A Mitsubishi enfim lança no Brasil a nova geração do Outlander, marcando o retorno da configuração PHEV (híbrida plug-in). O SUV médio de sete lugares volta ao nosso mercado após hiato de pouco mais de dois anos. Se levarmos em consideração a opção híbrida com recarga externa, então, o retorno é quase que triunfal, após quase dez anos.
Curiosamente, o Outlander foi o primeiro modelo híbrido plug-in na história do mercado brasileiro. A chegada do modelo ao país é estratégica sob o ponto de vista da eletrificação do portfólio da montadora japonesa. O lançamento bebe da mesma fonte, inclusive, que resultou na nova Triton: o aporte de R$ 4 bilhões que a Mitsubishi aplica no Brasil desde o fim do ano passado.
O Mitsubishi Outlander PHEV será vendido no Brasil em duas versões, com preços entre R$ 375 mil e R$ 390 mil. Confira os nomes e valores.
Podemos afirmar, de modo categórico, que o Mitsubishi Outlander é pioneiro no Brasil quando falamos sobre veículos híbridos plug-in. Isso porque o SUV de sete lugares foi o primeiro modelo a ser vendido no país com tal sistema. Sua primeira configuração híbrida chegou tão antes da hora que teve passagem curta pelo mercado, entre 2014 e 2016, mas nem por isso deixa de figurar na vanguarda.
Hoje a coisa já mudou de figura. Enquanto o antigo Outlander PHEV era um desbravador, o atual terá de encarar inúmeros híbridos plug-in de origem chinesa, já consolidados em nosso mercado. É o caso de BYD Song Plus e de GWM Haval H6 PHEV19. O primeiro tem preço sugerido de R$ 244.800 e autonomia no modo elétrico de 68 km. O segundo parte de R$ 245 mil e tem alcance elétrico de 74 km.
Posto isso, será que o novo Mitsubishi Outlander PHEV tem jogo de cintura suficiente para justificar o preço ante aos rivais? A marca diz que seu produto não tem concorrentes, mas sabemos que, na mesa de pôquer, temos quem dá as cartas, quem aposta ou passa e quem paga para ver, arrisca e aumenta ou dá no pé.
No caso do Outlander PHEV, o rival mais direto poderia ser o Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-In Hybrid, que também leva sete passageiros, é mais potente (317 cv), tem 54 km de autonomia em modo elétrico e custa cerca de R$ 100 mil mais barato (R$ 279.990).
Além de salientar que prefere não olhar as cartas dos outros jogadores, a Mitsubishi ressalta que tem a expectativa de vender entre 150 e 200 unidades do Outlander PHEV por mês. Mas será que o SUV híbrido plug-in tem um royal straight flush na mão? Será que consegue fazer jus ao pioneirismo e ser o melhor do segmento? É o que veremos abaixo, nesta avaliação.
Embora lançada globalmente ao fim de 2021, como linha 2022, a nova geração do Mitsubishi Outlander PHEV ainda agrada no quesito visual. Vale salientar, inclusive, que o design não é nada datado.
O conjunto óptico dividido em dois andares é muito interessante. Os filetes de LED ficam posicionados em cima, enquanto o restante das luzes ficam abaixo. A grade, em preto e com padrão em colmeia, é a responsável pela divisão.
De lado, destaque para as rodas de 20 polegadas, calçadas por pneus 255/45 R20. Vale ainda dizer que a linha de cintura elevada garante ao Mitsubishi Outlander PHEV robustez digna de SUV e os detalhes em preto nas colunas A, B e C conferem ao utilitário esportivo certo requinte.
Na traseira, o modelo tem lanternas bipartidas bem espichadas, que invadem tanto os para-lamas traseiros quanto a tampa do porta-malas. Temos ainda espécie de spoiler, que, se não garante ganhos aerodinâmicos estrondosos, nos gratifica por conta de seu casamento harmonioso com todo o conjunto desta seara do SUV médio.
O Mitsubishi Outlander PHEV tem as seguintes dimensões: 4,71 metros de comprimento, 1,74 m de altura, 1,86 m de largura e 2,70 m de entre-eixos. São 2 cm a mais de comprimento e 3 cm de ganho em entre-eixos.
Parece pouco, mas isso se reflete no espaço interno, bem mais interessante para os ocupantes. A exceção está na área para a cabeça, um pouco prejudicada pela protuberância causada pela disposição do teto solar panorâmico. No entanto, bom dizer, nada que seja um incômodo dantesco.
