Teste: novo Audi Q3 dispensa versão elétrica e tem motor turbo mais potente


O aeroporto de Glasgow, na Escócia, é bem vazio e silencioso à noite. São 23 horas e as portas eletrônicas das lojas de Rangers e Celtic, os dois maiores times de futebol do país, fecham lentamente para sacramentar o último suspiro de qualquer estabelecimento aberto. Caminho até o ponto de táxi e logo sou atendido. A partir dali, a função é educar minha mente para compreender o “mundo invertido” da mão inglesa. Porque a missão no dia seguinte não será mais no banco do passageiro, e sim no do motorista para conhecer a nova geração do Audi Q3, que logo desembarcará no Brasil.

Nessa terceira geração do SUV, a marca alemã fez o oposto do que muitos imaginavam: não há versões elétricas. O que torna isso mais surpreendente é que o principal rival do Q3, o BMW X1, já tem variante elétrica desde 2022. O Volvo XC40 Recharge Pure Electric (hoje EX40) é ainda mais antigo: chegou em 2021. Mesmo assim, o novo Q3 tem quatro opções de motores tanto para a carroceria normal quanto para a Sportback.

A gama começa com o motor 1.5 TFSI a gasolina associado a um sistema híbrido leve, que entrega 150 cv e 25,5 kgfm. Esse motor é uma evolução. do nosso 1.4 TSI e essa tecnologia vai estrear no Brasil pelas mãos da Volkswagen, não da Audi.

Em vez de um conjunto totalmente elétrico, o Q3 aposta em uma variante híbrida plug-in (PHEV), com esse mesmo motor 1.5 que, aliado a outro propulsor elétrico, totaliza 272 cv e 40,8 kgfm. A bateria tem capacidade de 19,7 kWh, permitindo autonomia elétrica de 118 km no ciclo europeu WLTP. Para amantes do diesel, o 2.0 TDI entrega 150 cv e 36,7 kgfm de torque.

Mas o que realmente importa para nós nesse momento é o 2.0 TFSI, única motorização que teremos no Brasil. Haverá uma evolução em relação ao conjunto vendido na atual geração, passando de 231 cv e 34,7 kgfm para 265 cv e 40,8 kgfm de torque. O câmbio é de dupla embreagem com sete marchas e a tração é integral quattro.

Mas no “spec” brasileiro do hot hatch serão 245 cv (20 cv a menos que o europeu) e 37,7 kgfm (3,8 kgfm a menos). O Q3 não deve ter essa redução. Na operação do câmbio, agora há um seletor de marchas no lado direito da direção, não mais no console.

Minha primeira vez dirigindo na mão inglesa é em um típico dia britânico: céu encoberto por nuvens e a garoa fina que cria uma névoa no deslunbrante cenário de floresta e montanhas. Em tom de crítica, muitos disseram na internet: “O novo Q3 está com cara de carro chinês”. De certo modo, faz sentido, porque a China é um dos maiores mercados da Audi no mundo.

A fonte dos comentários é o desenho da traseira. As lanternas de LED são separadas na parte superior e, logo abaixo, acompanhadas por uma faixa horizontal contínua. O que gerou maior repercussão foi o logotipo iluminado, só que esse item não deve vir para o Brasil. Inspirada nos elétricos da linha e-tron, a dianteira tem faróis divididos, com LEDs diurnos do tipo pixel na parte superior e luzes principais Matrix (opcionais) logo abaixo.

A grade está bem maior e as argolas no centro não são mais cromadas — ficam mais discretas e a peça não acende. Nas dimensões, só cresceu no comprimento em relação à atual geração: agora, são 4,53 metros (+4 cm). De resto, são os mesmos 1,58 m de altura, 1,86 m de largura e 2,68 m de entre-eixos.

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Um ponto negativo é o porta-malas, que diminuiu: saiu dos atuais 530 litros para 488 l. O espaço no banco traseiro é bom pa ra pessoas da minha estatura (1,87 m de altura), inclusive para a cabeça na versão Sportback, com cai mento cupê. Há duas saídas de ventilação — com uma terceira zona independente para o banco de trás.

No banco da frente, os materiais são ótimos, com couro, Alcantara e plástico emborrachado. O carro de teste tem volante do lado esquerdo porque foi importado da Hungria. O painel segue o padrão de SUVs mais caros da marca, com uma prancha sendo usada para unir o quadro de instrumentos de 11,9 polegadas com a central multimídia de 12,8 polegadas.

Chega a hora de colocar em prática minhas observações de passageiro na mão inglesa. Para evitar contratempos, a Audi fez questão de colocar um recado no canto esquerdo do para-brisa: “Drive on the left” (dirija na esquerda, em tradução). Com o volante do “lado certo”, a impressão é de estar sempre na contramão.

As ultrapassagens são feitas pelo lado direito, mas o que mais confunde são as rotatórias: elas giram no sentido horário (o contrário do que estamos acostumados no Brasil). No começo, a confusão é normal, mas nada como a prática para entender como tudo funciona.

O novo Q3 tem um baita fôlego para um SUV de mais de 1.700 kg e o ganho de força em relação à atual geração é muito perceptível. De acordo com a Audi, a marca de 0 a 100 km/h é feita em 5,7 segundos.

Para tornar meu desafio no “mundo invertido” da mão inglesa ainda maior, o vento e a chuva tão fortes deixaram os belos Alpes Arrochar totalmente encobertos, e o limpador automático do para-brisa trabalhou com força máxima. Nessa nova geração, o coeficiente de arrasto aerodinâmico foi reduzido de 0,32 para 0,30. Quanto menor o número, menos o atrapalha o carro.

Entre outras coisas, isso deixa a cabine mais silenciosa. A Audi é conhecida por ter suspensão firme e, na nova geração do Q3, para proporcionar mais conforto, traz amortecedores com duplo circuito que permitem controlar compressão e extensão de forma independente, tornando o SUV mais confortável.

O novo Q3 chegará ao Brasil no início de 2026, nas carrocerias SUV e Sportback, e até o final do primeiro semestre será montado, no sistema SKD, na fábrica de São José dos Pinhais (PR). O preço deve ficar entre R$ 350 mil e um pouco mais de R$ 400 mil. A missão de dirigir na mão inglesa pela primeira vez foi concluída com sucesso. A preocupação seguinte antes da partida era mais fácil: encontrar um bom whisky escocês para meu pai. Essa tarefa foi bem mais simples.

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Fonte: direitonews

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