Mesmo na corrida insana do mercado automotivo nacional, com as marcas chinesas investindo pesado, o primeiro carro híbrido plug-in (PHEV) fabricado no Brasil é… alemão. O modelo em questão é o BMW X5, que começou a ser fabricado em Araquari (SC) no fim de 2024. Não por menos, também se tornou o veículo mais potente já produzido no país.
O peso da conquista é grande, em especial porque a BMW passou na frente de BYD e GWM, que estão perto de começar a produzir nacionalmente. E já sabemos que o primeiro híbrido pleno feito aqui, fabricado em Indaiatuba (SP) desde 2019, é o Toyota Corolla, que tem conjunto flex. Então, sim, é um verdadeiro avanço.
Como nem tudo na vida são flores, não estamos falando de um veículo acessível, e sim de um SUV de luxo. Disponível com pacotes X-Line e M Sport, o BMW X5 xDrive50e carrega um sobrenome difícil de lembrar (como quase todo carro da marca) e parte de R$ 786.950. O modelo estreia o visual atualizado dos novos SUVs da BMW, com faróis de LED em formato de seta, detalhes cromados e para-choques elevados.
A imponência do design não passa despercebida. Não houve quem não quisesse dar aquela “olhada” enquanto eu dirigia pelas ruas de São Paulo. Curiosos chegavam perto para tentar desvendar o modelo. E não era para menos, já que o porte elevado e o formato musculoso acentuam o visual apimentado.
Ao todo, são 4,92 metros de comprimento e 2,97 m de entre-eixos, então fica fácil imaginar que a cabine do novo X5 PHEV é espaçosa. Durante nosso teste, três colegas de redação se acomodaram de forma confortável na segunda fileira, que ainda tem saída de ar e ajuste de temperatura por uma tela. Os 2 m de largura também proporcionam ótima folga para os ombros. O porta-malas tem bons 500 litros, mas senti falta de estepe. A BMW oferece um kit de reparo para os pneus.
Se tem algo acertado nos carros da BMW é a ergonomia. Os bancos são muito bem posicionados, com encostos inclinados que deixam qualquer passageiro tranquilo. Somando os ajustes elétricos dos bancos dianteiros e do volante, fica muito fácil encontrar uma boa posição para dirigir. Surpreende apenas a falta de ajuste de altura dos cintos de segurança.
Nem sempre é fácil para nós, jornalistas mortais, avaliarmos um carro de quase R$ 800 mil. É menos simples do que parece. O que posso afirmar é que, quando entrei na cabine do X5, tive a mesma impressão que já vivenciei em outros carros da BMW: de que a marca tem um cuidado especial no acabamento.
Entretanto, a linguagem de design interno segue o mesmo padrão de outros veículos da marca, então não chega a impressionar. O tom marrom escuro é muito elegante e as peças de plástico são pontuais, prevalecendo os materiais sensíveis ao toque, que imitam couro de qualidade.
No dia a dia, a vida a bordo do BMW X5 é, nos dizeres do meu pai, um “bem bão”. Além da pequena tela na segunda fileira, há um conjunto que une a central multimídia de 14,9”, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, e o painel de instrumentos de 12,3”. A interface é avançada, mas simples de mexer.
Um detalhe de que gostei é a opção chamada “Status”, no menu, que mostra qualquer eventual falha do veículo. Se uma luz acender no cluster, basta acessar essa aba para saber o que precisa ser corrigido sem necessidade de consultar o velho manual — também disponível na multimídia.
Obviamente, o BMW X5 é recheado de recursos ativos de segurança (Adas), como frenagem autônoma de emergência e assistente de permanência em faixa. Mas o que realmente me impressionou foi a precisão do Driving Assist — ou assistente de direção, em português. Quando você o ativa, é como se o carro “assumisse” o controle.
Na prática, o sistema acelera, freia e mantém o veículo dentro da faixa, até se esquivando de possíveis obstáculos, motoqueiros e pedestres. Mas tenha calma, não pense em loucuras. Embora o sistema seja muito preciso e eficiente, o motorista tem de manter as mãos no volante. Se tirá-las, segundos depois o carro emite um aviso solicitando que volte a assumir a direção. É um recurso que realmente ajuda em dias em que o condutor está mais cansado.
Hora de dirigir. Quando aperto o botão de partida, nada de ronco. Percebo que o novo BMW X5 desperta em modo elétrico, usando o propulsor de 197 cv de potência. Até que não é pouco, mesmo para um carro de 2 toneladas, mas é ao ativar o modo híbrido no console central, somando os 313 cv do motor 3.0 turbo a gasolina de seis cilindros em linha, que o condutor sente a força real do SUV.
No total, o conjunto híbrido plug-in (que tem recarga externa) oferta 490 cv de potência e 71,3 kgfm de torque combinados. Com esses dados, o X5 é, atualmente, o carro mais potente em produção no Brasil. O câmbio é o famoso automático de oito marchas da ZF, com um sistema de pré-engrenagem que garante bom torque a baixas rotações.
De fato, força de arranque não falta. Além de uma direção firme, que particularmente me agrada, e da posição alta para dirigir, o novo X5 entrega um alto desempenho e confiança para manejar. Por isso, os freios com discos ventilados nas quatro rodas são tão eficientes quanto essenciais.
O motor elétrico é alimentado por baterias de 25,7 kWh, que rendem 76 km de autonomia elétrica (Inmetro). Com a carga cheia e em modo híbrido, o X5 fez 16,9 km/l na cidade em nosso teste e 20,8 km/l na estrada.
Um recurso interessante é o “battery hold”, que prioriza o uso do motor a combustão e “segura” a carga da bateria caso você queira preservar energia. Nesse caso, o consumo cairá drasticamente, para 9,2 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada, segundo o Inmetro.
Além do desempenho, o novo BMW X5 esbanja conforto. A dinâmica da suspensão adaptativa surpreende. Em um trecho perto de casa, passei a 42 km/h em uma lombada mais baixa e praticamente não senti o impacto na cabine. Por ser pneumática, é possível ajustar a distância em relação ao solo até 1 centímetro para baixo e 2 cm para cima. A altura padrão é de 20,9 cm. Ótima solução, dependendo do terreno enfrentado.
Dito tudo isso, mesmo não sendo fácil avaliar um carro como o novo BMW X5, concluo que é um SUV pioneiro e inovador em vários aspectos, com tecnologias que muita gente até duvida que possui. Mas é, também, intensamente tradicional. Uma pena que poucos possam pagar pelo primeiro híbrido plug-in nacional. Quem pode certamente fará uma boa ponte entre o clássico e o moderno.
Pontos positivos: Conforto da suspensão, dinâmica, tecnologias, espaço interno
Pontos negativos: Consumo sem bateria, falta de ajuste do cinto, recarga somente lenta
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Fonte: direitonews