Durante nosso breve contato com o SUV médio, não deu tempo de avaliar adequadamente o espaço na terceira fileira de assentos. Na geração anterior, este era um dos pontos mais críticos do modelo. Conferiremos se a vida dos passageiros ali melhorou quando tivermos um contato mais longo com o veículo.
O porta-malas com abertura elétrica, por sua vez, tem 468 litros de capacidade até a altura do banco na configuração para cinco lugares e, claro, em padrão VDA. Já com a fila do meio também rebatida, temos 756 litros. Enquanto isso, com sete lugares, o Mitsubishi Outlander PHEV leva meros 217 litros — basicamente o mesmo que um Fiat Mobi.
Para completar, apesar da boa fama da Mitsubishi no off-road o novo Outlander dispõe de números não tão interessantes se você pensa em encarar terrenos mais acidentados. De acordo com a fabricante, o SUV tem 18,3 graus de ângulo de entrada e 18 graus de ângulo de saída. O ângulo de rampa, 22,2 graus, é mediano. É justo para trilhas leves e mais do que suficiente para encarar shoppings, garagens e outros acessos com inclinação em ambiente urbano. Nada além disso.
O interior é absolutamente elegante, com acabamento esmerado espalhado por toda a cabine. Destaque mais que positivo para a forração das portas traseiras, que replica o mesmo padrão da dianteira — algo que não é visto nem em modelos mais caros.
Os bancos têm forração luxuosa em couro legítimo. No entanto, há também elementos sintéticos que compõem o ambiente, especialmente no painel. É bom ressaltar que tudo aqui é de primeiro nível, e faz com que você se sinta, de fato, em um veículo de quase R$ 400 mil.
Temos ainda três opções de cores para o interior. Há revestimento em couro mais claro, em couro preto e em couro preto com detalhes alaranjados. Quem viaja na segunda fileira conta ainda com aquecimento dos bancos e controles próprios para o ar-condicionado de três zonas.
Condutor e passageiro da dianteira também recebem seus mimos, especialmente na versão mais cara, a Signature: bancos elétricos com até 12 posições e função massageadora. O Mitsubishi Outlander PHEV garante ainda quadro de instrumentos de 12,3 polegadas e central multimídia com tela de 9” e conectividade com Android Auto e Apple CarPlay.
Antes de partir para as impressões ao volante, um aviso aos usuários de Android: no novo Outlander PHEV, vocês terão de utilizar o glorioso fio para se conectar à central. Apenas os donos de iPhone dispensam tal recurso tão demodê.
Autoesporte guiou o Mitsubishi Outlander PHEV por cerca de 10 quilômetros em estrada de terra e mais 100 km em vias pavimentadas durante o lançamento da nova geração do SUV híbrido. E já podemos adiantar que as primeiras impressões são boas.
Por se tratar de um SUV híbrido, temos aqui conjunto composto por motor transversal 2.4 a gasolina, ciclo Atkinson, que rende 137 cv de potência a 5.000 rpm e 20,9 kgfm a 4.000 rpm. Há ainda dois motores elétricos de tração: um dianteiro, de 116 cv e 26 kgfm, e um traseiro, de 136 cv e 19,9 kgfm. Os números de potência e torque combinados ficam em 252 cv e 45,9 kgfm.
O motor a combustão é responsável por mover as rodas dianteiras e também pela recarga das baterias de 20 kWh. A autonomia total do Mitsubishi Outlander PHEV é de 680 km. Já a autonomia em modo elétrico são 58 km — pouco menos que os modelos de BYD e GWM. Os números são do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV).
O consumo de combustível, de acordo com a Mitsubishi, apenas com o motor a gasolina tracionando as rodas, o modelo faz 11,6 km/l em ciclo urbano e 10,4 km/l em ciclo rodoviário.
Em decorrência do funcionamento do conjunto híbrido, temos um desempenho bem interessante. Principalmente no chamado Power Mode, que maximiza a entrega de potência e faz com que o SUV vá de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos. Para um veículo familiar de 2.135 kg é algo, realmente, considerável e solução que ajuda bastante em ultrapassagens e retomadas.
Vale dizer que o Mitsubishi Outlander PHEV tem um condução bem agradável. Um dos motivos para tal é a arquitetura do modelo, feito sobre a plataforma CMF C/D — a mesma de Renault Rafale, veículo testado por Autoesporte, e Nissan X-Trail. Temos aqui tração integral e distribuição de torque feita eletronicamente com boa calibração nas mais específicas condições de uso do veículo.
