O Chevrolet Trailblazer estreou no Brasil em 2012. Desde então, não mudou de geração, passando por algumas reestilizações (umas mais intensas que outras). A mais significativa aconteceu agora, na linha 2025, com visual atualizado e uma lista de equipamentos aprimorada. Faz sentido para tentar resgatar os olhares dos brasileiros e recuperar números, já que seu rival direto, o Toyota SW4, vende quase 10 vezes mais. Mas, será que é o suficiente?
O SUV de sete lugares, que está disponível em versão única, a High Country, por R$ 368.550, não era atualizado profundamente desde 2016. A reestilização trouxe mudanças, algumas significativas como no interior renovado e até ajustes no motor. Por outro lado, outros detalhes foram esquecidos e permanecem iguais desde o lançamento há 12 anos.
Uma das novidades está no design da dianteira. O Trailblazer 2025 traz as mesmas atualizações da S10, com quem divide praticamente toda a parte mecânica. Desta forma, o SUV tem uma grade maior e com acabamento cromado que emoldura os novos faróis. Um visual bem americanizado que agrada e deixa de lado a cara mais antiga do modelo anterior.
Se a dianteira agrada, a traseira deixa muito a desejar. A Chevrolet optou por manter a traseira sem grandes mexidas na linha 2025. Por isso, acaba que não condiz com essa linguagem mais moderna da dianteira. Se você fizer um 360°, nem parece o mesmo carro.
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A cabine guarda as principais mudanças. O Trailblazer recebe o mesmo conjunto de telas da S10 e da Spin, ou seja, painel de instrumentos digital com tela de 8 polegadas e multimídia de 11” atualizada. A central, aliás, é bastante intuitiva e gosto do modo de personalização, no qual você consegue colocar os recursos que mais utiliza no menu rápido, apenas arrastando os ícones. O sistema é léguas de distância para o dos principais correntes, Toyota SW4 e Mitsubishi Pajero Sport. A conexão com Apple CarPlay e Android Auto é feita sem a necessidade de cabo.
O acabamento também melhora na linha 2025. Está mais refinado, com um mix de cores no interior que agrada aos olhos. Senti uma mudança considerável nos materiais, embora tenha presença de bastante plástico nas portas e painel. O volante novo traz um ar mais moderno ao SUV e facilita com atalhos para mexer no painel, aumentar volume e verificar as principais informações do carro.
Os bancos também recebem uma atenção especial. O novo estofamento aumenta o conforto e “abraça” melhor o motorista para ter uma posição de dirigir melhor, que naturalmente é mais alta (e agrada) por ser um carro de porte maior. Não é difícil de encontrar uma boa posição e os ajustes elétricos auxiliam nesse processo. Apenas entrar no carro é uma questão para pessoas mais baixas, precisa segurar na alça que fica na coluna para conseguir subir sem esforço.
Quem viaja na segunda fileira, também vai bem. Tem espaço suficiente para três pessoas se sentarem de forma confortável, graças as dimensões. São 4,87 metros de comprimento, 1,86 metro de altura, 1,90 m de largura e 2,84 m de entre-eixos. Ou seja, é maior que o SW4. No comprimento, a diferença é de 8 centímetros, enquanto na distância entre os eixos são 10 cm a mais.
Algo interessante são as saídas de ar-condicionado no teto. Uma solução bastante prática e que funciona por resfriar toda a cabine. Outro item de conforto são as duas entradas USB para os passageiros de trás. Durante o teste em viagem com cinco adultos no SUV, todos viajaram de forma bem tranquila e não houve reclamações.
Vamos falar da terceira fileira? Os bancos da fileira do meio podem ser rebatidos para facilitar o acesso de quem vai lá no fundão. Já o espaço é razoável para o meu caso (que tenho 1,60 m), mas não é dos melhores para adultos medianos ou mais altos. A posição das pernas também não é favorável, ficam mais elevadas em uma posição, digamos, “não-natural”. Se os bancos da segunda fileira fossem corrediços, como acontece na Chevrolet Spin, essa questão seria parcialmente resolvida.
No caso do porta-malas, o Chevrolet Trailblazer oferece 554 litros de capacidade na configuração 5 lugares (ou co a terceira fileira rebatida). Nada muito exorbitante para uma família de sete pessoas, mas justificável pela configuração. Mesmo assim é maior que o do SW4, que tem 500 litros.
