Não tive a felicidade de nascer em Minas Gerais, mas minha avó era mineira de Diamantina. Portanto, tenho um pequenino lugar de fala para fazer as devidas associações entre essa terra tão querida, a Lexus e o novo NX 450h+. Mineiros são conhecidos por “comer pelas beiradas”. Devagar, com um jeitinho típico, vão conquistando o que desejam.
Não fosse tão japonesa, diria que a Lexus é uma excelente candidata a cidadã mineira. A marca de luxo da Toyota foi expandindo sua linha de produtos no Brasil nos últimos anos, registrando sólido crescimento nas vendas (29% de 2023 para 2024, além da previsão de crescer outros 36% em 2025).
Se você vive em alguma das maiores cidades do país, aposto que viu um Lexus nos últimos dias. Mas nem sequer deve ter percebido. Afinal, os carros japoneses rodam discretamente. Da linha atual, 49% das vendas são do NX, que agora tem a gama reforçada por uma nova configuração. Prepare-se, já que o nome é uma sopa de letrinhas: acaba de chegar o Lexus NX 450h+ AWD.
No visual, notar a diferença entre o NX 450h+ e o 350h, híbrido convencional, é quase tão difícil quanto identificar o sotaque de alguém que nasceu em Uberlândia ou Uberaba. Apenas um emblema na tampa traseira distingue a versão com recarga externa. A grande diferença está na mecânica.
Em vez de híbrida plena, a nova versão traz o mesmo conjunto plug-in de RX 450h+ e Toyota RAV4. O motor 2.5 aspirado de 187 cv de potência e 23,6 kgfm de torque traciona as rodas dianteiras junto com uma unidade elétrica de 182 cv e 27 kgfm. Já o eixo posterior é movido por um segundo motor a bateria, de 54 cv e 12,1 kgfm.
Ao todo, o conjunto entrega bons 308 cv. O torque combinado não foi revelado. Um terceiro motor elétrico atua como gerador, alimentando as baterias de 18,1 kWh. Esta, por sua vez, garante autonomia elétrica de 55 km (Inmetro), suficientes para o trajeto entre as cidades históricas de Ouro Preto e Congonhas. Um pênalti é que a recarga é apenas do tipo lento, a até 6,6 kW em corrente alternada (AC).
Não que isso faça tanta diferença quando falamos de carros de meio milhão de reais, mas, no quesito preço, o NX 450h+ faz tão bonito quanto um prato de tutu com torresmo. Ele é mais barato que as versões equivalentes dos rivais diretos. Por R$ 457.990, está abaixo dos envelhecidos Audi Q5 TFSie, de R$ 502.990, e Volvo XC60 Ultra, de R$ 479.950.
É também o menos potente do trio, já que está na casa dos 300 cv. O desempenho, porém, é mais do que satisfatório. Na pista de testes do Rota 127 Campo de Provas, o SUV levou apenas 6,4 segundos para ir de 0 a 100 km/h. A marca é cerca de 1 s melhor que a de SUVs híbridos plug-in de mesmo porte, como BYD Song Plus Premium e Jaecoo 7.
Com a diferença de que o Lexus é ainda mais pesado (são 2.070 kg). Apesar de o câmbio ser chamado eCVT, a arquitetura é do tipo transeixo, com engrenagens e planetária. Mas antes que a conversa fique chata e você decida tirar uma soneca na rede, vamos ao que interessa.
Começando pelo consumo, que não desaponta. Com as baterias carregadas, no ciclo urbano, alcançamos a excelente marca de 29,1 km/l, com a maior parte do trajeto sendo feita apenas com propulsão elétrica. Na estrada, uma marca mais modesta, como em todo híbrido, mas ainda muito boa para um veículo desse porte: 16,2 km/l.
Em nosso test drive, saímos de São Paulo em direção à Rodovia Fernão Dias, que liga a capital paulista a… Minas Gerais, claro. Mas o destino era mais perto, em Mairiporã (SP). Ainda assim, subimos e descemos a Serra da Cantareira, coladinha à capital.
Ali, pude explorar os modos de condução do SUV. São três, sendo as diferenças entre Normal e Sport pequenas. No Eco, como é de se esperar, as respostas são mais letárgicas. As entregas do conjunto de motores do Lexus são lineares e suaves, ponto que me chamou mais a atenção.
Mesmo quando o 2.5 aspirado acorda para ajudar a empurrar o modelo de 4,66 metros de comprimento, o ruído na cabine não sobe, graças aos vidros duplos. Na maior parte das situações, o silêncio impera. Se um matuto cochichasse do meu lado, seria capaz de ouvir sem problemas.
O comportamento da suspensão, tão eficiente em manter o conforto na buraqueira de São Paulo, me incomodou nas emendas do asfalto da Fernão Dias. Nas maiores irregularidades, senti uma sensação de flutuação ao volante. Passada a intercorrência, já chegando de volta ao caótico trânsito paulistano, resolvi alternar entre os modos do sistema híbrido. O motorista pode usar apenas a energia dos motores elétricos, deixar o veículo decidir qual é a melhor estratégia ou poupar a bateria para uso futuro.
Como toda avó mineira, o NX 450h+ adora mimar seus hóspedes. Lembra da conversa com o matuto? Pois então: outro segredo do baixíssimo nível de ruído está nos vãos mínimos entre as peças. O acabamento, claro, é de carro premium. Em pleno 2025, a Lexus conseguiu colocar madeira nas portas sem parecer brega. O console elevado acomoda alavanca de câmbio, porta-copos e um compartimento secreto para objetos mais valiosos. A tampa cumpre a função de carregador por indução.
Na seara dos equipamentos, todos os bancos são de couro com aquecimento. Na frente, além dos ajustes elétricos, há ventilação. Câmeras 360 graus, som da marca Mark Levinson e um pacote completo de assistências ao condutor (frenagem de emergência, alerta de saída de faixa com correção no volante e ACC) formam a lista de itens de série.
A central multimídia de 14″ é um espetáculo. Tem layout bem resolvido e comandos fixos do ar-condicionado de duas zonas — que bem poderiam ser três, com uma dedicada aos bancos traseiros. Ali, há apenas uma saída simples de ventilação.
Se eu escrevesse este texto de maneira mais fria, encerraria dizendo que o Lexus é um carro elegante, discreto e agradável de dirigir. Mas a experiência a bordo do NX 450h+ foi tão acolhedora que decidi apelar para a famosa hospitalidade mineira para concluir. Uai, afinal não é todo dia que aparece um SUV de luxo que anda bem, é econômico, bem equipado e extremamente confortável.
Pontos positivos: tem o que se espera de um SUV de luxo: discrição, tecnologia e bom acabamento
Pontos negativos: suspensão não é tão rígida como em modelos da Audi ou Volvo; recarga é lenta
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Fonte: direitonews