Teste: nova Chevrolet S10 Z71, como anda a versão de R$ 280 mil da picape


Devo admitir que não sou o maior fã de música sertaneja. No máximo, consigo acompanhar o refrão de Evidências e uma ou outra canção do gênero. Porém, a bordo da Chevrolet S10 Z71 2025 na cidade histórica de Pirenópolis (GO), não consigo pensar em uma comparação melhor para o momento da picape do que com uma dupla sertaneja. E daquelas com décadas de estrada.

Após a nova S10 receber uma reestilização profunda por dentro e por fora, eu a vejo como uma daquelas duplas sertanejas famosas, mas que tentam voltar aos dias de glória com remixes de modas já consagradas.

No caso da caminhonete, em vez de uma repaginada completa e alinhamento com a irmã americana Colorado, a Chevrolet optou por manter a estrutura da geração lançada há quase 15 anos. Contudo, promoveu uma revolução na dianteira, com estilo inédito, e no interior, com visual contemporâneo. O motor ainda recebeu uma série de melhorias e ficou mais potente e econômico.

Mas isso é suficiente para manter a picape competitiva por mais cinco ou seis anos? Afinal, o ciclo de renovação desse tipo de veículo é consideravelmente mais lento. Vale lembrar também que a histórica rival, Ford Ranger, teve uma nova geração lançada há menos de um ano e que a líder do segmento, Toyota Hilux, passará pelo mesmo processo daqui a cerca de um ano e meio.

Mas vamos ao que interessa. Como é o novo modão da S10? A introdução vem com uma cara invocada provocada pelo capô elevado e pela nova grade dianteira recortada pelos faróis, que finalmente são de LED — mas só da versão Z71 em diante. Na traseira, lanternas redesenhadas e tampa da caçamba com o nome Chevrolet em baixo-relevo ajudam a animar o público.

Chegando ao refrão, temos um habitáculo de tamanho idêntico ao da versão anterior, mas repleto de novas tecnologias. Quadro de instrumentos digital de 8 polegadas e central multimídia de 11” finalmente colocaram a picape média em 2024.

+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte.

Completam o pacote novos bancos, Wi-Fi nativo e painel com design mais moderno. As versões LTZ e High Country ainda trazem ar-condicionado digital, sensor de chuva, banco do motorista com ajustes elétricos, carregador de celular por indução, partida remota e retrovisor eletrocrômico.

Porém, para ter os itens mais interessantes é preciso ir direto à versão High Country, topo de linha. É como comprar uma edição premium de um disco. Nesse caso, em vez de um autógrafo, o comprador recebe alertas de ponto cego e tráfego cruzado traseiro, descanso de braço traseiro, santantônio integral e grade e frisos cromados. Ao contrário da Ranger, a S10 não tem os recursos avançados, como manutenção na faixa e frenagem de emergência.

A batida segue a cargo do 2.8 turbodiesel de quatro cilindros, que agora se chama Duramax. Segundo a Chevrolet, foram mais de 30 evoluções em relação ao motor anterior. Mudaram, por exemplo, pistões, bicos injetores, turbina, coletor de exaustão e linha de combustível.

Veja também:

Já peças como bloco e virabrequim foram mantidas do motor CTDi. O resultado é uma potência que aumenta de 200 cv para 207 cv, além do torque que chega aos 52 kgfm, 1 kgfm a mais do que antes.

Na prática, essas melhorias vão evitar que a voz da S10 falhe, como acontece com alguns cantores sertanejos. Aliás, a disposição é a mesma de quem faz 200 shows no ano. Os números de fábrica mostram que a aceleração de zero a 100 km/h está 1 segundo mais rápida, em 9,4 s. O consumo também melhorou: de 8,4 km/l para 9,5 km/l na cidade e de 10,4 km/l para 11,4 km/l na estrada, segundo o Inmetro.

Rodando com a picape, também é possível perceber que o isolamento do motor está melhor, tanto na acústica como no nível de vibração. Nem é preciso aumentar o volume do rádio ou da voz.

Seguindo a onda de evoluções, o câmbio automático de oito marchas da Colorado deu vida nova à S10. Como há duas relações a mais que a antiga caixa de seis velocidades, as trocas acontecem em rotações mais baixas, privilegiando suavidade ao rodar e economia de combustível. Se necessário, parece sempre haver uma reserva de potência e torque, ainda que não seja possível escolher modos de condução esportivo ou econômico, como nas rivais Ranger e Hilux.

Em nosso test drive, os trechos off-road e de pavimento castigado foram restritos a poucos quilômetros. Infelizmente, eu estava no banco de trás em parte do trajeto. Nesse caso, é melhor tomar um Dramin para evitar enjoos, já que os sacolejos da suspensão traseira por feixe de molas são inevitáveis.

O que poderia ter sido aplicado (e não foi) é a saída de ar traseira, recurso cada vez mais comum, mesmo em carros de menos de R$ 120 mil. Em uma picape de R$ 300 mil, chega a ser imperdoável.

A Chevrolet S10 2025 não deixou de usar bota, cinto de fivela larga e chapéu. Mas precisou renovar a roupagem e trazer novos hits para dizer ao público: só quero ouvir você dizer que sim. A fórmula de se renovar sem trocar de base funcionou muito bem e possibilita a ela lutar pelo topo das paradas. Mas também não podemos disfarçar as evidências de que esse repertório deve ficar gasto em pouco tempo. E a espera por um álbum completamente novo será longa.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Fonte: direitonews

Anteriores Produção nacional de químicos ameaçada?
Próxima Sesc Mesa Brasil: 2º Congresso de Educação – arrecada cinco mil quilos de alimentos