A Chevrolet S10 está diferente. E embora não seja uma nova geração, a linha 2025 da picape média traz um facelift intenso para tentar se manter à frente da Ford Ranger, como tem acontecido historicamente. A proposta de se atualizar também mira na líder do segmento, a Toyota Hilux. Para isso, além dos ganhos visuais e de um novo câmbio automático, traz mais recursos para sustentar o embate entre as médias. Mas é o suficiente?
Antes de mais nada, até o momento, a Chevrolet abriu a pré-venda da S10 nas três versões mais caras: Z71, LTZ e High Country. Os preços partem de R$ 281.190 e alcançam R$ 302.900. Ou seja, mesma tabela da linha 2024. No entanto, esse valor é promocional e vai durar apenas para o estoque de 990 unidades. Por isso, em breve, o preço deve subir.
Cabe reforçar que a Chevrolet vai apresentar as tradicionais configurações de trabalho, incluindo as de cabine simples e chassi com cabine. O lançamento está previsto para acontecer em maio.
O primeiro ponto de mudança da nova linha é o design. O retoque aproxima a S10 da irmã norte-americana, a Colorado. Assim, a caminhonete ficou mais robusta graças ao capô elevado, faróis e lanternas de LED mais alargados e com novo desenho, bem como a grade (que muda de acabamento a depender da versão).
A Chevrolet também acrescentou um novo conjunto de rodas de 18 polegadas de alumínio. Os pneus 265/60 também são novos. Nas versões LTZ e High Country, são de uso urbano. Apenas a configuração mais aventureira, Z71, permanece com exemplares de uso misto. De acordo com a fabricante, a escolha de colocar os pneus de uso urbano nas versões topo de linha veio de pesquisas com consumidores.
A conclusão é de que as opções mais caras acabam tendo um uso prioritário na cidade, e esse conjunto vai ajudar no consumo e na redução de ruídos. Então, quem quiser colocar a picape na terra, terá que negociar para a aplicação de um pneu de uso misto.
É importante frisar que a S10 mantém a mesma base há 12 anos e passou apenas por algumas reestilizações, sendo esta a mais intensa. Então, é um projeto mais antigo que o da Ford Ranger, por exemplo, que estreou no ano passado com nova plataforma, mais tecnologia e duas opções de motor a diesel (que em breve vamos falar sobre).
Agora, quando a comparação vai para a Toyota Hilux, a história muda. Afinal, a picape japonesa está na mesma geração desde 2015. E apesar de não ser a picape média mais moderna, tem fama de baixa manutenção de motor, confiabilidade e diversas opções dentro do portfólio. Pontos que contribuem para a caminhonete ser a líder do segmento por tantos anos.
Voltando para a S10, a caçamba tem amortecedores que facilitam a abertura, mas tem um detalhe negativo: não traz o protetor interno, item que pode ser adicionado a parte como acessório. Ao todo, são mais de 40 opções. O recurso, é válido dizer, será “dado” para os primeiros 990 compradores.
A capacidade de carga, no entanto, não muda. É de exatos 1.044 kg na versão topo de linha, podendo empurrar 2.850 kg no reboque. Fica “pau a pau” com as rivais, com diferenças pequenas entre si. Mesmo com o facelift pesado, as medidas não mudaram (mais um sinal de que a base foi mantida). São os mesmos 5,36 metros de comprimento, 1,87 m de largura, 1,83 m de altura e 3,10 m de entre-eixos.
Por dentro, a atualização da S10 é um dos trunfos da picape na linha 2025. O acabamento está mais caprichado em relação à linha anterior. Embora tenha a presença de bastante plástico rígido, que poderia ser mais refinado, a picape média agora conta com materiais de toque suave nas portas e painel. Os bancos (do motorista com ajustes elétricos), passaram por uma leve reforma e estão mais largos, o que melhora a posição de dirigir.
Porém, o destaque vai para o painel redesenhado (à la Silverado). O volante é o mesmo da irmã gringa e agora tem ajuste de profundidade – antes era apenas de altura. Então, a posição de dirigir fica mais confortável. Além disso, o seletor de tração (4×2, 4×4 e 4×4 com reduzida) muda de lugar e foi parar no painel do lado esquerdo do motorista, em posição pouco usual.
O conjunto de telas, quer será incorporado aos poucos em todos os carros da fabricante no Brasil, é o mesmo que estreou na Spin 2025. Dessa forma, adiciona o painel de instrumentos digital de 8 polegadas e a central multimídia com a 11ª geração do Mylink.
Com a atualização, a multimídia de 11 polegadas está mais intuitiva. Tem conexões para Android Auto e Apple CarPlay (feita de forma bastante simples), além de ser personalizável. No geral, melhora de forma significativa a vida a bordo.
