Teste: Hyundai HB20 Sense Plus é versão de entrada por R$ 87 mil; vale?


Senso, segundo o Dicionário de Língua Portuguesa Priberam, significa juízo claro, entre outras definições. Tradução similar é possível do termo inglês sense. A Hyundai certamente pensou nisso quando criou o HB20 Sense Plus, atual versão de entrada do hatch compacto, o carro mais barato da marca sul-coreana no Brasil.

Convenhamos: ninguém vai pagar R$ 87.090 por um HB20 Sense Plus 2025 novinho por achá-lo o mais encantador dos automóveis. Seu maior poder de sedução está no… senso racional. Um carro de entrada honesto, com níveis dignos de espaço, conforto e desempenho na cidade, design bem resolvido (a reestilização de dois anos atrás foi providencial) e um custo de manutenção camarada.

Tanto que o HB20 foi, mais uma vez, campeão em sua categoria no prêmio Qual Comprar Autoesporte 2024. Confira todos os seus custos com revisões, peças e seguro aqui.

Quem compra um HB20 Sense Plus, geralmente frotistas, sabe que terá de abdicar de itens básicos de tecnologia oferecidos nos carros 0 km atuais. A chave não tem sensor presencial, os ajustes dos retrovisores externos são manuais e não há central multimídia. Em seu lugar, um sistema de rádio com Bluetooth que, ao menos, é simples de mexer e se conecta fácil ao celular. Quer ouvir suas canções favoritas por meio da entrada USB? Só se você tiver um pendrive (eles ainda existem?) ou se os arquivos estiverem baixados diretamente no aparelho. Música via streaming? Apenas por Bluetooth, obrigado.

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O acabamento é correto, mas espartano, com elementos quase todos em preto fosco e uma ou outra faixa contrastante em prata acetinado. As rodas aro 14 são de aço com calotas; os bancos são revestidos de tecido (o que eu, particularmente, prefiro, mas sei que não é uma opinião unânime entre todos os brasileiros).

A abertura dos vidros traseiros é feita pela velha e boa manivela e o conjunto óptico dianteiro é todo halógeno. O mesmo vale para as lanternas traseiras, que ainda trazem o padrão de qualquer HB20: luzes de seta e ré encravadas no meio do para-choque traseiro em vez de ficarem juntas das de freio.

Fora esses detalhes, o HB20 Sense Plus traz um pacote de bom senso: alarme, chave canivete, seis airbags, assistente de partida em rampas, luzes diurnas halógenas, direção elétrica, ar-condicionado, banco do motorista com ajuste de altura, volante multifuncional (mas com a coluna fixa em posição única), luzes de teto dianteira e central, quebra-sóis com espelhos, alças de teto, controle de cruzeiro, cintos de segurança com pré-tensionadores e alerta de não uso dos dianteiros, limpador e desembaçador do vidro traseiro. Dá para viver com dignidade.

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Falando nela, o espaço para dois passageiros adultos na fileira de trás é decente, assim como os 300 litros do porta-malas, um dos maiores do segmento. Só não espere que o ocupante da posição central atrás viaje com muito conforto, nem se for uma criança.

Para rodar na cidade, o motor Kappa 12V aspirado ainda demonstra bom vigor, apesar de ser o primeiro 1.0 flex de três cilindros de nosso mercado. Chegou em 2011, com o Kia Picanto. As acelerações e retomadas em perímetro urbano são espertas, graças ao baixo peso (993 kg) e ao bom escalonamento da transmissão manual de cinco marchas, com relações curtas na medida certa (sem o exagero dos Fiat, que pedem quinta marcha logo a 50 km/h).

O único pecado do câmbio, que tem engates curtinhos e quase tão amanteigados quanto os da Volkswagen, é a ré. Uma falha do anel sincronizador, que perdura desde que o HB20 foi lançado no Brasil, 12 anos atrás, faz o engate travar com frequência.

É óbvio que também falta elasticidade em rodovias, tanto que o zero a 100 km/h em nosso teste no Campo de Provas Rota 127 ficou em 15,1 segundos com etanol, acima dos 14,5 s divulgados oficialmente — mas abaixo dos 16,6 s do rival Volkswagen Polo Track.

A suspensão atua com competência nas ruas esburacadas da Zona Norte de São Paulo. A agilidade só não é maior por causa da rigidez torsional de uma carroceria de 2012 e das inclinações laterais em curvas. Além disso, a frente raspa com certa facilidade em valetas (a Hyundai não divulga o ângulo de ataque).

Pelo Inmetro, o consumo fica em 9,4 km/l com etanol e 13,4 km/l com gasolina na cidade. Na estrada, sobe para 10,6 km/l e 14,6 km/l, respectivamente. Não é o carro mais econômico, mas está na média, assim como a cesta de peças (R$ 7.590). Já o pacote de revisões até 60 mil km, cotado em R$ 3.881, é o mais barato da categoria.

O senso comum dirá que o HB20 Sense Plus é simples demais. Talvez valha pagar R$ 2.700 a mais pelo Comfort Plus, mais completo e atual. Já vem com central multimídia, entrada USB-C para carga rápida de celular, câmera de ré, retrovisores e vidros traseiros elétricos. O Sense Plus fica mesmo para quem gosta de levar o senso de juízo ao extremo.

Ponto positivo: Desempenho na cidade; nível digno de conforto e espaço; consumo; custo de manutenção
Ponto negativo: Chave sem comando satélite; ausência de central multimídia; marcha a ré

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Fonte: direitonews

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