Teste: Nissan Sentra Advance 2025 aposta no custo-benefício contra SUVs


O que seria do Neymar se não existissem Cristiano Ronaldo e Messi? Não sei se o Nissan Sentra seria o melhor sedã médio do segmento, mas, com certeza, teria uma vida melhor se não fossem Toyota Corolla e Honda Civic. Principalmente nesta nova geração que passa por um leve facelift na linha 2025. Autoesporte avaliou a versão de entrada, Advance, que tem preço de R$ 160.290, para contar as qualidades do sedã e o que ele deveria trazer para alçar voos maiores.

Vamos aos louros. Precisamos começar pelo design. A nova geração do Sentra, mostrada em 2019, tem uma aparência, digamos, agressiva perto da sobriedade estética que o segmento mostrou nos últimos anos (exceção do Civic G10). Quando chegou por aqui no ano passado, o sedã foi eleito também a melhor opção no seu segmento do prêmio Qual Comprar 2023 de Autoesporte. A reestilização que chega agora ao Brasil faz pequenos ajustes.

O mais perceptível é a troca da grade, que tinha um “V” cromado, por filetes mais discretos nas extremidades que vão até os faróis. Além disso, o acabamento da peça agora é em preto brilhante. Por último, o Sentra agora traz o novo logotipo da Nissan (mostrado lá em 2020…) na dianteira e traseira.

O segundo, e talvez mais importante, ponto é o conforto. O Sentra se destaca bastante neste aspecto pelo ótimo acerto de suspensão que faz o sedã flanar no picotado asfalto brasileiro. A sofisticada configuração multilink na traseira (o Corolla usa eixo de torção, por exemplo) faz diferença. O sedã segura bem o rojão de absorver as imperfeições e não fazer os ocupantes sacolejarem tanto.

Só tome cuidado com valetas e calçadas inclinadas: a parte inferior do para-choque raspa facilmente. Os 2,71 metros de entre-eixos dão bastante espaço a quem viaja atrás. Os passageiros traseiros só precisarão brigar pelo única entrada USB…

Ao menos desde a versão mais barata o sedã agora traz alguns itens de segurança, como monitoramento de ponto cego, alerta de tráfego cruzado traseiro e alerta inteligente e assistente de prevenção de mudança de faixa.

Além disso, o Sentra vem com seis airbags (frontais, laterais e de cortina) — Corolla tem sete —, rodas de liga leve aro 17 diamantadas, borboletas para as trocas de marcha, banco do motorista com regulagem elétrica, bancos dianteiros aquecidos e assistente de frenagem de emergência.

Já o timing não foi o dos melhores. 16 de março de 2023. A nova e oitava geração do Nissan Sentra desembarca no Brasil vinda do México após um hiato de dois anos — entre sair de linha e a chegada do novo modelo ao país. A demora teve seu preço. Apenas 15 meses depois o sedã médio estreia a linha 2025 com uma atualização no visual (discreta, é verdade), mas ainda sim em um curto espaço de tempo. Isso porque a atual geração do sedã foi lançada globalmente em 2019 e aterrissou por aqui só em 2023, já perto de sua renovação de meia-vida.

A tabela de preço também evoluiu ao longo do tempo. Se em março do ano passado o Sentra estreou com valor inicial perto dos R$ 149 mil, a configuração de entrada, Advance, hoje não sai por menos de R$ 160.290.

A escalada dos números é progressiva: R$ 148.490, R$ 152.990, R$ 156.390 até chegar na quantia atual. A opção Advance é equiparada ao Toyota Corolla XEi, que custa R$ 200 a mais. Contextualizando ainda mais, o VW Virtus Exclusive, um sedã menor topo de linha, já passa dos R$ 155 mil, assim como alguns SUVs compactos. Com poucos mais de R$ 5 mil dá para sair com um sedã médio de entrada…

Confira o vídeo do Nissan Sentra Exclusive 2025:

Em termos de acabamento, a opção Advance traz boa qualidade de materiais e encaixes. A finalização é bem sóbria, com o revestimento sintético na cor preta por toda a cabine: painel, portas e console, além de alguns detalhes em cinza para dar um pequeno contraste no interior.

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Confesso que, após o lançamento do sedã por aqui no ano passado, dirigi a versão topo de linha Exclusive e me impressionei com o estofamento no tom Sand (uma mistura de bege com marrom). O Sentra dava a impressão de ter uma etiqueta de preço maior do que realmente era. Nesta versão de entrada a perspectiva é oposta: não parece nada um carro de R$ 160 mil. Vale dizer que o Toyota Corolla similar também fica devendo nesse aspecto.

O “problema” é que para conseguir o interior requintado é preciso desembolsar mais R$ 23 mil e ir na configuração Exclusive Premium, de R$ 182.890. Claro que o carro também vem mais equipado, porém é um salto muito grande, digno de Rebeca Andrade…

Outra penalidade do Sentra é a falta de sensação de tecnologia. O painel de instrumentos tem uma tela de TFT de 7 polegadas, configurável, é verdade, mas é ladeado por dois mostradores analógicos. A central multimídia de 8″ (pequena pelos padrões atuais) tenta passar uma boa impressão, mas tem bordas grossas e grafismos simples, além a conexão com Apple CarPlay e Android Auto ser feita apenas com fio. Para completar, o freio de estacionamento ainda continua na famigerada alavanca de pé. Poderia ser já eletrônico…

Outro malabarismo que o Sentra poderia fazer era trocar o motor aspirado por um turbinado mais moderno. O manjado 2.0 aspirado (quem nem flex é) de 151 cv e 20 kgfm fica atrás dos 175 cv do também dois litros aspirado do Corolla. O desempenho é apenas razoável para empurrar os 1.381 kg. A totalidade do torque só aparece em altas 4 mil rpm, mas na cidade não dá para sentir tanto essa falta de força em baixas rotações quanto na estrada.

As retomadas são vagarosas então certifique-se de que há um bom espaço para fazer ultrapassagens. Pise fundo no acelerador, espere o câmbio o câmbio CVT reagir e tenha… paciência. O sedã ganha velocidade de forma cadenciada, sem nenhum arroubo.

O 0 a 100 km/h é digno: 9,4 segundos, segundo a fabricante. O consumo é bom: 11 km/l na cidade e até 13,4 km/l na estrada com gasolina. Na vida real, entretanto, é difícil chegar a essa média…

Com velhos erros e novos acertos, a vida do Sentra, em em números, melhorou. Bastante. “Sem” o Honda Civic (que agora é híbrido e custa exorbitantes R$ 265.900), o sedã assumiu a vice-liderança do segmento. Se em 2023 a Nissan emplacou 4.146 unidades, neste ano, só no 1º semestre, foram 3.260 exemplares — com destaque para o mês de junho com 728 registros. Com a descontinuação do Chevrolet Cruze, o Nissan Sentra e o Toyota Corolla são os únicos remanescentes do segmento que um dia foi pujante. O último a sair que apague a luz…

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Fonte: direitonews

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