

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Fonte: direitonews

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