Teste: Ford Maverick híbrida faz 35 km/l e o preço é igual ao da versão 2.0 turbo. Qual faz mais sentido?


A fotografia que abre este duelo parece uma imagem do clássico jogo dos sete erros, quando figuras parecem iguais, mas sete detalhes as diferenciam. Essas duas Ford Maverick, uma Lariat FX4 turbo e outra híbrida, são idênticas nos equipamentos de série, têm o mesmo preço, R$ 244.890, e o visual é quase idêntico. Curiosamente, são sete principais diferenças entre elas.

Esse combo torna o comparativo caseiro muito particular e o título da matéria pode parecer clichê, mas ele se encaixa perfeitamente aqui: a Maverick Lariat FX4 com motor 2.0 turbo é a emoção e a Maverick Lariat híbrida é a razão. Qual faz mais sentido pelo preço?

Vamos por partes. Eu, você e a torcida do Flamengo tínhamos certeza de que a nova versão da Maverick, primeira picape híbrida do Brasil, seria mais barata que a turbinada. E motivos não faltam: nos EUA, a Maverick híbrida é pouco mais de US$ 2 mil mais barata que a versão somente a combustão, é produzida no México – país com o qual o Brasil tem acordo de isenção tributária – e por aqui carros híbridos pagam menos imposto, dependendo da eficiência energética.

Outro argumento é a concorrência com a Fiat Toro diesel, ao menos na versão mais cara Ultra, que custa R$ 226.890. Como nada disso aconteceu, a Toro continua sem ameaça direta e a Ford vai de concorrência interna com dois belos e imponentes produtos.

A primeira diferença entre as Maverick está na dianteira: a combustão tem ganchos de reboque na parte inferior do para-choque e a híbrida tem a peça fechada. Outra distinção está na lateral, uma vez que a eletrificada tem rodas de 18 polegadas e a turbinada tem aro 17. A terceira é a suspensão, que é eixo de torção na traseira e não multilink como na Lariat FX4.

A opção híbrida troca o motor 2.0 turbo de 253 cv pelo 2.5 aspirado de 164 cv e um elétrico de 128 cv, que juntos produzem 194 cv e 21,4 kgfm, enviados apenas para as rodas dianteiras por meio de um câmbio CVT. Já a bateria tem 1,1 kWh. Além do motor turbo, a Lariat FX4 tem câmbio automático de oito marchas e a tração é integral.

Apesar de ter um pouco mais de apelo e capacidades off-road na opção turbinada, a Maverick é uma picape totalmente urbana, e não à toa também quer tirar clientes de SUVs como o Jeep Compass. Sua plataforma C2 é justamente de carro de passeio — a mesma do Bronco Sport — e não há qualquer diferença de tamanho entre as versões. Portanto, a picape híbrida continua com 5,07 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,73 m de altura e ótimos 3,07 m de entre-eixos, 8 cm a mais que a Fiat Toro, por exemplo.

A caçamba da Maverick tem praticamente o mesmo volume da Toro: são 938 litros contra 937 litros da rival. Já na capacidade de carga, a disputa muda, já que são apenas 659 kg para a picape norte-americana e pouco mais de uma tonelada para a Toro. Outro ponto negativo é que a capota marítima e a mola de sustentação da tampa da caçamba não são de série, o que não faz sentido pelo preço.

A cabine é bem ampla, inclusive na parte de trás. Eu tenho 1,87 m e não tive nenhum problema para minhas pernas. O formato do teto também privilegia pessoas altas no espaço para a cabeça. No banco do motorista, o painel é igual ao da versão turbo e tem plástico com diferentes texturas.

Entre os principais itens de série estão central multimídia com tela de 8″ compatível com Android Auto e Apple CarPlay via cabo, sete airbags, câmera de ré, banco do motorista com ajustes elétricos, bancos de couro com dois tons, faróis de LED, controles de estabilidade e tração, controle automático em descida, assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestre e piloto automático.

Quando o carro é ligado, só o motor elétrico entra em ação e o silêncio permanece na cabine. Na primeira manobra que fiz, vem um pensamento: “cadê os sensores de ré?”. Eles são oferecidos apenas como opcionais, assim como a capota marítima e a mola de sustentação. A câmera já auxilia, porém, um alerta sonoro para uma picape com pouca visibilidade traseira ajudaria muito.

A posição de dirigir é confortável e mistura a sensação de estar dentro de um SUV pela altura do solo e, ao mesmo tempo, de uma picape pela posição elevada do capô.

As arrancadas elétricas e silenciosas, até pouco mais de 20 km/h, são vigorosas e o fôlego é ótimo para a cidade. Dá para encarar um irritante trânsito sem gastar uma gota de combustível naquele anda e para da cidade. E o mais legal: você roda, roda e o marcador de combustível pouco se mexe. Apesar de um desempenho satisfatório, que não flerta com a decepção, a versão híbrida está longe de ter o fôlego e a emoção da Maverick turbo de 253 cv ao volante. Os números não mentem.

Nos nossos testes de pista, a aceleração de 0 a 100 km/h da híbrida foi feita em 8,4s e da turbinada 7,1s, e em todos os números de aceleração e retomada o motor 2.0 levou a melhor.

Outra diferença perceptível é que a suspensão da Lariat FX4 e a tração integral passam mais conforto a bordo que a versão híbrida. De qualquer maneira, há um belo trabalho de engenharia da Ford para ter conforto ao dirigir a híbrida em ruas com asfalto irregular. A rolagem da carroceria é praticamente imperceptível para uma picape. Porém, com um ângulo de ataque de 21,6º e ângulo de saída de 21,2º, que são ruins, você vai precisar ter muito cuidado para não raspar o carro em várias situações do dia a dia.

Já citamos seis diferenças entre as versões: ganchos na dianteira, rodas, tração, suspensão, câmbio e motor. Agora é hora de falar do mais importante, o consumo. A marca da Maverick híbrida foi simplesmente inacreditável: 35,4 km/l na cidade e 17,3 km/l na estrada. Enquanto você pensa na desculpa que vai dizer para o seu amigo frentista por aparecer menos no posto, veja a tabela ao lado e descubra quem venceu: a emoção do motor 2.0 ou a razão do consumo híbrido.

Os problemas das duas Maverick são os mesmos: a falta de itens de série para carros desse preço. Por ser uma picape de apelo urbano, com o consumo extraordinário da opção híbrida é possível ter mais de 2 mil km de autonomia na cidade com 57 litros de capacidade do tanque. Com o preço da gasolina como está, a razão vence a emoção neste duelo caseiro

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Fonte: direitonews

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