Teste: Mercedes-AMG SL 63 é o conversível mais rápido do Brasil


Se você estivesse navegando no site da Marie Claire, saberia que o vento é um inimigo invisível dos nossos cabelos. Ele torna os fios quebradiços e remove a umidade natural, trazendo um aspecto seco e áspero. Quem tem o cabelo crespo, como este que vos escreve, também pode notar frizz e os fios embaraçados. Mas nada disso importa quando se está ao volante do Mercedes-AMG SL 63 SE Performance, um dos conversíveis mais velozes do mundo.

Antes da explicação, anote a receita da fera: motor 4.0 V8 biturbo feito artesanalmente; sistema híbrido plug-in alimentado por uma bateria de 6,1 kWh; 816 cv de potência, proporcionando resultado próximo ao da Ferrari 12Cilindri; e 144 kgfm de torque, distribuídos às quatro rodas de forma integral por um câmbio automático de nove marchas. Tudo isso por R$ 1,74 milhão.

É um carro que exige “braço”, mas também surpreende pela suavidade. Dirigindo de maneira civilizada, me lembrou muito o Ford Mustang, principalmente pela ergonomia e pelo acerto da suspensão ajustável. Este é um dos pontos fortes do SL — inclusive, é possível selecionar no navegador GPS as ruas em que a suspensão deve se elevar automaticamente para enfrentar os buracos, algo muito prático no dia a dia.

Quando o teto está aberto, o ronco ardido do motor 4.0 V8 é o mais estridente possível. Foi o que concluí após rebater brevemente a capota do SL. Ao tirar o pé do acelerador, os tradicionais “pipocos” disparam com violência pelas quatro saídas de escape. O problema é andar assim em uma cidade perigosa como São Paulo. Os olhares curiosos logo fazem o motorista repensar a ideia de ficar tão vulnerável.

A engenharia desse V8 é um deleite para os mais graxeiros. Para começar, apenas uma pessoa é responsável por toda a montagem — a unidade até leva uma plaquinha assinada pelo montador. E se um funcionário não finalizar a montagem antes de entrar em férias, ela ficará intocada até seu retorno. É a filosofia “one man, one engine”, do começo ao fim, adotada pela AMG, divisão esportiva da Mercedes, há mais de 50 anos.

Um diferencial do V8 do SL 63 é que os dois turbos estão instalados entre as bancadas dos cilindros, solução que gera até 1,3 bar de pressão, diminui o lag, melhora as respostas de aceleração e deixa o conjunto mais compacto. A expertise campeã da equipe de Fórmula 1 da Mercedes foi aplicada nesse conceito.

O acionamento progressivo dos cilindros traz uma experiência sonora metálica e encorpada. Bateu até uma nostalgia de quando fui estagiário em outra revista automotiva, à época com 20 anos de idade, e precisei devolver um AMG GT equipado com esse mesmo motor. Naquele tempo, pouco se discutia sobre eletrificação.

Transformar esse conjunto em híbrido foi uma solução inevitável, após alguns anos, para atender às normas de emissões e, de quebra, deixar o SL AMG mais nervoso: sozinho, o conjunto elétrico auxiliar instalado no eixo traseiro entrega 204 cv e 32,6 kgfm. A pequena bateria de 6,1 kWh revela que se trata de um sistema complementar, para um incremento temporário de força. A autonomia elétrica é de apenas 9 km (Inmetro).

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Em nosso teste instrumentado, realizado no Rota 127 Campo de Provas, o cupê foi de zero a 100 km/h em 3,3 segundos. De tal forma, superou sem qualquer esforço o Jaguar F-Type, detentor do recorde anterior, de 5,9 s. O que também impressionou foi a retomada de 60 a 100 km/h, que levou mísero 1,7 s, mérito da capacidade de resposta do câmbio de nove marchas e suas reduções quase instantâneas. Para demonstrar a elasticidade da transmissão, a velocidade máxima é de 317 km/h.

Nos modos de condução mais permissivos, o comportamento do conversível é sempre aceso e arisco. Eles podem ser selecionados por meio dos joysticks digitais instalados nas extremidades do volante, firme e de excelente empunhadura. Os bancos esportivos, feitos de couro perfurado de alta qualidade, abraçam bem as costas dos ocupantes dianteiros, segurando o corpo em curvas rápidas. Nesse cenário, o motorista ainda tem a assistência do eixo traseiro esterçante, que mantém o carro na tangência correta e ajuda a reduzir o diâmetro de giro em manobras.

A central multimídia vertical tem generosas 12,3’’, com excelente resolução e inteligência artificial MBUX. É intuitiva, prática, bonita e ainda inclui ajustes como o de altura da suspensão e o modo conversível. A bela iluminação ambiente de LED surge sutilmente nas “sancas” do painel e também nas saídas de ar-condicionado. De fato, tecnologia e elegância se entrelaçam com naturalidade, como em poucos carros de luxo. Há coisas que só um Mercedes sabe entregar…

Tal sutileza também desponta no design externo, apresentado em 2022. A carroceria consegue ser chamativa sem partir para a vulgaridade. E, apesar de o visual deixar transparecer certa jovialidade, também é um conversível moderno e classudo. Coloque isso na conta dos faróis triangulares e da grade frontal, que incorporam proporcionalidade.

Acelerar uma máquina como o SL 63 SE Performance é uma experiência excepcional. É uma pena que a violência urbana desestimule a compra de conversíveis no Brasil. Não à toa, eles se tornaram raros, sendo este um dos últimos remanescentes, ao lado do Mini Cabrio (R$ 319.990) e do BMW 420i Cabrio (R$ 503.950). Atividades ao ar livre fazem bem à saúde e fortalecem a coragem.

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Fonte: direitonews

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