Entretanto, o que desaponta é o espaço de 205 litros com a última fila de bancos armada. No máximo dá para levar três mochilas de tamanho menor. É aqui que vemos a solução interessante de um carro de categoria de preço inferior, o Citroën C3 Aircross (R$ 136.590), que tem esses últimos assentos removíveis e você consegue personalizar de acordo com a necessidade.
Para a linha 2025, a Chevrolet manteve o já conhecido motor 2.8 turbodiesel de quatro cilindros. Porém, assim como na S10, foi recalibrado para ficar 7 cv mais potente, totalizando 207 cv. O torque é de 52 kgfm (ligeiramente acima dos 51 kgfm anteriores). Com esse trem de força, o SUV é mais potente que os rivais, já que SW4 entrega 204 cv e 50,9 kgfm e Pajero Sport rende 190 cv e 43,9 kgfm.
A sensação de dirigir um carro a diesel é sempre diferente e única, ainda mais pelo barulho semelhante ao de um caminhão. É mais robusto nas respostas e “rígido” para dirigir. Nada que atrapalhe, mas exige um período de adaptação. Neste caso, o destaque fica para o novo câmbio automático de oito velocidades, que veio emprestado da irmã norte-americana Colorado. A transmissão, além de ser mais eficiente que a antiga de seis marchas, entrega melhores relações e marchas iniciais mais curtas. Então, força de arranque é o que não falta no SUV.
Justamente por conta desse acerto, e da tração 4×4 com reduzida, o modelo se comporta muito bem em terrenos mais difíceis, mesmo com o peso elevado de 2.189 kg. O Trailblazer também ficou mais ágil nas respostas. Acelera de forma imediata e tem bom desempenho no ciclo urbano. O 0 a 100 km/h é feito em 9,5 segundos. É o mesmo tempo do Fiat Pulse de 130 cv e que pesa 1.237 kg, em termos de comparação.
Há também outros dois pontos de destaque. A suspensão ajustada, em conjunto com as rodas de 18”, impede que os passageiros sintam o reflexo das imperfeições da via. É um carro estável na medida do possível (lembrando que a carroceria é sob o chassi), embora você sinta um pouco de trepidação em alguns pontos de desnível do asfalto. Em segundo lugar, está o acabamento acústico. Com as placas adicionais nas portas, colunas e teto, pouco se ouve da vibração do motor a diesel (que não é pouca).
O Trailblazer é um SUV bem equipado e facilita a vida do motorista no dia a dia. Traz frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, alerta de colisão frontal e de saída de faixa, bem como sensor de estacionamento dianteiro e traseiro (talvez o item mais importante da lista para estacionar o brutamonte de quase 5 metros). No entanto, pelo preço de mais de R$ 368 mil, falta um piloto automático adaptativo.
Seja como for, é um carro que entrega boas doses de conforto. Durante os cinco dias que pude testá-lo, constatei que é um SUV espaçoso (ideal para famílias), com trocas dinâmicas de marchas, que agradam mesmo no trânsito da cidade, e que entrega uma estabilidade melhor que a do SW4, por exemplo.
Em termos de consumo, o modelo não impressiona. Entretanto, por ser um carro mais pesado e movido a diesel, faz médias razoáveis. Os números melhoraram em relação ao SUV anterior. Na cidade, por exemplo, foi de 8,2 km/l para 9,2 km/l. Já na estrada, subiu de 10,3 km/l para 11,2 km/l.
Com a estreia do Trailblazer 2025, a Chevrolet tenta (talvez em vão) assumir o segundo lugar do segmento (Mitsubishi Pajero) e diminuir a grande vantagem para o líder absoluto (Toyota SW4). Até maio de 2024, o SUV da GM emplacou 681 unidades. Enquanto o Mitsubishi, que parte de R$ 376.990, registrou 802 vendas. Por fim, o SW4, mesmo com a tabela ainda mais elevada de R$ 386.290, supera com nada menos que 6.177 emplacamentos (!).
Embora a expectativa de um design totalmente atualizado tenha sido frustrada, o Chevrolet Trailblazer 2025 melhora. Está mais ajustado, potente e é uma boa opção para quem quer espaço para a família. Virtudes que podem fazer o número de vendas subir ligeiramente. É grande para a cidade, mas sempre há um preço que se paga pelo conforto. Neste caso, é de R$ 368.550.
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Fonte: direitonews