A caminhonete também traz outras comodidades, essenciais para um carro que ultrapassa os R$ 300 mil. Esse é o caso do ar-condicionado digital, que poderia ser dual zone (mas não é), câmera de ré, carregador de celular por indução, chave presencial, entradas USB do tipo C e normal, bem como uma tomada USB do tipo A.
Outro ponto positivo é que a S10 2025 está mais equipada em termos de assistências à condução. Passa a oferecer alertas de ponto cego e saída de faixa, frenagem automática de emergência, sensor de estacionamento traseiro, partida remota por botão e acendimento automático dos faróis. Contudo, continua sem o piloto automático adaptativo, item que poderia estar incluso na picape que chega na faixa dos R$ 302 mil (e vai ficar ainda mais cara).
Na segunda fileira, há bastante espaço graças aos pouco mais de 3 metros de entre-eixos. Só que faltou uma saída de ar-condicionado para melhorar a experiência dos passageiros.
Para a linha 2025, a Chevrolet manteve o já conhecido motor 2.8 turbodiesel de quatro cilindros. Mas, ele foi recalibrado para ficar 7 cv mais potente, totalizando 207 cv. O torque é de 52 kgfm e fica ligeiramente acima dos 51 kgfm da linha anterior. A Ranger, por exemplo, tem duas opções de motor turbodiesel: o 2.0 de 170 cv e o 3.0 V6 de 250 cv. Já na Hilux, o motor é sempre o 2.8 turbodiesel de 204 cv.
Um detalhe interessante é que o motor da S10 é ligado a um sistema de inteligência artificial que promete processar simulações e garantir o melhor desempenho. A promessa é de que a novidade interfira na dirigibilidade, performance e na eficiência energética, podendo identificar os possíveis desgastes no motor.
Em contrapartida, a grande mudança ficou para o câmbio. A S10 2025 abandonou a transmissão automática de seis marchas, que deu lugar a caixa de oito marchas. O mesmo modelo utilizado na Colorado. Só que, para fazer parte da picape média brasileira, recebeu uma calibração customizada.
A ficha técnica revela que a S10 2025 está 1 segundo mais rápida e vai de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos (antes era 10,4 s). É um dado razoável levando em consideração que o foco da picape não é performance de velocidade, e sim de capacidade e robustez.
Ademais, a caminhonete também traz melhorias técnicas para ficar mais econômica e emitir menos carbono. Crédito, diga-se de passagem, do novo câmbio. Com isso, a S10 roda cerca de 9,5 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada, segundo o Inmetro. Antes era 8,4 km/l e 10,4 km/l, respectivamente.
Antes de mais nada, temos que dizer que o test-drive foi curtíssimo. Autoesporte conheceu a nova Chevrolet S10 2025 no pré-lançamento, que aconteceu durante o ExpoLondrina. Por lá, havia um percurso com uma proposta off-road, mas não foi possível acelerar o modelo por muito tempo.
Então, a avaliação mais completa do desempenho diário, bem como das acelerações e retomadas, serão feitas em outra ocasião. Durante o evento, no entanto, foi possível notar algumas mudanças pontuais da picape.
A configuração testada foi a Z71, que tem aptidão para aventuras e pneus de uso misto. A suspensão recalibrada é um ponto alto. A nova S10 também traz uma nova coluna de direção, que auxilia na dirigibilidade. No teste (bastante curto), passamos por um terreno com desníveis e a picape se mostrou estável, com pouca trepidação e vibração no volante. Há também novos amortecedores que absorvem mais o impacto dos terrenos mais difíceis.
Aliás, a S10, embora tenha mantido a mesma estrutura e plataforma, recebe um aumento nas bitolas (na prática, a distância entre a roda direita e esquerda), e o ajuste proporciona uma melhor estabilidade de direção.
A calibração do câmbio resulta em marchas iniciais mais curtas. Ou seja, proporciona mais força de arranque e torque, o que facilita em subidas muito inclinadas e em terrenos mais desformes, até mesmo com peso extra na caçamba.
As marchas maiores, em contrapartida, ficaram mais longas para ajudar a baixar o consumo de combustível (que não teve os números divulgados). Mas, como dissemos, não foi possível acelerar a picape na estrada, então Autoesporte volta em outro momento com essa conclusão.
No geral, a atualização da Chevrolet S10 2025 agrada. A picape média estava precisando, há bastante tempo, de um frescor. O design tem potencial de cativar um maior público e a adição de recursos atualizados vai ajudar o modelo a se manter vivo na competição entre as médias. Uma missão ainda difícil tendo em vista que a Ranger é mais atual e a Hilux dispara na frente em termos de custo-benefício. Entretanto, seria bom ver uma mudanças mais profunda (quem sabe uma nova geração) na picape da Chevrolet.
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Fonte: direitonews