O SUV tem sete modos distintos de condução, que podem ser selecionados por meio de botão no console central. A reportagem se valeu do já mencionado Power Mode, do Normal e também do Gravel, voltado para terrenos acidentados ou off-road. Neste último não deu para notar diferenças mais agudas no comportamento do carro ou da tração, mas nada que tenha sido prejudicial durante o trajeto.
Isso porque o Outlander PHEV se mostra bem estável e tem direção precisa, direta, com ótima progressividade. Isso facilita muito a vida do condutor nas curvas e também em outras manobras. Segundo a Mitsubishi, aliás, o giro de batente a batente é de apenas 2,6 — o que deixa o SUV responsivo e até mesmo mais próximo de veículos de menor porte neste quesito. É uma característica inerente à plataforma CMF-C/D.
Outro ponto que tem de ser abordado se refere os tipos de atuação do Outlander PHEV. Por ser híbrido plug-in, é um carro que atua como um híbrido série-paralelo, tal qual um Toyota Corolla, se o condutor quiser, ou de forma apenas elétrica. Para maior controle do funcionamento, o condutor dispõe de quatro opções, responsáveis por gerenciar eficiência energética, controlar a recarga da bateria ou deixar que esta seja a força motriz do SUV.
No quesito regeneração, o Outlander PHEV oferece ao motorista o sistema one pedal, que maximiza as frenagens regenerativas e dispensa o uso do pedal do freio. Para quem, como este redator, não é afeito ao modo (que deixa o carro excessivamente “travadão”), há a possibilidade de controlar os níveis de recuperação de energia por meio de aletas no volante. São cinco padrões diferentes.
Mas falemos agora sobre conforto. A suspensão tem bom acerto e garante ótimo controle da geometria das rodas. Por conseguinte, temos, mesmo em um carro com mais de 2 toneladas, estabilidade nas curvas. Além disso, as barras estabilizadoras na dianteira e na traseira ajudam a mitigar a rolagem de carroceria.
Ademais, o Mitsubishi Outlander PHEV tem suspensão que absorve bem as imperfeições do solo e, de fato, prima por conforto. No entanto, não deixa de lado, conforme já citamos, segurança e também dá ao condutor uma direção mais precisa, menos molenga e menos anestesiada do que o usual no segmento — especialmente ante BYD Song Pro e GWM Haval H6. Ponto para a Mitsubishi!
Para completar, o sistema de freios é adequado. Temos discos ventilados com dimensões que podem ser consideradas padrão para um SUV desse porte. O curso do pedal poderia ser pouco menos longo, porém não é algo que prejudique o funcionamento do modelo e tampouco a segurança, nem chega a incomodar como no Haval H6.
Além dos itens já mencionados no texto, o Mitsubishi Outlander PHEV tem aerofólio traseiro na cor do veículo, emblemas PHEV nas portas dianteiras, faróis de neblina em LED, rack de teto em prata, retrovisores com rebatimento e ajuste elétricos e bancos dianteiros com função massagem.
No quesito segurança, o Mitsubishi Outlander PHEV conta com 11 airbags, assistente de ponto cego, monitoramento de ponto cego com alerta de mudança de faixa, piloto automático, freio de estacionamento eletrônico, sistema de aviso de tráfego traseiro, frenagem automática de emergência dianteira e traseira, entre outros.
A versão Signature adiciona ao pacote head-up display, teto pintado em preto para os carros na cor branca, cortina retrátil para janelas traseiras e som premium com nove alto-falantes e subwoofer com assinatura da Bose.
Será que tudo isso é suficiente para colocar o Mitsubishi Outlander PHEV no posto de melhor SUV híbrido plug-in à venda no Brasil, capaz de incomodar os consolidados híbridos plug-in chineses? Para esta pergunta, o redator prefere se ater a uma resposta aos moldes do saudoso jornalista esportivo Wianey Carlet ao abordar o duelo entre Taison e Lionel Messi: “Só o tempo dirá”. E os clientes, evidentemente, também.
Pontos positivos: Acabamento esmerado, condução eficiente que prima pelo conforto, ótima opção para família.
Pontos negativos: Espaço para cabeça prejudicado na segunda fileira, necessidade de fio para uso do Android Auto.
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Fonte: direitonews