Há 10 anos, um hatch esportivo levar 6,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h era algo notório. Hoje, essa mesmíssima marca é alcançada por um SUV médio que sequer tem um modo de condução Sport. Estamos falando do Jeep Compass, que acaba de receber o motor 2.0 Hurricane já usado na Ram Rampage em duas versões: as inéditas Overland e Blackhawk. Elas custam R$ 266.990 e R$ 279.990, respectivamente (veja aqui todos os preços).
Com 272 cv de potência e 40,8 kgfm de torque, além de ser um dos carros nacionais mais potentes, também descolou o título de SUV médio mais rápido do Brasil. E se você ainda está se perguntando, o hatch citado acima é o Volkswagen Golf GTI de geração anterior. Mas essa será a única comparação com o finado hatch alemão. Isso porque a proposta do Compass com o novo motor é outra. Tanto que, uma das novidades da linha 2025 é o programa de certificação de blindagem de fábrica no nível III-A por cerca de R$ 85 mil além do valor do carro. A garantia também foi prorrogada de 3 para 5 anos.
Para suportar a potência extra e os possíveis abusos dos motoristas, a Jeep fez uma série de modificações no Compass. Os discos de freio dianteiros estão maiores (330 mm, contra 305 mm da versão anterior) e há novas pinças. A suspensão também recebeu amortecedores e molas com acerto mais rígido.
Mas nem todas essas mudanças transformaram o Compass em um SUV esportivo. É bem verdade que as acelerações estão vigorosas e instantâneas graças também ao bom escalonamento do câmbio automático de 9 marchas.
Mas o motor 2.0 produzido na Itália é a grande estrela. Elástico e com excelente oferta de potência e torque, exige cuidado para que o motorista não ultrapasse o limite de velocidade — a máxima é de 228 km/h. Se precisar, ainda encara um off-road, já que é combinado com a tração 4×4 com reduzida e modos de condução específicos para areia/lama e terrenos escorregadios.
Em relação à Rampage, podemos até dizer que esse motor está mais econômico. Não que 8,3 km/l na cidade e 11 km/l na estrada sejam marcas louváveis, mas também não fogem do padrão de outros SUVs médios com motor 2.0 turbo. Lembrando que só pode ser abastecido com gasolina.
Há dois poréns, no entanto. Um deles está relacionado às oscilações laterais da carroceria que podem ser percebidas em movimentos mais bruscos. Durante o test-drive na região de Punta del Este, no Uruguai, sentimos a tendência de sair de frente do Compass durante certas ultrapassagens. O outro é sobre o peso da direção.
Parece haver dois mapas distintos de assistência. Um deles quando as assistências à condução estão ligadas. Nesse cenário, o benefício da manutenção de faixa tem o efeito colateral de uma direção com zona “morta” quando o volante está centralizado. Basta desligar o auxílio para que as respostas fiquem mais rápidas e precisas.
Mas esse não é o único recurso do Compass 2025. Além do motor, outra grande novidade é a inclusão da centralização de faixa no pacote de assistências à condução. É um avanço e tanto no impreciso sistema de manutenção de faixa que a Jeep já oferecia e deixava o carro “sambando” entre as faixas.
Para ativar o recurso, é preciso acionar o controlador de velocidade adaptativo e ajustar a distância para o veículo da frente. O ícone do volante no quadro de instrumentos aparecerá na cor verde, bem como duas finas faixas da mesma cor nas extremidades da tela de 10 polegadas.
Se o motorista tirar as mãos do volante, um alerta de cor amarela será exibido alguns segundos depois. Persistindo, o sinal visual fica vermelho e vem acompanhado de um bipe. Ainda assim, se o motorista não colocar de volta as mãos no volante, o veículo entende que o motorista pode ter dormido. Então, aplica uma repentina e breve pressão nos freios para chamar atenção.
O pacote ADAS fica completo com frenagem automática de emergência, alerta de objeto no ponto cego e controlador de velocidade adaptativo. Em termos de conforto, o Compass Blackhawk 2025 é muito bem servido. A adição ao pacote está nos ajustes elétricos para o banco do passageiro.
Fora isso, há quadro de instrumentos digital com tela de 10,25 polegadas, central multimídia de 10,1 polegadas, freio de estacionamento eletrônico, faróis de LED com acendimento automático, acesso por chave presencial, partida por botão, rodas de 19 polegadas e teto solar panorâmico. A versão Blackhawk tem costuras com o nome da opção bordado no encosto.
Olhando bem, também é possível encontrar pequenas diferenças no visual do Compass 2025. As tradicionais sete fendas da Jeep estão com a parte superior menos inclinada e a grade interna trocou a padronização de colmeia por barras horizontais. Na lateral, há uma nova saia com acabamento de plástico preto brilhante e rodas de 19 polegadas com desenhos inéditos.
Por último, mas não menos importante, as versões com motor 2.0 são identificadas pelas duas saídas de escapamento, uma de cada lado do para-choque. O ronco que sai dali, porém, não é tão encorpado como o da Ram Rampage R/T. Mais um indicativo de que o Compass Hurricane não é um esportivo.
A real função das versões 2.0, que devem representar 20% das vendas, é ocupar o topo da linha e calar qualquer tipo de crítica em relação ao desempenho. De quebra, eventualmente tomar o lugar que era das opções a diesel. A Jeep garante que esse combustível será mantido, mas agora restrito a uma única configuração, com vendas estimadas entre 5% e 10% do total.
De todo modo, versões com motor 1.3 ainda vão representar a grande fatia das vendas, com cerca de 70% do total. Assim, a liderança entre os SUVs médios estará garantida não apenas no desempenho, como também nas vendas.
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Fonte: direitonews